Raio mata sete bois Nelore em fazenda de Buriti Alegre e causa prejuízo de R$ 32 mil
Durante forte chuva na madrugada, animais foram encontrados mortos próximos a árvore no pasto; Cimehgo alerta para riscos em áreas abertas e orienta medidas preventivas.
Uma tempestade acompanhada por descargas elétricas na madrugada da última quinta-feira (24) resultou na morte de sete bois da raça Nelore em uma propriedade rural localizada no município de Buriti Alegre, no Sul de Goiás. O incidente, ocorrido durante a madrugada, foi identificado pelo proprietário dos animais apenas na manhã seguinte, quando ele percebeu a ausência do grupo durante a contagem de rotina no pasto.
Segundo relato do dono da fazenda, que preferiu não se identificar, os animais foram encontrados juntos, enfileirados, já sem vida. “A gente acredita que foi um raio. Eles estavam muito próximos uns dos outros. Nunca passei por uma situação assim”, disse, visivelmente abalado. O prejuízo estimado é de R$ 32 mil, considerando a valorização atual do gado Nelore de corte, conhecido por seu rendimento e robustez.
Choque elétrico e morte súbita
De acordo com André Amorim, gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), o cenário indica que uma descarga atmosférica atingiu diretamente a área onde os bois se abrigavam. “É comum que o gado procure proteção debaixo de árvores durante chuvas. O problema é que essas árvores funcionam como para-raios naturais e, quando atingidas, liberam uma onda elétrica que se propaga pelo solo, causando morte instantânea nos animais próximos”, explica.
O especialista detalha que, ao sofrer uma descarga desse tipo, o animal pode apresentar sinais como inchaço – devido à coagulação instantânea do sangue –, parada cardíaca e danos neurológicos severos. “A eletricidade afeta profundamente o sistema nervoso e os órgãos internos. Visualmente, o animal parece inflado, resultado de reações químicas rápidas e violentas no organismo”, acrescenta.
Risco crescente em Goiás
O Brasil é um dos países com maior incidência de raios no mundo, e Goiás está entre os estados mais atingidos, especialmente durante períodos de transição de estação. Segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ocorrem mais de 50 milhões de raios por ano no país, e as áreas rurais estão entre as mais vulneráveis.
Cuidados recomendados para evitar tragédias no campo
O Cimehgo orienta que, ao perceber sinais de tempestade iminente, os criadores conduzam os animais a estruturas cobertas, como currais ou galpões com para-raios instalados. A medida, embora preventiva, ainda é ignorada por boa parte dos pecuaristas, especialmente em propriedades menores ou de manejo extensivo.
“Se não houver galpão, o ideal é que os animais sejam afastados de árvores isoladas, cercas de arame ou áreas elevadas. O raio pode atingir a árvore, mas a energia percorre o solo e objetos metálicos próximos, atingindo animais a vários metros de distância”, reforça Amorim.
Além disso, estruturas de proteção como sistemas de aterramento e para-raios rurais podem ser instalados com custos relativamente acessíveis e são altamente recomendados para fazendas com grande número de cabeças ou em regiões de alta incidência de raios.
Prejuízos que vão além do financeiro
Embora o prejuízo econômico estimado seja significativo, o impacto vai além da perda financeira. O dono dos animais relata o choque emocional ao se deparar com a cena: “É uma dor que só quem vive do campo entende. Você cuida, alimenta, acompanha, e de repente perde tudo em segundos por um fenômeno natural”.
O caso serve como alerta para criadores de toda a região, especialmente com a intensificação das chuvas nos meses de abril e maio.
Denúncias ou orientações sobre segurança rural e fenômenos meteorológicos podem ser feitas ao Cimehgo pelo site oficial (www.cimehgo.go.gov.br) ou telefone (62) 3201-5022.
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