Prefeitura de Goiânia aprova plano de recuperação da Comurg com repasse de R$ 190 milhões
Reestruturação prevê pagamento de dívidas, corte de funcionários e promete equilíbrio financeiro até 2026

O Comitê de Controle de Gastos da Prefeitura de Goiânia aprovou, nesta quinta-feira (20), um plano de recuperação financeira para a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg). O projeto prevê um repasse de R$ 190 milhões à empresa, com o objetivo de cobrir passivos trabalhistas, precatórios e compensação de déficits operacionais.
A proposta será submetida ao Tribunal de Contas dos Municípios de Goiás (TCM-GO) e ao Ministério Público (MP-GO) para validação. O plano, que pretende dar sustentabilidade à empresa até 2026, divide opiniões e levanta questionamentos sobre o modelo de gestão e os impactos futuros para os cofres públicos.
Para onde vai o dinheiro?
De acordo com o documento apresentado pela direção da Comurg, os recursos serão distribuídos da seguinte forma:
R$ 100 milhões – Pagamento de acertos trabalhistas e demissão de 692 empregados aposentados.
R$ 45,3 milhões – Quitação de precatórios e requisições de pequeno valor (RPVs).
R$ 45,2 milhões – Cobertura de déficit operacional da companhia.
A expectativa é que, já em agosto de 2025, a empresa registre superávit em suas despesas correntes. Para 2026, a projeção é de uma Comurg financeiramente sustentável, sem depender de aportes extras do município.
O plano também define um calendário de repasses ao longo do ano. Em fevereiro, o aporte será de R$ 27 milhões, aumentando para R$ 30,5 milhões em março. A partir do segundo semestre, os repasses diminuem progressivamente, chegando a R$ 7 milhões em dezembro.
Mudança estrutural ou paliativo?
O plano de recuperação da Comurg não é o primeiro a prometer equilíbrio financeiro para a companhia. Nos últimos anos, a empresa enfrentou dificuldades de gestão, denúncias de corrupção e altos custos operacionais, gerando questionamentos sobre sua real viabilidade sem recursos da prefeitura.
O presidente da Comurg, coronel Cleber Aparecido Santos, defendeu a medida como uma oportunidade para romper com o histórico de crises da empresa. “A reestruturação da Comurg representa uma oportunidade decisiva para garantir viabilidade operacional e financeira, promovendo uma gestão mais eficiente”, diz o documento assinado por ele.
Por outro lado, especialistas em finanças públicas alertam que o modelo de reestruturação precisa ser acompanhado de transparência e fiscalização rigorosa, evitando que novos déficits exijam novos repasses no futuro.
Aprovado sem aval da Câmara Municipal
Um ponto que chama a atenção é que o plano foi aprovado pelo Comitê de Controle de Gastos da Prefeitura sem necessidade de passar pela Câmara Municipal de Goiânia. O comitê é formado por representantes das Secretarias da Fazenda e de Administração, Controladoria Geral e Procuradoria Geral do Município.
A decisão gera debates sobre a autonomia da prefeitura para repassar valores tão expressivos sem discussão no Legislativo, o que pode abrir precedentes para outras operações financeiras no futuro.
A apresentação oficial ao TCM-GO ocorrerá nesta sexta-feira (21), e a audiência com o MP-GO ainda será agendada. A validação dessas instituições será fundamental para a execução do plano sem riscos jurídicos.
Com um histórico de dificuldades financeiras, o sucesso da reestruturação da Comurg dependerá não apenas dos repasses, mas de uma gestão mais eficiente e transparente. O desafio agora é garantir que o dinheiro público seja bem empregado e que a empresa realmente consiga operar de forma sustentável nos próximos anos.
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