Professor reincidente é preso por perseguição e ameaças a alunas em Valparaíso de Goiás
Jesse Soares dos Santos, que já havia sido detido em 2024 por importunar uma estudante de 16 anos, voltou a ser preso após enviar mensagens ofensivas e ameaçadoras por PIX, e-mails e até cartas.

Um caso grave de perseguição reiterada, obsessão e ameaça psicológica contra adolescentes e uma servidora pública voltou a mobilizar a Polícia Civil de Goiás (PCGO). Jesse Soares dos Santos, professor da rede particular, foi preso nesta terça-feira (17) em Valparaíso de Goiás, no Entorno do Distrito Federal, por reincidir no mesmo crime pelo qual já havia sido detido em 2024.
Desta vez, ele foi autuado em flagrante por perseguição qualificada, crime previsto no artigo 147-A do Código Penal Brasileiro, com agravantes por se tratar de vítimas mulheres e adolescentes, o que pode aumentar sua pena. Jesse usava mensagens enviadas via PIX, e-mails e até cartas físicas para perseguir, insultar e ameaçar suas vítimas. Uma das mensagens dizia: “Espero que sofram na vida”, evidenciando o caráter vingativo e perturbador de seu comportamento.
Reincidência e padrão de comportamento agressivo
A prisão anterior de Jesse ocorreu em setembro de 2024, após a denúncia de uma aluna de 16 anos, que relatou ter recebido mensagens abusivas, ameaças e até alegações suicidas por parte do professor. Apesar da prisão, Jesse foi solto meses depois e, segundo a delegada Lídia Castro, que conduz o caso atual, retomou os ataques à mesma aluna e passou a perseguir também uma escrivã da própria Polícia Civil, responsável pelo processo anterior.
“As vítimas relataram profundo abalo emocional. As mensagens continham ameaças diretas e difamações. Não se trata apenas de um comportamento impróprio — é um padrão recorrente de violência psicológica contra mulheres”, declarou a delegada.
Abordagem por múltiplos meios: do digital ao físico
Segundo a investigação, Jesse se aproveitava de recursos digitais pouco convencionais para importunar suas vítimas, como mensagens atreladas a transferências via PIX — um método que permitia enviar recados ofensivos mesmo sem contato direto pelas redes sociais. Além disso, ele utilizava endereços de e-mail diferentes e, mais recentemente, passou a enviar cartas físicas, o que indica uma escalada no nível de obsessão.
As vítimas também relataram que Jesse monitorava seus perfis digitais e mantinha registros de suas rotinas, comportamento que caracteriza a prática de stalking sistemático, com potencial de evoluir para agressões físicas caso não houvesse intervenção policial.
Silêncio da defesa e acompanhamento da DPE-GO
A reportagem tentou contato com o advogado que representou Jesse Soares no processo anterior, mas ele informou que não acompanha mais o caso. A defesa atual estaria sob responsabilidade da Defensoria Pública do Estado de Goiás (DPE-GO), que foi procurada por meio de aplicativo de mensagens às 10h desta quarta-feira (18), mas não retornou até o fechamento desta matéria.
Risco à integridade das vítimas e protocolo de proteção
A Polícia Civil reforçou que medidas protetivas já haviam sido solicitadas anteriormente, mas a nova conduta do suspeito aponta desrespeito à ordem judicial e possível agravamento do quadro psiquiátrico. A Justiça determinou a manutenção da prisão e Jesse permanece detido enquanto aguarda audiência de custódia, prevista para os próximos dias.
A delegada Lídia Castro destacou que, além do crime de perseguição (art. 147-A), Jesse pode responder por:
- Dano emocional contra mulher (com base na Lei Maria da Penha)
- Desobediência à medida protetiva
- Perturbação da tranquilidade e ameaça (art. 147 do CP)
Especialistas alertam para subnotificação e reincidência
Casos como o de Jesse expõem o vácuo entre as medidas legais e a efetiva proteção das vítimas de violência psicológica e perseguição digital. Segundo a advogada criminalista e pesquisadora em crimes de gênero, Renata Maia, o uso de novas tecnologias para importunar mulheres vem crescendo, mas ainda é subnotificado.
“A reincidência do agressor é mais comum do que se imagina. E, muitas vezes, os métodos empregados, como mensagens via PIX ou aplicativos de difícil rastreio, escapam do radar das políticas públicas”, alerta Renata.
Conclusão: violência disfarçada de fixação — quando o silêncio das vítimas vira grito de socorro
O caso de Jesse Soares dos Santos é mais do que um episódio isolado. Ele representa um alerta contundente sobre os limites frágeis entre admiração, obsessão e violência emocional, especialmente em ambientes escolares, onde autoridade e proximidade geram vulnerabilidades específicas.
A reincidência, a extensão dos ataques, o desprezo às medidas judiciais e o uso de múltiplas plataformas para perseguição indicam um comportamento patológico e potencialmente perigoso.
É urgente que escolas, pais, instituições e autoridades se articulem de forma mais firme e preventiva, garantindo que casos assim não terminem em tragédias anunciadas.
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