Pânico na estrada: estudantes saltam de ônibus escolar em movimento após falha mecânica em Flores de Goiás
Vídeo registra momento em que aluna pula de ônibus desgovernado. Veículo apresentou falha na embreagem e motorista orientou que estudantes saltassem. Caso levanta questionamentos sobre terceirização e segurança no transporte escolar
Uma cena alarmante, digna de filme de ação, mas profundamente real e perigosa, foi registrada na noite da última segunda-feira (16) na zona rural de Flores de Goiás, no nordeste goiano. Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que uma estudante pula de um ônibus escolar em movimento, após o motorista relatar uma falha mecânica que o impedia de frear o veículo. Outros alunos também saltaram logo em seguida, alguns sofrendo ferimentos ao colidirem com o asfalto.
O veículo transportava estudantes da rede pública e é operado por uma empresa terceirizada contratada pela prefeitura. O vice-prefeito do município, Mauro Moura de Oliveira, confirmou o incidente e afirmou que um procedimento administrativo foi instaurado para apurar o caso e avaliar a conduta da empresa responsável.
“Falha mecânica pode acontecer, mas não dessa forma. É inadmissível. Havia vidas em risco”, declarou Oliveira à imprensa.
Motorista relatou falha na embreagem e orientou a fuga
Segundo o relato do próprio motorista, ele teria perdido o controle do ônibus devido a uma falha crítica na embreagem, e, temendo o pior, aconselhou os estudantes a pularem do veículo em movimento. Dentro do ônibus, havia também uma monitora escolar, que tentava acalmar os alunos no momento do pânico.
A Prefeitura informou que o caso aconteceu durante o trajeto de volta para casa, quando o ônibus descia uma estrada vicinal. O vídeo mostra claramente uma jovem se lançando do ônibus — que ainda seguia em velocidade considerável — e caindo no chão. De acordo com mães de estudantes, outros jovens também pularam na sequência, e alguns teriam sofrido arranhões, escoriações e ferimentos leves.
Apesar disso, nenhum atendimento médico foi oficialmente confirmado até o momento, e a Prefeitura alegou não ter recebido registros formais de feridos.
Empresarial terceirizada está na mira das autoridades
O nome da empresa responsável pelo transporte escolar não foi revelado pelas autoridades municipais, o que impediu a obtenção de um posicionamento oficial da prestadora de serviço até a última atualização desta reportagem. A equipe também entrou em contato com o Ministério Público de Goiás (MPGO) para saber se há algum inquérito ou apuração em curso, mas não houve resposta até o momento.
Fontes ligadas à Câmara Municipal informaram à reportagem que parlamentares locais devem protocolar pedido de convocação urgente do responsável pelo setor de transportes da Secretaria de Educação, além de exigir acesso ao contrato de prestação de serviços firmado com a empresa.
Clamor por segurança e manutenção preventiva
O episódio acendeu um sinal de alerta sobre a fiscalização e manutenção da frota escolar em Flores de Goiás, especialmente dos veículos terceirizados. Moradores da região relataram que problemas com ônibus escolares não são incomuns, principalmente em áreas de difícil acesso.
Uma das mães que conversou com a reportagem, sob anonimato, fez um desabafo emocionado:
“Minha filha chegou em casa chorando, com os braços ralados, dizendo que pensou que ia morrer. Como é possível um motorista mandar crianças se jogarem de um ônibus em movimento? Isso é abandono da vida das nossas crianças.”
Responsabilidade compartilhada: onde falhou o sistema?
Embora o motorista não tenha fugido do local e tenha colaborado com a Prefeitura, sua decisão de sugerir que os estudantes pulassem do ônibus gera questionamentos éticos e legais. Especialistas ouvidos pela reportagem consideram que, diante de uma falha grave, o protocolo ideal seria acionar o sistema de emergência e tentar reduzir gradativamente a velocidade até parar com segurança, sem expor os alunos a riscos extremos.
Para o engenheiro mecânico Cláudio Rios, especialista em transporte público escolar, o ocorrido denota falhas tanto na manutenção veicular quanto na preparação dos motoristas para lidar com situações de crise.
“Se a embreagem falhou, outras alternativas de frenagem deveriam ser testadas. E a evacuação de um veículo em movimento não é um procedimento seguro em hipótese alguma”, pontuou.
Próximos passos: sindicância, pressão social e possível judicialização
Com a repercussão do caso, a pressão sobre a administração municipal cresce. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado de Goiás (Sintego) divulgou nota pedindo apuração rigorosa do ocorrido e reforço nos protocolos de segurança escolar.
A Promotoria de Justiça de Flores de Goiás deve ser provocada formalmente por associações de pais e conselhos escolares a instaurar investigação criminal por negligência e risco à integridade física de menores.
Conclusão: um salto para a sobrevivência — e para o debate urgente sobre transporte escolar no Brasil
O episódio vivido pelos estudantes em Flores de Goiás não é apenas um acidente isolado. Ele revela fragilidades estruturais na gestão do transporte escolar, sobretudo em municípios do interior que recorrem à terceirização para dar conta da logística educacional. Mais do que apurar responsabilidades pontuais, o caso convida a sociedade a repensar a qualidade, a fiscalização e a dignidade com que nossas crianças são levadas à escola todos os dias.
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