Atraso no Repasse de R$ 3,6 Milhões Ameaça Atendimento de Pacientes Renais em Goiânia
Clínicas de hemodiálise enfrentam dificuldades financeiras e alertam para possível suspensão dos serviços, colocando a vida de 1.800 pacientes em risco.

Goiânia vive uma situação alarmante que pode comprometer o tratamento de cerca de 1.800 pacientes renais crônicos que dependem das sessões de hemodiálise pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O atraso no repasse de R$ 3,6 milhões, destinados pelo Ministério da Saúde ao custeio dos serviços, coloca em risco a continuidade do atendimento. O valor, que deveria ter sido transferido até 2 de dezembro de 2024, chegou ao município apenas em 27 de novembro, e até o momento as clínicas conveniadas não receberam os recursos necessários para garantir a prestação do serviço.
A Realidade das Clínicas de Diálise: Perigo Imediato de Interrupção
Apesar do não pagamento, as nove clínicas de diálise conveniadas em Goiânia seguem atendendo os pacientes, mas a situação financeira crítica das unidades coloca em risco a continuidade dos serviços. “As clínicas estão fazendo o possível para não interromper o atendimento, mas não sabemos até quando conseguiremos seguir operando sem o repasse”, alerta um dos gestores das clínicas conveniadas.
Segundo a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), que representa as clínicas de nefrologia em todo o país, atrasos frequentes no repasse de recursos são um problema recorrente em Goiânia e em outras localidades. “Atrasos superiores a 40 dias são comuns, o que não só compromete a sustentabilidade financeira das clínicas, mas também prejudica diretamente os pacientes que dependem do tratamento regular para sobreviver”, afirma o presidente da ABCDT, Dr. Yussif Ali Mere Júnior.
A Falta de Penalização e o Impacto na Sobrevivência dos Pacientes
A ABCDT denuncia a ausência de penalizações para os gestores públicos que descumprem os prazos legais, o que agrava ainda mais a situação. “É inaceitável que a sobrevivência de milhares de pessoas esteja em risco por conta da irresponsabilidade na gestão dos recursos públicos”, ressalta o Dr. Yussif. O atraso no pagamento tem gerado uma pressão crescente sobre as clínicas, que estão se esforçando para manter os serviços, mas que, sem os repasses adequados, podem ser forçadas a interromper os atendimentos.
Se isso acontecer, muitas pessoas que dependem da hemodiálise para sobreviver serão diretamente afetadas, com risco de agravamento de suas condições de saúde. As clínicas de diálise são responsáveis por uma terapia vital, que substitui a função dos rins, e qualquer interrupção pode ter consequências graves para os pacientes.
ABCDT: Defensora dos Direitos dos Pacientes Renais
A ABCDT, além de atuar na defesa da qualidade do atendimento aos pacientes renais, também luta para garantir uma remuneração justa para os serviços prestados pelas clínicas de diálise e para a implementação de políticas públicas que melhorem a assistência renal no Brasil. Com aproximadamente 800 centros de diálise em operação no país, a entidade tem se empenhado em representar as clínicas em fóruns nacionais e internacionais, buscando sempre um atendimento digno para os pacientes renais.
“Precisamos de uma solução urgente para garantir que esses pacientes, que já enfrentam tantos desafios, possam continuar recebendo o tratamento essencial sem interrupção”, conclui o presidente da ABCDT.
O Que Está em Jogo
A situação em Goiânia não é um caso isolado, mas um reflexo de um problema mais amplo que afeta diversas regiões do Brasil, onde atrasos no repasse de recursos comprometem serviços essenciais. O que está em jogo não é apenas a continuidade do tratamento de pacientes renais, mas a própria dignidade de quem depende dessas clínicas para garantir sua sobrevivência.
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