14 de fevereiro de 2025
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Goiânia fica fora de programa federal de educação em tempo integral: capital é a única do país que não aderiu

Prefeito eleito e atual administração são criticados pela falta de adesão ao financiamento do MEC para ampliação de escolas em tempo integral.
Goiânia é única capital que não receberá recursos do MEC para o ensino integral

Goiânia, única capital do país que não se inscreveu para receber verbas federais para o ensino em tempo integral, perdeu a oportunidade de aderir ao programa do Ministério da Educação (MEC) que distribui recursos para cidades ampliarem o atendimento nas escolas. A inscrição, cujo prazo terminou em 31 de outubro, foi ignorada pela gestão municipal atual, sob justificativa de exigências de contrapartida, como a abertura obrigatória de novas escolas em tempo integral a partir de 2025.

O impasse foi denunciado pela presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, vereadora Kátia Maria (PT), que relatou dificuldades em obter respostas do prefeito Rogério Cruz (SDD) e do prefeito eleito, Sandro Mabel (União). A vereadora lamentou a falta de diálogo, afirmando que a não adesão representa um retrocesso para a cidade. “Nós não conseguimos efetivar essa pactuação e Goiânia, infelizmente, é a única capital que ficou de fora, enquanto mais de quatro mil municípios aderiram a esse benefício. Isso afeta diretamente a nossa capacidade de atender as demandas educacionais”, afirmou Kátia Maria.

Motivos apresentados e debate sobre contrapartidas

Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), a exigência de contrapartidas financeiras e estruturais seria a principal razão para a decisão de não participar. A SME declarou que o financiamento do MEC inclui a condição de que a cidade abra novas escolas de tempo integral em 2025, compromisso que a gestão municipal alega não poder assumir sem um planejamento mais detalhado.

Entretanto, a justificativa foi criticada por especialistas e pela própria Comissão de Educação, que enfatizam que a falta de adesão ao programa resultará em um déficit educacional ainda maior. Flávio Roberto de Castro, presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás, destacou que o investimento federal é vital para a manutenção e expansão do ensino integral. “Deixar de usar recursos públicos disponíveis prejudica o município, especialmente em uma área tão essencial como a educação. A situação da educação em Goiânia já é preocupante, com carência de Cmeis, escolas e estrutura básica em várias regiões da cidade”, afirmou.

Cenário educacional precário: déficit de vagas e infraestrutura insuficiente

Goiânia enfrenta dificuldades sérias na área da educação. Muitas regiões da cidade ainda sofrem com a escassez de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas, o que tem gerado demanda reprimida e dificultado o atendimento pleno das famílias que dependem da rede pública. A ausência de novas escolas de tempo integral agrava o cenário, prejudicando a formação integral dos estudantes e limitando as oportunidades de desenvolvimento educacional.

Para Flávio Roberto, a decisão de não buscar o financiamento federal revela a falta de um planejamento adequado para enfrentar a realidade da cidade. “Esses recursos são importantes para diminuir o déficit educacional e atender à população que depende da escola pública. Fica evidente que a cidade não está priorizando a educação integral como deveria”, acrescentou.

Repercussão e expectativas para a nova gestão de Sandro Mabel

Com a posse de Sandro Mabel em janeiro de 2025, cresce a pressão sobre a nova gestão para rever as prioridades e buscar soluções alternativas que possam minimizar o impacto da ausência dos recursos federais. Mabel, segundo sua assessoria, entrou em contato com a equipe de transição e a administração atual para entender a decisão e avaliar futuras estratégias para ampliar o atendimento em tempo integral.

No entanto, especialistas e lideranças da área educacional alertam que, sem a verba do MEC, qualquer tentativa de expansão do ensino integral será mais complexa e poderá demorar anos. “A questão da educação não é só abrir escolas, mas também garantir qualidade, capacitação e suporte para essas novas unidades. Infelizmente, essa escolha prejudica Goiânia, que perde a chance de melhorar um sistema já sobrecarregado”, concluiu o presidente do Conselho Estadual de Educação.

Futuro incerto: desafios e necessidade de ações efetivas

Diante desse cenário, as expectativas estão voltadas para o compromisso da nova gestão em reverter o quadro de déficit educacional e estrutural. Especialistas sugerem que o novo prefeito busque parcerias com o setor privado e organizações educacionais para compensar a falta de recursos federais e que elabore um plano de expansão que garanta a qualidade e o acesso à educação em tempo integral.

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