26 de março de 2025
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Jovem de 25 anos morre à espera de UTI em Goiânia: família denuncia negligência no atendimento

Mãe da vítima afirma que filha buscou atendimento diversas vezes, mas esperou horas por uma vaga na UTI sem sucesso. Secretarias de Saúde alegam que tentaram transferência, mas óbito ocorreu antes.
Grazielly Silva de Souza, de 25 anos, morreu na quarta-feira (5) (Reprodução/TV Anhanguera)

A crise na saúde pública de Goiânia fez mais uma vítima. Grazielly Silva de Souza, de 25 anos, morreu na quarta-feira (5) enquanto aguardava uma vaga em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Diagnosticada com um aneurisma em novembro de 2024, a jovem vinha sofrendo com fortes dores de cabeça e chegou a buscar atendimento em diversas unidades de saúde, sem conseguir o suporte necessário.

A mãe da vítima, Luzia Almeida, afirma que a filha passou por idas e vindas em hospitais e Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), onde apenas recebia medicação e era liberada. “Ela sentia muita dor, chegava a chorar. Disseram que fariam exames, mas isso nunca aconteceu. Se tivessem feito a tomografia antes, talvez minha filha estivesse viva”, lamenta Luzia.

Na última terça-feira (4), Grazielly desmaiou no banheiro de casa. Desesperada, a família a levou para a UPA Maria Pires Perillo, na região Noroeste de Goiânia. Lá, a jovem ficou internada e foi colocada na fila por uma vaga na UTI. Segundo a família, a solicitação demorou a ser feita e a paciente esperou por horas sem sucesso.

A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informou que o pedido de leito foi encaminhado às 9h de quarta-feira (5). No entanto, Grazielly sofreu uma parada cardiorrespiratória e morreu às 17h do mesmo dia, antes de ser transferida. A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) alegou que realizou buscas por uma vaga, mas não conseguiu a tempo. O caso será analisado pelo Serviço de Verificação de Óbitos (SVO).

Falta de leitos e mortes evitáveis

A falta de leitos de UTI tem sido um problema crônico na rede pública de saúde em Goiânia. Em março de 2021, a taxa de ocupação desses leitos chegou a 97,2%, beirando o colapso. Mesmo após o período mais crítico da pandemia, a situação continua alarmante, com casos frequentes de pacientes que morrem enquanto aguardam transferência.

Somente nos últimos meses, outras famílias denunciaram casos semelhantes. Pacientes com AVCs, infecções graves e problemas cardíacos enfrentam dificuldades para conseguir atendimento adequado. Muitas vezes, a espera por um leito dura dias, o que pode ser fatal.

A mãe de Grazielly cobra providências. “Minha filha não morreu porque não havia tratamento. Ela morreu porque não teve acesso a ele a tempo. Quantas pessoas mais vão precisar morrer até que algo mude?”, questiona.

A família pretende entrar com uma ação na Justiça para que o caso seja investigado.


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