24 de março de 2025
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Críticas e tensão na Câmara: Vereadores rebatem modelo de gestão de Sandro Mabel e cobram transparência sobre Taxa do Lixo

Parlamentares apontam incompatibilidade entre modelos de gestão privada e pública e defendem direitos dos servidores municipais
Sandro Mabel conversa com os vereadores no plenário da Câmara Municipal de Goiânia | Foto: Fabrício Vera/Jornal Opção

A ida do prefeito Sandro Mabel (União Brasil) à Câmara Municipal de Goiânia, na última terça-feira (4), para a abertura dos trabalhos da 20ª legislatura, não foi suficiente para apaziguar os ânimos entre o Executivo e o Legislativo. Pelo contrário, um dia depois, a sessão ordinária foi marcada por duras críticas ao chefe do Paço Municipal. Vereadores acusaram Mabel de tentar impor uma gestão baseada em modelos do setor privado, sem considerar os princípios da administração pública, e alertaram para possíveis prejuízos aos servidores municipais e à transparência na cobrança da Taxa do Lixo.

“Administração pública não é empresa privada”

O vereador Lucas Vergílio (MDB) foi um dos que subiram o tom contra Mabel. Ele reconheceu que a eleição do prefeito gerou expectativas de eficiência e inovação, mas destacou que a gestão pública não pode ser conduzida com as mesmas regras do setor privado.

“No setor privado, as decisões são tomadas com base na autonomia do gestor e no desempenho econômico. Já na administração pública, a legalidade é inegociável. Sem ela, não há Estado”, afirmou Vergílio.

O parlamentar também criticou a postura de Mabel ao ignorar questionamentos técnicos e jurídicos feitos pela Câmara e alertou para os riscos de decisões unilaterais que desconsideram a legislação e os servidores municipais.

“Uma boa administração não se faz com modelos importados do setor privado, mas com respeito à lei e valorização dos servidores”, completou.

Aava Santiago denuncia postura hostil contra servidores

A vereadora Aava Santiago (PSDB) também expressou preocupação com a relação conturbada entre o Executivo e o Legislativo e questionou as prioridades da nova gestão. Ela criticou a resposta considerada hostil de Mabel a pedidos de valorização dos servidores municipais, em especial os agentes de trânsito, feitos por Vergílio na sessão de terça-feira.

“Qual Goiânia queremos? Uma cidade onde os trabalhadores são tratados como vilões? Não podemos reconstruir Goiânia com servidores imprensados na parede”, declarou a parlamentar.

Aava ainda sugeriu que o sistema de inteligência da Prefeitura, usado atualmente para investigar atestados médicos dos servidores, também seja aplicado na fiscalização de contratos da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), da LimpaGyn e na gestão da arrecadação da Taxa do Lixo.

Taxa do Lixo segue no centro das polêmicas

Outro ponto de forte debate na sessão foi a cobrança da Taxa de Limpeza Pública, popularmente conhecida como Taxa do Lixo. O vereador Coronel Urzêda (PL) criticou a forma como a taxa foi aprovada e afirmou que a população foi induzida ao erro.

“Nos enganaram com discurso de que era obrigatória. Não era. A implantação é facultativa”, disparou.

O vereador também questionou a falta de critérios justos para a cobrança. Ele citou o exemplo da própria mãe, que mora sozinha e produz cerca de 1 kg de lixo por dia, enquanto um vizinho que mora com dez pessoas pode produzir até 20 kg, mas ambos pagam o mesmo valor.

“Seria injusto cobrar o mesmo dos dois”, argumentou.

Diante das críticas, Urzêda propôs uma alternativa:

“Sugeri que seja simbólica, R$ 5 para todos, ou temporária, até que se defina um critério mais justo.”

O parlamentar ainda cobrou explicações do secretário da Fazenda, Valdivino de Oliveira, e prometeu fiscalização rigorosa sobre a aplicação da taxa.

Entenda a cobrança da Taxa do Lixo

A Taxa de Limpeza Pública foi sancionada pelo ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade) em dezembro de 2024 e começará a ser cobrada a partir de abril de 2025. Os valores variam entre R$ 258 e R$ 1.600,08 por ano, dependendo do valor venal do imóvel. Imóveis avaliados em até R$ 173 mil estão isentos da cobrança.

A gestão municipal alega que a taxa é necessária para cobrir os custos com a coleta e destinação dos resíduos sólidos, mas a falta de transparência na definição dos valores e critérios de cobrança tem gerado forte resistência da população e dos parlamentares.

Relação entre Paço e Câmara começa com tensão

A sessão desta quarta-feira deixou claro que Sandro Mabel terá dificuldades para aprovar projetos na Câmara sem antes construir um diálogo mais consistente com os vereadores. O tom adotado pelos parlamentares demonstra que há uma insatisfação crescente com a condução da gestão e a falta de abertura para o debate.

A expectativa é de que os embates continuem, especialmente em pautas sensíveis como a valorização dos servidores, a transparência na aplicação de tributos e o modelo de governança adotado pela nova administração.

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