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21 de junho de 2025
JustiçaNotíciasSaúdeÚltimas

Jovem de 23 anos morre com suspeita de dengue após peregrinação por unidades de saúde em Aparecida de Goiânia

Caso de Amanda Lima Valência escancara falhas no atendimento básico e levanta debate sobre a negligência sistêmica diante do avanço da dengue em Goiás, que já investiga seis mortes em 2025.
Amanda Lima Valência tinha 23 anos (Reprodução / TV Anhanguera)

A morte precoce de Amanda Lima Valência, de apenas 23 anos, com suspeita de dengue hemorrágica, provocou comoção e revolta em Aparecida de Goiânia. Jovem, ativa e sem doenças preexistentes, Amanda buscou atendimento em três unidades públicas de saúde — sem, segundo familiares, receber o cuidado adequado nas primeiras tentativas. O caso, agora sob investigação da Secretaria Municipal de Saúde e do Comitê Estadual de Arboviroses, revela não apenas a fragilidade do sistema, mas também o custo humano de um atendimento negligente em tempos de alta incidência da doença.

Amanda deu entrada pela primeira vez na UBS do setor Colina Azul, no início de junho, com dores intensas de cabeça, febre e mal-estar. Segundo relato da prima Isabela Cristina Lima, os sintomas foram tratados com descaso. “Disseram que era uma virose comum e mandaram ela para casa. Não fizeram exame, não aplicaram soro, não passaram nem uma dipirona. Ela não conseguia dormir de dor”, contou Isabela.

Dias depois, sem apresentar melhora, Amanda procurou a UPA Brasicon, onde exames laboratoriais indicaram queda acentuada nas plaquetas, sinal típico de dengue. Dali, foi encaminhada em estado grave para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Aparecida de Goiânia (HMAP), onde permaneceu internada por seis dias, vindo a óbito na segunda-feira (16).


Sistema em colapso e resposta burocrática

A Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia divulgou nota informando que está apurando “com critério” todos os atendimentos prestados à jovem. O HMAP, por sua vez, limitou-se a afirmar que fornece informações médicas apenas aos familiares, amparando-se no sigilo profissional.

A Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) confirmou que o caso de Amanda está entre as seis mortes suspeitas de dengue em 2025, ainda sob análise. O estado já registra 1.628 casos confirmados da doença e mais de 4.400 notificações desde janeiro, conforme boletim epidemiológico mais recente.

Segundo o protocolo do Ministério da Saúde, as unidades de saúde são obrigadas a notificar casos suspeitos de óbito por dengue, chikungunya e zika em até 24 horas. A partir daí, é conduzida uma investigação minuciosa, que inclui entrevista com familiares, análise de prontuários e visitas domiciliares. O prazo legal para conclusão dos casos no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) é de 60 dias.


Retrato de uma negligência anunciada

A morte de Amanda não é um episódio isolado — é o reflexo de um sistema em colapso. Profissionais da saúde ouvidos sob anonimato relatam superlotação, escassez de insumos, carência de exames laboratoriais rápidos e pressão extrema sobre médicos e enfermeiros nas UBSs e UPAs da cidade.

“A gente tenta fazer o melhor, mas não há estrutura. Falta material básico e, muitas vezes, a gente precisa escolher quem vai receber atendimento prioritário. É desumano para todos os lados”, revelou um técnico de enfermagem da rede municipal.

Especialistas apontam que o atendimento precoce e a hidratação intravenosa nos primeiros dias são decisivos para o prognóstico positivo da dengue. Erros no diagnóstico inicial, como o que Amanda sofreu, podem acelerar complicações como sangramentos, choque hipovolêmico e óbito.


Indignação e dor

A dor da família, amplificada pela revolta, motivou um ato simbólico de protesto na porta da UBS do Colina Azul, onde Amanda foi inicialmente atendida. Com cartazes, amigos e parentes exigiram justiça e cobraram mais investimento na saúde pública.

“Ela era uma jovem inteligente, alegre, cheia de planos. Morreu porque não teve acesso ao básico: um olhar atento, um exame simples, uma dose de soro. O que aconteceu com Amanda pode acontecer com qualquer um”, lamentou o pai, Jailson Tavares Valência, visivelmente emocionado.

O corpo de Amanda foi sepultado sob forte comoção no Cemitério Jardim da Esperança, na manhã de terça-feira (17).


Dengue em Goiás: avanço silencioso

Apesar das campanhas de conscientização e do trabalho de controle de endemias, o mosquito Aedes aegypti segue se proliferando, especialmente em áreas urbanas com saneamento precário e alta densidade populacional. A chegada precoce do período chuvoso e o acúmulo de água parada criam um ambiente fértil para a transmissão do vírus.

Segundo o infectologista Dr. Tiago Lemos, do Hospital das Clínicas da UFG, a subnotificação e o relaxamento da população quanto à prevenção agravam o cenário. “O combate à dengue exige uma ação tripla: poder público, profissionais de saúde e comunidade. Quando um elo falha, o vírus vence.”


Justiça e transparência

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) acompanha o caso e pode instaurar um procedimento investigatório civil, caso fique comprovada a falha no atendimento primário prestado à jovem. O órgão poderá solicitar responsabilizações administrativas e até judiciais.

Enquanto isso, a memória de Amanda se junta às estatísticas crescentes e à dor de uma família que clama por respostas — e por mudança.

Íntegra da nota da SMS Aparecida

A Secretaria Municipal de Saúde de Aparecida de Goiânia (SMS) informa que está apurando, de forma criteriosa, todos os atendimentos prestados à paciente nas unidades de saúde pelas quais ela passou.

A SMS também se coloca à disposição da família para prestar quaisquer esclarecimentos necessários.

Íntegra da nota da SES-GO

A Secretaria de Estado da Saúde informa que todos os óbitos por arboviroses são considerados “em investigação” até passarem por análise do Comitê Estadual de Investigação de Óbitos Suspeitos por Arboviroses, que confirma ou descarta os óbitos por dengue e outras arboviroses. O óbito referido ainda não foi repassado para a SES para avaliação do comitê estadual. Para entender como é feita a investigação dos óbitos suspeitos de arboviroses, acesse: https://goias.gov.br/saude/como-e-feita-a-investigacao-dos-obitos-por-dengue-em-goias-entenda

Lembrando que não é correto o uso da expressão “dengue hemorrágica” pois nem todos os casos de dengue grave ocorrem com hemorragia. A mudança na utilização do termo foi feita inclusive no âmbito da OMS (Organização Mundial da Saúde), para passar a dimensão real do problema. O termo dengue hemorrágica, na verdade, deixou de ser usado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2009.

De acordo com as diretrizes publicadas pela OMS, as autoridades sanitárias atualmente distinguem as infecções basicamente entre dengue e dengue grave. Enquanto os casos de dengue não grave são subdivididos entre pacientes com ou sem sinais de alarme, a dengue grave é definida quando há vazamento de plasma ou de acúmulo de líquidos, levando a choque ou dificuldade respiratória. Pode haver ainda sangramento grave e comprometimento de órgãos nobres, como fígado, cérebro e o coração.

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