Fraude de R$ 4 Milhões em Frigorífico de Goiás: Funcionários Presos em Operação Policial
Operação ‘Pluma Fracta’ da Polícia Civil desmantela esquema de fraudes em contratos de manutenção que desviou milhões da empresa; armas e documentos apreendidos
Uma fraude milionária revelada por dentro. Funcionários de um frigorífico em Nova Veneza, na Região Metropolitana de Goiânia, foram presos na manhã de quarta-feira (16), acusados de participar de um sofisticado esquema de fraude contratual que gerou um prejuízo estimado em R$ 4 milhões à empresa. A investigação, batizada de “Operação Pluma Fracta”, foi conduzida pela Delegacia de Polícia Civil de Itaberaí e deflagrou um dos mais impactantes casos recentes de crime corporativo no setor alimentício goiano.
O esquema veio à tona graças à atuação dos próprios advogados da empresa, que desconfiaram de irregularidades recorrentes em contratos de manutenção e acionaram as autoridades policiais. “Foi o corpo jurídico do frigorífico que percebeu inconsistências que levantaram o alerta. A partir disso, aprofundamos a análise e chegamos aos envolvidos”, detalhou o delegado Kahlil Souto Nogueira, responsável pelo caso.
Prisões e apreensões
A operação resultou no cumprimento de cinco mandados de prisão preventiva e seis mandados de busca e apreensão, realizados tanto em Nova Veneza quanto em Goiânia. Ao todo, quatro homens e uma mulher foram presos, além de uma sexta investigada, alvo de busca domiciliar. Os nomes não foram divulgados oficialmente, respeitando o sigilo da investigação.
Durante a ação, os policiais apreenderam computadores, celulares, documentos contábeis, além de três armas de fogo e diversas munições, indicando que os envolvidos agiam com aparente estrutura e segurança. Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra o momento em que dois dos suspeitos foram capturados em casa, sem oferecer resistência.
O esquema
Segundo apuração preliminar, os funcionários presos faziam parte de setores estratégicos da empresa, com acesso direto a licitações internas, contratos de manutenção e prestação de serviços terceirizados. O golpe consistia, sobretudo, na falsificação de orçamentos, superfaturamento de serviços e contratação de empresas de fachada, cujos pagamentos eram liberados mediante conluio interno.
Parte do dinheiro teria sido lavado por meio da aquisição de bens móveis e imóveis, além da ocultação de valores em contas de terceiros e empresas laranjas. O crime vinha sendo cometido, segundo os investigadores, de forma sistemática e planejada.
Desdobramentos e punições
Os investigados foram encaminhados aos presídios de Itaberaí e Inhumas, onde permanecerão à disposição da Justiça. Durante os depoimentos, todos optaram por permanecer em silêncio, uma estratégia comum em casos com potencial de desdobramento jurídico complexo.
A Polícia Civil informou que os crimes investigados são de estelionato qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro, com penas que somadas podem ultrapassar 18 anos de reclusão. Agora, os peritos trabalham na análise de todo o material apreendido, incluindo dispositivos eletrônicos que podem conter provas cruciais da organização criminosa.
Frigorífico se manifesta
Em nota, o frigorífico — cujo nome está sendo mantido sob sigilo para preservar o curso das investigações — afirmou que colabora integralmente com as autoridades e que está implementando novos mecanismos de auditoria e controle interno para evitar novos episódios.
“Não toleramos desvios éticos nem fraudes contra a integridade de nosso negócio. Seguiremos firmes na apuração interna e na responsabilização de todos os envolvidos”, destacou a empresa.
Um alerta ao setor
Especialistas em segurança corporativa e compliance apontam que o caso deve servir de alerta para empresas de médio e grande porte. “Fraudes internas são uma das principais ameaças às organizações e muitas vezes são descobertas tardiamente, quando o prejuízo já se consolidou. O exemplo da atuação proativa do setor jurídico do frigorífico precisa ser seguido”, afirmou o consultor e auditor forense Eduardo Farias, ouvido pela reportagem.
A “Operação Pluma Fracta” segue em andamento. Com a quebra de sigilos bancários e fiscais autorizada pela Justiça, novos nomes podem surgir nas próximas semanas, ampliando o escopo da investigação que revelou um rombo milionário silencioso — arquitetado dentro da própria estrutura de confiança da empresa.
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