Operação Rota Paralela revela esquema para burlar regulação do transporte em Goiás
Empresa de transporte coletivo é alvo de investigação por falsificar documentos desde 2022 para operar linhas intermunicipais; Polícia Civil apreende material que pode comprovar montagem de CRLVs digitais

A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (Dercap), deflagrou nesta segunda-feira (12) a Operação Rota Paralela, com o objetivo de desarticular um esquema de falsificação de documentos públicos que envolvia uma empresa de transporte coletivo com atuação no território goiano.
A investigação teve início após denúncia formal da Agência Goiana de Regulação (AGR), que identificou inconsistências em Certificados de Registro e Licenciamento de Veículo Digital (CRLV-e) entregues pela empresa para obtenção de autorização para operar no sistema intermunicipal de transporte de passageiros.
Segundo apuração preliminar, os documentos continham dados divergentes dos registrados nos sistemas oficiais do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) e do Detran-GO. Havia fortes indícios de adulteração digital, com montagem de conteúdo, mascaramento da real origem dos veículos e manipulação de registros de licenciamento — tudo para simular que os ônibus e micro-ônibus estariam regularizados no estado de Goiás, uma exigência básica para operar legalmente.
Fraude sistemática desde 2022
Fontes ligadas à investigação informaram que a prática criminosa ocorre de maneira reiterada há pelo menos dois anos, com a apresentação periódica de documentos fraudulentos para a renovação de permissões de operação. A fraude permitia que a empresa burlasse exigências legais, mantendo a operação de sua frota mesmo sem atender aos critérios técnicos e legais.
“A simulação de registro em Goiás não apenas viola as normas regulatórias como também fragiliza o controle sobre a frota que transporta diariamente milhares de passageiros entre municípios goianos. É uma afronta à segurança pública, à concorrência leal e ao próprio interesse dos usuários”, afirmou, sob condição de anonimato, um técnico da AGR que acompanha o caso.
Buscas e apreensões
Durante a deflagração da operação, foram cumpridos mandados judiciais de busca e apreensão em endereços ligados à empresa e seus representantes legais. Os agentes apreenderam equipamentos eletrônicos, como notebooks, celulares e unidades de armazenamento digital, que agora passarão por perícia técnica. A expectativa da Polícia Civil é localizar originais manipulados, arquivos de edição de documentos e trocas de mensagens que evidenciem a cadeia de comando da fraude.
Os investigados podem responder por:
- Falsificação de documento público (Art. 297 do Código Penal),
- Uso de documento falso (Art. 304 do CP),
- Fraude em processo administrativo,
- e outros crimes conexos que venham a ser identificados durante a análise do material apreendido.
Regulação em risco
A AGR mantém atualmente o monitoramento da frota que opera o sistema intermunicipal em Goiás, que abrange mais de 200 municípios e cerca de 12 milhões de viagens por ano. A agência informou que, diante das evidências, já iniciou processo de descredenciamento da empresa investigada, e ressaltou que o caso expõe a necessidade de reforçar os mecanismos de validação digital de documentos no setor de transporte.
Em nota, a Polícia Civil de Goiás afirmou que “a Operação Rota Paralela integra os esforços permanentes da instituição no combate a práticas ilícitas que lesam a administração pública e colocam em risco a integridade dos serviços prestados à população”.
As investigações seguem em sigilo, e os nomes dos envolvidos não foram divulgados oficialmente.
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