Goiânia fica fora de programa federal de educação em tempo integral: capital é a única do país que não aderiu
Prefeito eleito e atual administração são criticados pela falta de adesão ao financiamento do MEC para ampliação de escolas em tempo integral.

Goiânia, única capital do país que não se inscreveu para receber verbas federais para o ensino em tempo integral, perdeu a oportunidade de aderir ao programa do Ministério da Educação (MEC) que distribui recursos para cidades ampliarem o atendimento nas escolas. A inscrição, cujo prazo terminou em 31 de outubro, foi ignorada pela gestão municipal atual, sob justificativa de exigências de contrapartida, como a abertura obrigatória de novas escolas em tempo integral a partir de 2025.
O impasse foi denunciado pela presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, vereadora Kátia Maria (PT), que relatou dificuldades em obter respostas do prefeito Rogério Cruz (SDD) e do prefeito eleito, Sandro Mabel (União). A vereadora lamentou a falta de diálogo, afirmando que a não adesão representa um retrocesso para a cidade. “Nós não conseguimos efetivar essa pactuação e Goiânia, infelizmente, é a única capital que ficou de fora, enquanto mais de quatro mil municípios aderiram a esse benefício. Isso afeta diretamente a nossa capacidade de atender as demandas educacionais”, afirmou Kátia Maria.
Motivos apresentados e debate sobre contrapartidas
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), a exigência de contrapartidas financeiras e estruturais seria a principal razão para a decisão de não participar. A SME declarou que o financiamento do MEC inclui a condição de que a cidade abra novas escolas de tempo integral em 2025, compromisso que a gestão municipal alega não poder assumir sem um planejamento mais detalhado.
Entretanto, a justificativa foi criticada por especialistas e pela própria Comissão de Educação, que enfatizam que a falta de adesão ao programa resultará em um déficit educacional ainda maior. Flávio Roberto de Castro, presidente do Conselho Estadual de Educação de Goiás, destacou que o investimento federal é vital para a manutenção e expansão do ensino integral. “Deixar de usar recursos públicos disponíveis prejudica o município, especialmente em uma área tão essencial como a educação. A situação da educação em Goiânia já é preocupante, com carência de Cmeis, escolas e estrutura básica em várias regiões da cidade”, afirmou.
Cenário educacional precário: déficit de vagas e infraestrutura insuficiente
Goiânia enfrenta dificuldades sérias na área da educação. Muitas regiões da cidade ainda sofrem com a escassez de vagas em Centros Municipais de Educação Infantil (Cmeis) e escolas, o que tem gerado demanda reprimida e dificultado o atendimento pleno das famílias que dependem da rede pública. A ausência de novas escolas de tempo integral agrava o cenário, prejudicando a formação integral dos estudantes e limitando as oportunidades de desenvolvimento educacional.
Para Flávio Roberto, a decisão de não buscar o financiamento federal revela a falta de um planejamento adequado para enfrentar a realidade da cidade. “Esses recursos são importantes para diminuir o déficit educacional e atender à população que depende da escola pública. Fica evidente que a cidade não está priorizando a educação integral como deveria”, acrescentou.
Repercussão e expectativas para a nova gestão de Sandro Mabel
Com a posse de Sandro Mabel em janeiro de 2025, cresce a pressão sobre a nova gestão para rever as prioridades e buscar soluções alternativas que possam minimizar o impacto da ausência dos recursos federais. Mabel, segundo sua assessoria, entrou em contato com a equipe de transição e a administração atual para entender a decisão e avaliar futuras estratégias para ampliar o atendimento em tempo integral.
No entanto, especialistas e lideranças da área educacional alertam que, sem a verba do MEC, qualquer tentativa de expansão do ensino integral será mais complexa e poderá demorar anos. “A questão da educação não é só abrir escolas, mas também garantir qualidade, capacitação e suporte para essas novas unidades. Infelizmente, essa escolha prejudica Goiânia, que perde a chance de melhorar um sistema já sobrecarregado”, concluiu o presidente do Conselho Estadual de Educação.
Futuro incerto: desafios e necessidade de ações efetivas
Diante desse cenário, as expectativas estão voltadas para o compromisso da nova gestão em reverter o quadro de déficit educacional e estrutural. Especialistas sugerem que o novo prefeito busque parcerias com o setor privado e organizações educacionais para compensar a falta de recursos federais e que elabore um plano de expansão que garanta a qualidade e o acesso à educação em tempo integral.
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