7 de novembro de 2025
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Tarifa de 50% dos EUA ameaça retirar quase R$ 800 milhões do PIB de Goiás e expõe vulnerabilidade industrial do estado

Confederação Nacional da Indústria projeta perda de R$ 789 milhões no PIB goiano com nova taxação imposta por Washington; carnes e ferroníquel estão entre os produtos mais atingidos pela medida
Trabalhador em montadora de carro, em Anápolis | Foto: Reprodução

Goiás pode sofrer um impacto econômico severo com a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, com início previsto para 1º de agosto, foi formalizada pela administração norte-americana sob justificativa de retaliação comercial e pode custar ao estado R$ 789 milhões em seu Produto Interno Bruto (PIB), segundo estimativas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgadas nesta quarta-feira (29).

Com retração estimada em 0,23% do PIB estadual, Goiás desponta como uma das unidades federativas proporcionalmente mais atingidas, figurando entre as dez mais impactadas do país — ao lado de potências exportadoras como São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.

A medida, embora voltada à totalidade do território nacional, atinge Goiás com força particular devido à estrutura de suas exportações: concentrada em poucos setores e fortemente dependente da demanda norte-americana.


Indústria de transformação no epicentro da crise

De acordo com o levantamento da CNI, 94,5% das exportações goianas para os Estados Unidos provêm da indústria de transformação — setor que poderá ser diretamente atingido pelas novas tarifas. Em 2024, Goiás exportou US$ 408,5 milhões ao mercado norte-americano, o que corresponde a 3,3% do total das vendas externas do estado. A princípio modesta, essa participação ganha peso ao se observar a elevada concentração setorial e a dificuldade de substituição de mercados.

Entre os produtos mais afetados, destaca-se a carne bovina congelada, cuja exportação anual para os EUA gira em torno de US$ 150,4 milhões. A imposição da tarifa compromete diretamente a competitividade da cadeia pecuária goiana, especialmente em um momento de recuperação dos preços internacionais da carne e de reorganização da logística global de alimentos.

Outro setor sensível é o da metalurgia, sobretudo o ferroníquel — liga metálica usada na produção de aço inoxidável — cujas exportações para os EUA somam cerca de US$ 87,3 milhões anuais. Com a nova tarifação, o ferroníquel goiano corre o risco de ser substituído por fornecedores de mercados asiáticos e africanos, com custo logístico mais favorável.


Superávit histórico dos EUA e desequilíbrio estrutural

O estudo da CNI destaca que, apesar da retórica protecionista de Washington, os Estados Unidos acumulam superávit comercial com o Brasil há mais de 15 anos. Somente no comércio de bens, o superávit norte-americano soma US$ 91,6 bilhões na última década. Ao incluir serviços, o valor salta para US$ 256,9 bilhões.

A tarifa, portanto, é vista por especialistas como uma medida desproporcional e tecnicamente controversa, que pode não apenas comprometer cadeias produtivas no Brasil, mas também gerar ineficiências no próprio mercado consumidor dos EUA.

Segundo o economista-chefe da CNI, Renato da Fonseca, “a medida afeta especialmente estados que concentram sua pauta exportadora em bens industriais com valor agregado. Goiás, nesse sentido, é altamente exposto, já que sua industrialização recente o torna dependente de poucos canais comerciais estratégicos”.


Impactos no emprego e na renda

Além da retração direta no PIB goiano, a nova política tarifária norte-americana traz implicações sociais consideráveis. A CNI estima que, para cada R$ 1 bilhão exportado aos EUA, são gerados no Brasil 24,3 mil empregos, R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em valor de produção.

A eventual perda de competitividade de produtos goianos no mercado norte-americano poderá resultar não apenas na redução de exportações, mas também em demissões e recuo nos investimentos industriais, sobretudo em regiões onde a agroindústria e a mineração são os pilares econômicos.


Importações também revelam dependência

A relação comercial entre Goiás e os Estados Unidos não se limita às exportações. Em 2024, o estado importou US$ 648,4 milhões em bens norte-americanos. Os principais segmentos foram: máquinas e equipamentos (38,3%), farmoquímicos e farmacêuticos (24,4%) e produtos químicos (12,5%). A interdependência em bens intermediários e insumos industriais reforça o desafio da indústria goiana diante de uma possível escalada protecionista bilateral.


Caminhos possíveis e necessidade de articulação diplomática

A CNI defende uma ação coordenada entre o Itamaraty, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e o setor privado para reverter a decisão americana ou ao menos mitigar seus efeitos. Além disso, sugere a ampliação de acordos bilaterais com mercados alternativos — como União Europeia e países asiáticos — e a reativação de canais multilaterais na OMC.

Em nota oficial, a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) afirmou que “a tarifa representa um retrocesso nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e impõe um fardo desproporcional à indústria goiana, que precisa de estabilidade para consolidar sua inserção internacional.”


A tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros lança luz sobre a fragilidade estrutural do comércio exterior goiano. Apesar da sua crescente industrialização, Goiás ainda depende de uma pauta exportadora concentrada e vulnerável a choques externos. A medida não apenas ameaça cifras de exportação, mas também compromete empregos, investimentos e o próprio ritmo de crescimento regional — exigindo resposta articulada entre diplomacia e política industrial.

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Marcus

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