SEMAD Intervém em Lixão de Padre Bernardo Após Colapso e Falha da Ouro Verde
Diante da contaminação alarmante de córrego por toneladas de lixo, a Secretaria de Meio Ambiente de Goiás assume controle total, expondo a fragilidade da gestão de resíduos e a urgência de medidas para proteger a bacia do Entorno do DF.

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad) tomou a frente das ações emergenciais no aterro sanitário Ouro Verde, em Padre Bernardo, após um significativo desabamento de resíduos sólidos no dia 18 de junho. A decisão, formalizada na última segunda-feira (30/6) pelo Comitê de Crise, reflete a insatisfação das autoridades com a resposta inicial da empresa Ouro Verde Construções e Incorporações Ltda., considerada insuficiente para conter a grave poluição ambiental causada pelo incidente.
O deslizamento de aproximadamente 40 mil metros cúbicos de lixo atingiu diretamente o leito do córrego Santa Bárbara, tributário da importante bacia hidrográfica da região do Entorno do Distrito Federal. A contaminação da água despertou imediata preocupação entre os ribeirinhos e autoridades ambientais, demandando uma resposta rápida e eficaz para evitar danos maiores ao ecossistema local e à saúde da população.
A cronologia dos fatos revela uma série de desencontros entre as expectativas das autoridades e as ações da empresa responsável pelo aterro. Inicialmente, a Ouro Verde comunicou a existência de um plano emergencial, que, segundo o Comitê de Crise, mostrou-se inexistente em uma análise posterior. Um plano de ação apresentado no dia 21 de junho foi prontamente rejeitado pela Semad, que concedeu um breve prazo adicional para a empresa reformular suas medidas.
Apesar da aprovação parcial de um novo plano no dia 24, com a exigência de início imediato das ações, a situação se agravou com o registro de um incêndio nos resíduos sólidos acumulados, resultado do próprio desmoronamento. Embora a empresa tenha conseguido conter as chamas, a desconfiança em relação à sua capacidade de gerenciar a crise persistiu.
A gota d’água para a intervenção da Semad ocorreu quando técnicos constataram que as obras de desvio do curso do córrego, iniciadas tardiamente pela Ouro Verde, apresentavam graves falhas de planejamento. A avaliação técnica apontou para o risco iminente de represamento da água e potencial rompimento da estrutura construída, o que poderia levar a um carreamento ainda maior de lixo ao longo do curso hídrico, com consequências ambientais de proporções imprevisíveis.
Diante desse cenário crítico, o Comitê de Crise deliberou pela necessidade de apoio imediato de instâncias superiores, culminando na decisão de que a própria Semad, com o possível suporte do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), assumisse a execução das medidas emergenciais. A secretaria já está em processo de elaboração de um termo de referência para a contratação emergencial de uma empresa especializada, que ficará responsável por obras cruciais como o desvio definitivo do curso d’água e a remoção dos resíduos que invadiram o leito do córrego Santa Bárbara.
Em nota, a Ouro Verde Construções e Incorporações Ltda. afirmou ter tomado ciência da decisão do comitê pela imprensa e negou qualquer inoperância, alegando manter equipes técnicas no local para realizar as medidas de contenção e mitigação dos impactos. Contudo, a decisão da Semad demonstra uma clara perda de confiança na capacidade da empresa de lidar adequadamente com a emergência ambiental.
A intervenção da Semad representa um passo crucial para tentar reverter os danos ambientais causados pelo desmoronamento no lixão de Padre Bernardo. A urgência das ações reflete a gravidade da situação e a necessidade de garantir a proteção dos recursos hídricos e da saúde da população da região. O caso serve de alerta para a importância da fiscalização rigorosa e da implementação de planos de emergência eficazes em empreendimentos como aterros sanitários, visando prevenir tragédias ambientais como esta.
Tags: Semad, Padre Bernardo, Lixão, Desmoronamento, Meio Ambiente, Poluição, Córrego Santa Bárbara, Ouro Verde, Intervenção Ambiental, Goiás