11 de outubro de 2024
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Há evidências de que um zagueiro do Bragantino tenha aceitado receber uma quantia de R$ 70 mil em troca de receber um cartão durante uma partida de futebol.

O Ministério Público de Goiás (MPGO) obteve conversas que revelam uma troca de mensagens entre Luís Felipe Rodrigues De Castro, suspeito de fazer parte de um grupo que manipulava resultados de jogos, e Kevin Lomónaco, zagueiro do Red Bull Bragantino. De acordo com os prints, o jogador teria concordado em receber R$ 70 mil em troca de um cartão amarelo durante uma partida, mas questionou se Luís também seria beneficiado e se a proposta era legal.

Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino

Durante o jogo entre Bragantino e América-MG, Kevin Lomónaco teria recebido R$ 30 mil adiantados em uma transação para receber um cartão amarelo, de acordo com um comprovante bancário obtido pelo MPGO. Na partida, o zagueiro recebeu de fato o cartão amarelo. Em conversas, Luís Felipe Rodrigues De Castro teria tranquilizado o jogador, afirmando que embora a ação não fosse legal, era segura.

Além disso, o MPGO descobriu que Kevin Lomónaco recebeu outra proposta em um jogo contra o Portuguesa, desta vez no valor de R$ 200 mil para ser expulso, mas ele recusou. Como parte de um acordo de não persecução penal proposto pelo MPGO, Kevin admitiu sua participação no recebimento do cartão amarelo e, como resultado, é considerado uma “testemunha e informante” no processo, evitando ações penais. O portal de esportes “ge” noticiou que o jogador já havia sido afastado pelo Bragantino.

Conforme apurado pelo MPGO, as conversas entre Luís e Kevin ocorreram entre 26 de outubro e 5 de novembro de 2022. No primeiro contato, Luís se apresentou e afirmou ter jogadores no Bragantino que poderiam participar do esquema, porém estavam no banco reserva. Ele precisava de um jogador que garantisse um cartão amarelo no primeiro tempo da partida. Luís explicou que outras pessoas indicaram Kevin como alguém de confiança, por isso estava entrando em contato com ele. Em seguida, ofereceu R$ 60 mil e explicou que uma parte seria paga antes do jogo.

Foto: Reprodução/MPGO

O atleta não respondeu às mensagens, mas Luís continuou insistindo em outubro e ofereceu novamente a proposta de receber R$ 70 mil para tomar cartão amarelo durante o jogo. Poucos dias depois, em novembro, o jogador finalmente respondeu, mas parecia não entender completamente a proposta. Luís explicou novamente que eles pagavam a vários jogadores da Série A para tomar cartões amarelos durante as partidas.

Veja a conversa:

  • Luís Felipe: “Não irmão, mas você só precisa fazer o certo. Você precisa levar o cartão amarelo. Não pode ter erro, tem que ser seguro”
  • Kevin: “E se não faz cartão amarelo, o que acontece?”
  • Luís Felipe: “Não pode acontecer isso, nós perde dinheiro, irmão”
  • Kevin: “Ah, por isso, por isso vocês estão me enganando. Isso que eu tô te falando”
  • Luís Felipe: “Por que assim, irmão, a gente vai entrar com cinco jogadores, entendeu? No caso, por exemplo, você e mais quatro jogadores, pra tomar cartão, da Série A, se caso, os outros quatro tomarem e você não, aí a gente vai perder, e os caras que tomou vão querer receber, porque eles estão sendo pagos pra isso, entendeu?
  • Luís Felipe: “É muito seguro, irmão, muito. Pero, não pode ter erro […] Mas você pode ficar tranquilo, questões de segurança, fica muito, muito tranquilo”

O Bragantino

Em 18 de abril, o Red Bull Bragantino divulgou uma nota em seu site informando que havia tomado ciência da operação que investigava esquemas de manipulação de resultados em jogos da Série A do Brasileiro e em campeonatos estaduais, e que um de seus jogadores estava envolvido nas investigações.

O clube reforçou seu compromisso com a integridade do esporte e afirmou que não tolera condutas que possam comprometer a honestidade e a dignidade do futebol. Além disso, colocou-se à disposição das autoridades durante as investigações.