Brasil institui a TV 3.0 e inicia nova era da radiodifusão aberta a partir de 2026

Com tecnologia de ponta e integração à internet, o sistema garantirá som e imagem em altíssima definição, novos recursos de acessibilidade e serviços digitais gratuitos, reforçando a centralidade da TV aberta no país.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou nesta quarta-feira (27) o decreto que regulamenta a implantação da TV 3.0, marco tecnológico que moderniza a televisão aberta brasileira. A nova geração do sistema de radiodifusão promete transformar a experiência audiovisual com transmissões em 4K e 8K, som imersivo, interatividade ampliada e integração direta com a internet, sem perder o caráter universal e gratuito da TV aberta. As primeiras transmissões estão previstas para 2026 nas capitais brasileiras, com expansão gradual para todo o país.

A decisão insere o Brasil no grupo restrito de países que adotam o ATSC 3.0, padrão considerado referência mundial em transmissão digital. De acordo com o Fórum do Sistema Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (SBTVD), que assessorou tecnicamente o governo, a nova tecnologia criará condições para ampliar a oferta de conteúdos e serviços públicos digitais, consolidando a televisão como um dos principais pontos de acesso à informação, cultura e cidadania.

Democracia e soberania digital

Para o ministro das Comunicações, Frederico Siqueira Filho, a TV 3.0 “é um passo histórico para garantir que a televisão aberta continue sendo democrática, gratuita e inclusiva, ao mesmo tempo em que se adapta à era digital”. Ele destacou o potencial de geração de empregos, fortalecimento da indústria criativa e acesso ampliado a serviços digitais como parte dos impactos sociais e econômicos da medida.

Já o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Sidônio Palmeira, ressaltou que a inovação reafirma a soberania digital brasileira. “Estamos estabelecendo regras para um futuro de comunicações mais plural, inclusivo e democrático, em que a TV aberta seguirá gratuita e próxima da população, mas agora integrada ao ambiente digital”, afirmou.

Acessibilidade e inclusão

A TV 3.0 também foi projetada com foco na acessibilidade. O sistema permitirá legendas configuráveis, audiodescrição, interpretação em Libras em tempo real e fluxos de vídeo adicionais, garantindo maior personalização e inclusão de pessoas com deficiência. Segundo especialistas, trata-se de um avanço em relação à TV digital atual, ampliando significativamente o acesso à informação para milhões de brasileiros.

Impacto cultural e econômico

O presidente do SBTVD, Raimundo Barros, lembrou que a TV aberta ainda responde por 60% do consumo de vídeo no país, somando televisores, celulares e computadores. Para ele, a chegada da TV 3.0 renova o compromisso da radiodifusão brasileira com “informação, cultura e ética”, ao mesmo tempo em que fortalece o setor diante da concorrência de plataformas de streaming.

Associações do setor, como a ABERT e a ABRATEL, destacaram que a transição inaugura um ecossistema de negócios inovador, capaz de inserir a televisão aberta na economia digital sem abrir mão de sua credibilidade e alcance histórico.

Projeção

O processo de implantação deve se estender por até 15 anos até alcançar todo o território nacional. Nesse período, os televisores compatíveis com o novo sistema começarão a chegar ao mercado e a convivência entre o modelo atual e a TV 3.0 será garantida. A aposta do governo é que a modernização reforce a centralidade da televisão aberta como espaço de encontro democrático e como ferramenta de inclusão digital.

Tags: #TV3.0 #Tecnologia #Radiodifusão #DemocraciaDigital #Comunicação #Cultura #Lula #MCom #SBTVD