16 de setembro de 2024
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Diretora de Abrigo em Posse é Presa sob Acusações de Maus Tratos e Abuso Infantil

A Polícia Civil já ouviu funcionários, autoridades e crianças no decorrer da investigação, e os depoimentos indicam que os internos foram submetidos a punições como forma de incentivá-los a melhorar seu comportamento.
A Polícia Civil cumpriu mandato de busca e apreensão no local, e a diretora foi presa preventivamente (Polícia Civil)

No último sábado, dia 28, a diretora de um abrigo municipal na cidade de Posse, destinada a acolher crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, foi detida após um funcionário do abrigo denunciar a ocorrência de “tratamento degradante e cruel” aplicado às crianças. A Polícia Civil de Posse abriu uma investigação que trouxe à tona relatos perturbadores de penas físicas, privação de alimentação, detenção de menores em quartos escuros por longos períodos e até mesmo a alegação de um aborto provocado.

O delegado Humberto Soares, responsável pelo caso, revelou que o abrigo abrigou um total de 23 crianças e que a Polícia Civil cumpriu um mandato de busca e apreensão nas instalações, culminando na prisão preventiva da diretora. A reportagem tentou contato com a Prefeitura de Posse e o Conselho Tutelar, mas não obteve resposta até o fechamento deste artigo. O nome da diretora não foi divulgado, o que dificultou o contato com a defesa, mas o espaço permanece aberto para manifestação.

O abrigo agora está sob nova administração, segundo informações fornecidas pelo delegado. Funcionários, autoridades e crianças já prestaram depoimentos à Polícia Civil, e as autoridades dos internos pintaram um quadro alarmante de castigos para promover o bom comportamento. Os castigos incluíam punições físicas, privação de alimentos essenciais e de atividades sociais. Além disso, há relatos de crianças sendo mantidos em quartos escuros por vários dias.

Uma das acusações mais chocantes é a alegação de que um aborto foi forçado em casa, com uma das crianças como vítima. A diretora teria que levar o procedimento e encobrir a situação que está sendo investigada pela Polícia Civil. Além disso, os relatos apontam que os internos não tinham acesso à assistência médica.

Outra vertente da investigação visa apurar o desvio de ações destinadas ao abrigo por parte da diretora, que supostamente teriam utilizado os objetos em benefício próprio, em vez de destinados às crianças. A diretora também é acusada de encaminhar crianças e adolescentes para famílias substitutas sem autorização judicial, e de coagir a equipe de assistência social a emitir pareceres sociais que não condiziam com a realidade, transferindo a colocação dessas crianças em casas substitutas.

O delegado Humberto Soares enfatizou que a denúncia teve origem no próprio abrigo e é rica em detalhes, com mais de 130 páginas de documentação até o momento. Ele afirmou que, se a participação de outras pessoas nos crimes for comprovado, elas também serão responsabilizadas.

A diretora foi presa preventivamente e afastada de sua carga, sendo encaminhada ao presídio municipal e permanecendo à disposição das autoridades judiciais. Ela responderá a uma série de crimes, incluindo tortura, maus-tratos, prevaricação e aborto. A comunidade de Posse acompanha de perto esse caso grave, e a justiça buscará garantir que as vítimas recebam a proteção e a assistência que merecem.