Indiciados Dois por Desvio de R$ 93 Mil de Programa Social em Goiânia
Ex-diretora e ex-estagiário são acusados de operar esquema de fraude com cartões destinados a mulheres em situação de vulnerabilidade.

A Polícia Civil de Goiás concluiu o inquérito que investigava o desvio de R$ 93,3 mil do programa Renda Família Mais Mulher, destinado a apoiar mulheres em situação de vulnerabilidade durante a pandemia de Covid-19. O esquema, segundo a investigação, envolvia a ex-diretora de Políticas Públicas da extinta Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres (SMPM), Regina Pereira Vargas Silva, de 41 anos, e o ex-estagiário Walisson Pinheiro Pereira, de 27. Ambos foram indiciados por estelionato, associação criminosa e peculato.
O programa, mantido pela Prefeitura de Goiânia entre 2021 e 2022, foi alvo do esquema criminoso por meio de desvios diretos de cartões que deveriam ser destinados às beneficiárias. O caso veio à tona em maio de 2023, quando Walisson foi preso em flagrante com 353 cartões furtados, que continham créditos totais de R$ 635 mil.
Esquema sofisticado de fraude
O delegado Caio César Couto Menezes, do Grupo de Repressão a Estelionato e Outras Fraudes (Gref), detalhou no inquérito que os desvios começaram antes do furto que resultou na prisão em flagrante de Walisson. A dupla teria simulado compras em uma empresa fantasma registrada no nome do ex-estagiário, transferindo os valores dos cartões para contas pessoais.
“A empresa era fictícia e criada unicamente para realizar transações fraudulentas. Não havia sequer um prédio no endereço cadastrado”, afirmou o delegado. A investigação também constatou que Regina facilitou o acesso de Walisson ao material furtado, inclusive fornecendo chaves de armários que continham os cartões.
Denúncia e ocultação de provas
O caso ganhou contornos mais graves com a tentativa de Regina de dificultar a apuração do furto. Após o desaparecimento dos cartões, a ex-diretora teria solicitado imagens das câmeras de segurança do prédio, mas não as compartilhou com a equipe da secretaria. Além disso, registros bancários revelaram transações entre as contas de Regina e Walisson, que a ex-diretora alegou serem referentes à compra de um celular. A justificativa, porém, foi desmentida pelos valores encontrados.
Desvios podem ser maiores
O inquérito também apontou que os R$ 93,3 mil comprovados como desviados podem ser apenas uma parte do total. “É provável que grande parte das transações fraudulentas tenha sido realizada em estabelecimentos reais, dificultando o rastreamento”, declarou o delegado Caio Menezes. Além disso, há indícios de que outras pessoas possam ter se beneficiado do esquema.
Defesas e desdobramentos
Regina nega envolvimento no esquema, alegando que foi vítima de perseguição política e que outras pessoas também tinham acesso às chaves dos armários. Walisson, por sua vez, permaneceu em silêncio durante seu depoimento, mas registros financeiros e a confissão inicial aos guardas civis corroboram sua participação.
O relatório final foi entregue à Justiça em dezembro de 2023. Agora, caberá ao Ministério Público apresentar a denúncia e encaminhar o caso para julgamento. Ambos os indiciados podem responder pelos crimes de estelionato, peculato e associação criminosa, cujas penas podem ultrapassar 10 anos de prisão.