Vigilante é executado a tiros em Jataí por ciúme do ex-companheiro da esposa: crime foi premeditado, diz polícia
Imagens mostram quando Dorgival Avelino é cercado por dupla em moto. Assassinato teria sido motivado por desavença com ex da atual esposa da vítima. Arma, roupas e moto usadas no crime foram encontradas com parente dos suspeitos.
Um crime brutal, covarde e premeditado chocou a cidade de Jataí, no sudoeste goiano, nesta segunda-feira (16). O vigilante Dorgival Avelino Alves Júnior, de 29 anos, foi assassinado a sangue frio enquanto pilotava sua moto. Ele havia acabado de deixar as duas enteadas na escola e retornava para casa, quando foi interceptado e executado com disparos de arma de fogo por dois homens em outra motocicleta.
Imagens obtidas por câmeras de segurança e divulgadas pela Polícia Civil mostram o momento exato em que Dorgival é fechado por outra moto, onde estão os dois suspeitos. Segundo o delegado Marlon Luz, responsável pelas investigações, o assassinato tem motivação passional: o autor intelectual do crime é o ex-companheiro da atual esposa de Dorgival, que não aceitava o fim do relacionamento e a nova convivência da ex com o vigilante.
“Esse autor principal não aceitava o fim do relacionamento com a atual esposa da vítima. Eles têm um filho de oito meses, e ele se incomodava com o fato de o bebê estar vivendo com outro homem”, relatou o delegado.
Crime anunciado: desavenças e ameaças entre autor e vítima
As investigações indicam que a vítima e o autor já haviam trocado ameaças e tido discussões acaloradas nos últimos meses. O ciúme e o inconformismo com o novo relacionamento da ex-companheira teriam levado o suspeito a arquitetar o homicídio com frieza.
O executor dos disparos seria um primo do autor intelectual, que estava na garupa da moto. Ambos fugiram do local logo após o crime. Até o fechamento desta reportagem, os dois seguem foragidos, mas já foram identificados formalmente pela Polícia Civil.
Arma, moto e roupas do crime foram escondidas por parente
No curso da investigação, os policiais prenderam o irmão do principal suspeito, que não participou diretamente do assassinato, mas foi responsável por ocultar provas do crime. Na casa dele, os agentes apreenderam a arma de fogo usada nos disparos, a moto utilizada para abordar Dorgival e as roupas vestidas pelos criminosos durante a ação.
“Esse terceiro envolvido vai responder por ocultação e favorecimento pessoal. O papel dele foi crucial para tentar dificultar o trabalho policial após o crime”, afirmou o delegado.
Perfil da vítima: trabalhador, padrasto e alvo de obsessão
Dorgival era conhecido em Jataí por sua discrição e ética profissional. Trabalhava como vigilante em uma fazenda e também em uma escola local, segundo apurado pela reportagem. O crime interrompeu a rotina de um homem simples, que havia assumido o papel de padrasto e criado uma nova família nos últimos meses.
“É um caso típico de violência motivada por posse, obsessão e descontrole emocional. O autor não aceitava que a mulher reconstruísse sua vida afetiva”, pontuou um agente da Delegacia de Homicídios sob anonimato.
Investigação aponta homicídio qualificado por motivo torpe
Com base nos depoimentos, imagens de câmeras e elementos materiais reunidos até agora, a Polícia Civil trabalha com a tipificação do crime como homicídio qualificado por motivo torpe, mediante emboscada e com impossibilidade de defesa da vítima — o que, em caso de condenação, pode levar a penas superiores a 30 anos de prisão.
“Foi uma execução planejada. Não houve chance de defesa. O crime foi cometido no trânsito, após o vigilante deixar as enteadas. É revoltante”, acrescentou o delegado Marlon Luz.
A Polícia Civil pede o apoio da população para localizar os foragidos. Denúncias podem ser feitas anonimamente pelo telefone 197.
Repercussão local: comoção e medo
O assassinato provocou comoção em Jataí, que tem enfrentado aumento de crimes de natureza passional nos últimos anos. Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de Goiás afirmou que acompanha o caso com atenção e reforçou o compromisso da corporação com a elucidação do crime.
A família de Dorgival pede justiça e proteção para a viúva e as crianças, que estão em estado de choque e sob acompanhamento psicológico.
Análise: ciúme como gatilho da violência letal
Crimes passionais como o que vitimou Dorgival se inserem em um fenômeno crescente em várias partes do Brasil. Embora o feminicídio seja a face mais conhecida dessa violência, o homicídio de parceiros ou companheiros por ex-cônjuges da mulher também tem se tornado cada vez mais comum.
Segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 13% dos homicídios motivados por razões passionais no país têm como alvo o atual parceiro da ex-companheira do autor.
É a banalização da violência como resposta ao fim de relacionamentos — uma tragédia que se repete em ciclos, e que exige resposta firme do Estado e conscientização da sociedade.
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