15 de maio de 2025
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Goiás desafia cenário nacional e registra forte alta de 5,9% no PIB de fevereiro

Agropecuária impulsiona crescimento, indústria mantém ritmo positivo e serviços recuam; desempenho reforça protagonismo econômico do estado no Centro-Oeste.
Segundo o IBGE, o desempenho positivo na agropecuária foi impulsionado pelo aumento da produção de grãos no estado, especialmente soja e milho (Foto: IMB)

Enquanto o Brasil enfrenta sinais mistos de recuperação econômica em 2025, o estado de Goiás contrariou a tendência nacional e registrou um crescimento expressivo de 5,9% no seu Produto Interno Bruto (PIB) em fevereiro, na comparação com o mesmo mês do ano anterior. O desempenho é detalhado no boletim mensal do Instituto Mauro Borges de Pesquisa e Estatística (IMB), órgão vinculado à Secretaria-Geral da Governadoria.

O avanço foi fortemente impulsionado pela agropecuária, que saltou 15% no período, e pela indústria, que cresceu 3,4%. Por outro lado, o setor de serviços, historicamente o maior empregador da economia goiana, registrou uma retração preocupante de 4,5%.

Os dados colocam Goiás como um dos destaques nacionais no início de 2025, reforçando seu papel estratégico no agronegócio e na produção industrial. De acordo com levantamento complementar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado agrícola foi alavancado, sobretudo, pelo crescimento da produção de soja e milho, culturas que mantêm Goiás como um dos maiores celeiros do país.

Entre os segmentos industriais, três atividades puxaram o crescimento:

  • Serviços industriais de utilidade pública (energia, água e gás), com alta de 7,6%;
  • Construção civil, em recuperação, com 5,6%;
  • Indústria de transformação, que avançou 2,2%, com destaque para alimentos e produtos químicos.

Setor de Serviços preocupa

Apesar do avanço na agropecuária e indústria, a contração de 4,5% no setor de serviços acende um alerta no governo e no mercado. Segundo o IMB, o recuo foi puxado principalmente pelos serviços administrativos e pelos serviços profissionais, técnicos e científicos.

Ainda assim, algumas atividades dentro do setor mostraram força:

  • Transportes, serviços auxiliares aos transportes e correios cresceram 12,9%, favorecidos pelo aumento da safra e pelo dinamismo do comércio intermunicipal;
  • Serviços de informação e comunicação subiram 2,9%, impulsionados pela digitalização crescente no estado;
  • Serviços prestados às famílias, como hotelaria, alimentação e lazer, cresceram 2,0%, refletindo uma retomada do consumo presencial.

Crescimento acumulado e projeções

No acumulado do ano (janeiro e fevereiro), o PIB goiano avança 4,9%, com forte contribuição da agropecuária (15,3%) e da indústria (2,3%). Nos últimos 12 meses, a expansão é de 3,3%, confirmando a trajetória de crescimento contínuo desde o segundo semestre de 2023.

Na comparação mês a mês, ajustada sazonalmente, o PIB de fevereiro subiu 1,1% em relação a janeiro — sinal de estabilidade e resiliência diante da volatilidade macroeconômica nacional, que ainda sofre os efeitos de juros altos e incertezas no ambiente de negócios.

De acordo com o secretário-geral de Governo, Adriano da Rocha Lima, o resultado comprova a eficácia das políticas estaduais de fomento à produção e à competitividade.
“O crescimento que observamos no PIB goiano é reflexo da força dos nossos setores produtivos e do compromisso do Governo de Goiás em fortalecer a nossa economia. Esse resultado gera mais oportunidades, emprego e qualidade de vida para toda a população”, afirmou.

Cenário nacional e contexto regional

Em contraste, o crescimento médio do PIB nacional projetado pelo Banco Central para o primeiro trimestre de 2025 é inferior a 2%, o que coloca Goiás em posição privilegiada no cenário econômico do Centro-Oeste, junto com Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estados que também colhem os frutos da expansão agrícola e da indústria de base.

Especialistas do mercado financeiro ouvidos pelo portal Valor Econômico ressaltam que Goiás tem conseguido diversificar sua matriz econômica, reduzindo gradativamente sua dependência exclusiva do agronegócio, ainda que este siga sendo o principal motor do crescimento estadual.

Segundo análise da economista sênior Mariana Segadas, da consultoria Tendências,
“Goiás combina hoje uma agricultura altamente produtiva, uma indústria com cadeias integradas e um setor de serviços que, embora retraído neste momento, tem potencial de recuperação rápida, sobretudo em serviços empresariais e tecnológicos.”

Perspectivas para 2025

Com base nos dados do IMB, do IBGE e projeções do Banco Central, Goiás deve fechar o primeiro semestre de 2025 com expansão acima da média nacional, com PIB podendo acumular crescimento anual próximo de 4% a 5%, dependendo do comportamento climático e dos mercados internacionais.

Entretanto, para consolidar seu protagonismo econômico, o estado precisará:

  • Investir em infraestrutura de transporte e energia;
  • Diversificar ainda mais sua base produtiva, reduzindo a dependência de commodities;
  • Requalificar a mão de obra para os setores industriais emergentes e de tecnologia;
  • Fomentar o setor de serviços inovadores e digitais, que podem crescer junto com a industrialização.

Como destacou o economista Marcos Borges, professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), em análise recente:
“Goiás tem o mérito de crescer de maneira consistente, mas ainda precisa construir os alicerces de um crescimento sustentável e menos vulnerável às intempéries externas. O investimento em capital humano e inovação será decisivo na próxima década.”

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