Contrato com Mapzer chega ao fim sem respostas claras sobre resultados e pagamentos em Goiânia
Falta de transparência e dados incompletos sobre o serviço de monitoramento urbano deixam a população em dúvida sobre a efetividade da “cidade inteligente” prometida pela Prefeitura.

O fim iminente do contrato entre a Prefeitura de Goiânia e a empresa Mapzer Inteligência Artificial, que vence nesta sexta-feira (28), deixou a cidade em um cenário de incertezas sobre o futuro dos serviços de zeladoria urbana e a eficiência do projeto de “cidade inteligente” anunciado pela gestão de Rogério Cruz (SD). Firmado em fevereiro de 2023, o contrato de R$ 2,4 milhões foi projetado para mapear problemas nas vias públicas, como buracos, sinalização defeituosa, descarte irregular de lixo e mato alto, com a ajuda de veículos equipados com tecnologia de inteligência artificial.
Apesar de ser anunciado como um avanço tecnológico para melhorar a infraestrutura urbana de Goiânia, o projeto não conseguiu cumprir as expectativas de transparência e resultados concretos. O contrato, assinado sem licitação e com uma renovação de 12 meses em fevereiro de 2024, nunca teve seus resultados completos disponibilizados à população, deixando a gestão de Rogério Cruz, e agora a de Sandro Mabel (UB), sob intensa pressão por falta de informações claras.
Pagamentos e Relatórios Inexistem no Portal de Transparência
O portal de transparência da Prefeitura de Goiânia revela que o último pagamento à Mapzer ocorreu em fevereiro de 2023, no valor de R$ 402 mil, quando o contrato foi renovado. No entanto, desde então, não há novos registros financeiros ou informações detalhadas sobre os serviços prestados pela empresa. Mesmo com a promessa de uma “cidade inteligente”, o município não forneceu relatórios completos sobre o impacto real do serviço nem detalhes sobre os pontos mapeados pelos veículos inteligentes.
Em novembro de 2023, a prefeitura divulgou apenas dados parciais, informando que a Mapzer mapeou 2.151 buracos nas vias de Goiânia entre 1º de outubro e 14 de novembro. Entretanto, os dados apresentados pela Seinfra indicaram que a quantidade de buracos cobertos pelas equipes municipais foi 5,5 vezes maior do que o número encontrado pela Mapzer. O que levanta a questão sobre a eficácia da tecnologia utilizada e os reais resultados do serviço.
Falta de Acesso a Informações e Relatórios
Embora o contrato com a Mapzer tenha sido uma grande aposta da gestão de Rogério Cruz para modernizar a cidade, a falta de dados acessíveis ao público gerou desconfiança. O uso de veículos equipados para identificar falhas nas vias e outros problemas urbanos deveria resultar em relatórios com imagens e geolocalização dos pontos mapeados, mas essas informações nunca foram tornadas públicas. Ao longo do ano, dados parciais sobre o mapeamento de buracos chegaram à imprensa, mas sem explicações completas sobre a efetividade do serviço ou qualquer demonstração de impacto positivo nas condições da cidade.
Quando questionada sobre os resultados, a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra) afirmou, por meio de uma nota enviada nesta segunda-feira (24), que todos os contratos estão sendo reavaliados desde que Sandro Mabel assumiu a prefeitura, mas ainda sem uma resposta definitiva sobre a renovação ou a continuidade do serviço. A Mapzer, por sua vez, redirecionou os questionamentos para a gestão municipal, mantendo-se à margem das discussões sobre os resultados de seu trabalho.
O Futuro da Zeladoria em Goiânia
A crise financeira e administrativa enfrentada pela Prefeitura de Goiânia em 2024 agravou ainda mais a situação da zeladoria urbana, que deveria ser agilizada pela tecnologia de ponta trazida pela Mapzer. No entanto, as dificuldades em prover uma gestão eficiente dos serviços de manutenção das vias, praças e canteiros, aliada à falta de informações claras e transparentes sobre os contratos, fez com que o projeto de cidade inteligente perdesse credibilidade.
Com o contrato da Mapzer prestes a expirar, a população de Goiânia continua sem saber se o serviço será renovado, se novos contratos serão assinados ou se a cidade continuará a lidar com os mesmos problemas que deveriam ser solucionados pela tecnologia. O cenário exige mais do que inovação tecnológica – é necessária uma prestação de contas clara, que mostre se os recursos públicos estão sendo aplicados de forma eficaz.
A gestão de Sandro Mabel terá agora a responsabilidade de decidir o caminho a seguir. Será que a cidade conseguirá avançar de forma eficiente no uso de tecnologias para resolver problemas urbanos? Ou o projeto de cidade inteligente ficará apenas no papel, sem a devida transparência e resultados concretos para a população?
Enquanto isso, a população goianiense segue aguardando respostas sobre o destino da “cidade inteligente” e a efetividade de um contrato que, até agora, não entregou as promessas feitas.
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