12 de dezembro de 2024
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Estudante denuncia descaso após cesariana: compressa esquecida em abdômen provoca complicações graves

Mariana Silveira Neves, de 25 anos, enfrentou cinco meses de dor e sofrimento até descobrir objeto esquecido durante parto no Hospital Municipal de Nova Crixás, em Goiás. Jovem perdeu parte do intestino e uma trompa de falópio.
Mariana Silveira Neves, em Goiás — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Uma cesariana realizada no Hospital Municipal de Nova Crixás, no norte de Goiás, desencadeou uma série de complicações graves para a estudante Mariana Silveira Neves. Após cinco meses de dores intensas e inchaço abdominal, exames finalmente revelaram a presença de uma compressa cirúrgica esquecida em seu corpo durante o parto realizado em abril de 2024.

A jovem passou por uma cirurgia de emergência em 15 de setembro para remover o objeto estranho. No procedimento, perdeu parte do intestino e uma trompa de falópio, além de enfrentar uma longa recuperação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI).


A descoberta dolorosa

Mariana relatou que, desde o término do efeito da anestesia após o parto, sentiu dores intensas e dificuldade para caminhar. “Cheguei a pensar que havia algo errado com o útero. As dores eram tão fortes que reclamei às enfermeiras, mas fui informada que era normal”, contou.

Mesmo com queixas persistentes durante meses, exames iniciais não apontaram a causa dos sintomas. Apenas em setembro, novos exames revelaram a compressa cirúrgica, que estava aderida ao intestino. A estudante relatou o impacto emocional e físico do procedimento de remoção: “Fiquei arrasada ao saber da perda da trompa e do tamanho da cicatriz. Nunca imaginei passar por algo assim.”


O procedimento e as consequências

De acordo com Mariana, foi necessário realizar duas incisões para localizar e remover o corpo estranho. A primeira tentativa ocorreu na região do corte original da cesariana, sem sucesso. “Eles disseram que [a compressa] estava colada no intestino. Foi preciso abrir a minha barriga para encontrá-la”, detalhou.

Após a cirurgia, a estudante permaneceu três dias na UTI e segue em recuperação física e psicológica.


Posição das autoridades e investigação

A estudante registrou um boletim de ocorrência contra o médico responsável pelo parto. A delegada responsável pelo caso, Fernanda Simão de Almeida, informou que o profissional foi ouvido e afirmou que a cesariana transcorreu sem intercorrências.

“A investigação segue com a coleta de depoimentos e análise de laudos periciais. É um caso grave que exige respostas claras e responsabilidade,” destacou a delegada.

O laudo técnico da Superintendência de Polícia Técnico-Científica será fundamental para determinar as circunstâncias do incidente e a possível responsabilização do médico e do hospital.


Parto e a escolha pela cesariana

Mariana contou que, ao chegar ao hospital em trabalho de parto, esperava dar à luz de forma natural. No entanto, o médico optou por realizar a cesariana. “Ele disse que era para eu não sofrer mais com as dores. Acabei confiando”, lembrou a jovem.


Repercussão e silêncio do hospital

A Prefeitura de Nova Crixás, responsável pelo hospital, foi procurada para comentar o caso, mas não respondeu até o fechamento desta matéria.

Casos de negligência médica como esse têm levantado debates sobre falhas nos protocolos hospitalares e a necessidade de maior rigor na fiscalização e no treinamento das equipes de saúde.


Mariana luta por justiça

Agora, além de lidar com as consequências físicas e emocionais, Mariana busca justiça. “Espero que ninguém mais passe por isso. A dor, o descaso e o medo que vivi não desejo para ninguém,” concluiu.


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