9 de julho de 2025
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Polícia intensifica cerco a sucatões irregulares em Aparecida de Goiânia e notifica quatro estabelecimentos

Falta de alvará, suspeitas de receptação e venda de peças oriundas de crimes motivam segunda fase da Operação Legalidade, que já interditou nove ferros-velhos e apreendeu mais de 300 kg de cobre
Operação Legalidade em Sucatões de Aparecida de Goiânia | Foto: Polícia Militar

Na manhã desta terça-feira (24), quatro estabelecimentos comerciais que atuam na revenda de peças automotivas — os chamados “sucatões” — foram notificados por irregularidades estruturais e legais em Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital. A ação faz parte da segunda fase da Operação Legalidade, conduzida pela Polícia Militar de Goiás (PM-GO) em conjunto com outros órgãos municipais.

As principais infrações identificadas foram a ausência de alvarás de funcionamento e suspeitas de comercialização de peças com procedência ilícita, como itens provenientes de furtos e roubos de veículos. A fiscalização teve como alvo específico pontos de venda que, segundo apurações preliminares da inteligência policial, estariam movimentando peças sem comprovação de origem.

“Nosso objetivo é enfraquecer a cadeia de receptação que alimenta os crimes patrimoniais, sobretudo furtos e roubos de veículos e cabos metálicos”, destacou o tenente-coronel da PMGO Rogério Mendes, comandante do 2º CRPM.

Operação Legalidade: cerco sistemático desde fevereiro

Deflagrada em fevereiro de 2025, a Operação Legalidade tem se consolidado como uma ofensiva coordenada para desarticular pontos de comércio clandestino que, muitas vezes, operam como elos do crime organizado urbano. Nesta segunda fase, o foco são os sucatões e revendedoras de autopeças. Em fases anteriores, os alvos foram recicladoras, ferros-velhos e depósitos clandestinos de materiais metálicos.

Desde o início da operação, já foram:

  • 24 estabelecimentos notificados;
  • Nove recicladoras e ferros-velhos interditados;
  • Apreendidos cerca de 306 kg de fios de cobre, material frequentemente furtado de instalações públicas e privadas;
  • Três prisões em flagrante;
  • Cinco detenções por furto qualificado e receptação;
  • Um aparelho celular roubado recuperado.

A ação desta terça contou com o apoio da Guarda Civil Municipal (GCM), do Batalhão de Bombeiros Militares, de agentes de fiscalização da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, além de auditores da Secretaria de Planejamento e Regulação Urbana de Aparecida de Goiânia.

Sucatões: elo vulnerável e estratégico do mercado ilegal

A crescente valorização de peças usadas e metais recicláveis transformou os sucatões em um dos principais focos de ações criminosas ligadas à receptação. Para especialistas em segurança pública, esse tipo de comércio — muitas vezes operando à margem da fiscalização — se tornou peça-chave na sustentação econômica de grupos envolvidos em furtos de veículos e equipamentos públicos.

Segundo o pesquisador Luiz Fernando Magalhães, do Instituto Brasileiro de Segurança Pública (IBSP), “o combate à receptação é tão essencial quanto o combate ao furto. Sem quem compre, o produto do crime perde valor. Operações como essa são estratégicas para interromper o fluxo econômico do crime patrimonial”.

Além dos prejuízos financeiros, o furto sistemático de cabos e peças metálicas gera transtornos significativos à infraestrutura urbana. Só em 2024, a Equatorial Goiás, concessionária de energia, estimou perdas superiores a R$ 5 milhões com reposições de cabos e danos à rede na região metropolitana, muitos dos quais, segundo a companhia, foram objeto de furto com posterior revenda em ferros-velhos.

Fiscalização contínua e penas previstas

Os estabelecimentos notificados terão prazo para regularização documental e poderão ser interditados caso permaneçam em situação irregular. De acordo com o Código Penal Brasileiro, a receptação de produto de crime pode levar a pena de reclusão de até 8 anos, especialmente quando há indícios de habitualidade na prática.

A Prefeitura de Aparecida de Goiânia reforçou, em nota, que as ações de fiscalização ocorrerão de forma sistemática e contínua ao longo do segundo semestre de 2025, em consonância com o plano de ordenamento urbano e de segurança pública do município.


Se você tiver conhecimento de sucatões ou ferros-velhos operando de forma clandestina, denúncias podem ser feitas de forma anônima pelo Disque-Denúncia 181 ou pelo aplicativo Goiás Seguro.

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