Apagão Mata 4 Mil Frangos em Granja de Anápolis; Produtor Calcula Prejuízo e Cita Reincidência de Problemas na Rede
Aves de 37 dias não resistiram ao calor e falta de ventilação após cerca de 10 horas sem energia elétrica na propriedade rural. Proprietário e gerente relatam rotina de falhas no fornecimento da Equatorial Goiás, que menciona possível sobrecarga e status residencial da unidade consumidora.

Uma interrupção prolongada no fornecimento de energia elétrica resultou em uma perda devastadora para um produtor rural na zona rural de Anápolis, no centro goiano. Na manhã da última segunda-feira (21), cerca de 4 mil frangos em fase final de crescimento morreram após a granja ficar aproximadamente 10 horas sem eletricidade ao longo do dia. O prejuízo financeiro ainda está sendo calculado, mas o impacto na produção é imenso e representa um golpe duro para o proprietário.
Segundo Fernando Rarytton, gerente da propriedade, a energia elétrica é vital para a sobrevivência das aves, especialmente na idade em que se encontravam, com cerca de 37 a 38 dias e peso superior a 2,5 kg. “Os frangos nesta idade precisam de uma temperatura de 23°C a 24°C dentro do aviário”, explicou Rarytton. Ele detalhou que a falta de energia paralisa todos os sistemas de suporte: “Quando falta energia, a gente não tem água porque a água é do poço, eles passam sede, passam por estresse devido ao calor, a gente não tem ventilação, aí por isso causa a morte. Não tem ventilação, nem nebulização para refrescar. Falta a energia, falta tudo para o aviário.”
O gerente relatou que o problema começou por volta das 8h da manhã, quando ouviram um “estralo” na rede e constataram a interrupção. Após contato com o proprietário, Paulo Olímpio Maia, a Equatorial Goiás foi acionada. Uma equipe da distribuidora compareceu ao local por volta do meio-dia. “Eles vieram, aí trocaram uma chave que visivelmente ela estava estourada, só que não olhou o restante da rede”, contou Rarytton.
A situação, contudo, não foi totalmente resolvida. O proprietário Paulo Olímpio Maia acrescentou que o problema era mais complexo do que apenas a chave danificada. “Houve o rompimento de um fio, esse fio próximo ao transformador foi religado, só que o problema não era simplesmente esse, ao longo da rede rompeu em outros lugares e eles não fizeram essa aferição”, afirmou Maia.
Fernando Rarytton detalhou a sequência de eventos que levou à tragédia: “A gente consegue ressarcir [manter as aves] com geradores e outras coisas que a gente tem na fazenda para poder ajudar no manejo com as aves. Ontem, nós ligamos cedo, e eles vieram por volta de 12h, ainda tinha uma fase de energia, que estava ajudando a manter os frangos. Mas depois que eles mexeram na rede, sem falar com ninguém e foram embora, perdemos todas as fases de energia, foi a hora que o gerador não suportou e os frangos começaram a morrer”, lamentou o gerente, que viu a situação se agravar significativamente após a primeira intervenção da distribuidora. O problema só foi completamente solucionado pela Equatorial no final da tarde, por volta das 18h.
Para Paulo Olímpio Maia, a perda representa anos de esforço. “Isso tudo que eu tenho aqui foi conseguido com muito sacrifício, então é você ver o dinheiro ir para o ralo em um período muito curto de 10h de acontecimento”, desabafou o produtor rural, evidenciando a vulnerabilidade da atividade agropecuária diante da falha de um serviço essencial.
O incidente em Anápolis não parece ser um caso isolado de falha no fornecimento para a granja em questão. Fernando Rarytton revelou que problemas com a rede elétrica na região são frequentes. “O caso não é pontual e se repete quase toda semana”, afirmou indicando que os produtores convivem com a instabilidade do serviço.
A situação da granja em Anápolis reflete um desafio mais amplo no estado de Goiás em relação à qualidade do serviço de energia elétrica. Dados recentes da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) referentes ao desempenho da Equatorial Goiás em 2024 mostram que a distribuidora descumpriu os limites regulatórios para a duração média das quedas de energia em 107 dos 147 conjuntos de unidades consumidoras que atende, o que corresponde a 72% das áreas fiscalizadas. A frequência máxima de interrupções também foi desrespeitada em 76 conjuntos. A empresa argumenta ter superado metas internas acordadas com a Aneel, mas os indicadores gerais de qualidade do serviço continuam a ser motivo de preocupação para consumidores e setores produtivos goianos.
Enquanto isso, o produtor rural de Anápolis lida com o prejuízo e a incerteza sobre um possível ressarcimento, destacando a urgência de um fornecimento de energia mais confiável para garantir a continuidade de atividades essenciais como a avicultura, onde a ausência de luz por poucas horas pode significar a perda total de uma safra de animais.
Confira a nota da Equatorial
A Equatorial Goiás lamenta os transtornos registrados na zona rural de Anápolis, na última segunda-feira (21). A ocorrência foi registrada às 13h28 e o fornecimento de energia foi restabelecido às 18h20 do mesmo dia. Equipes técnicas foram mobilizadas para atuação no local, onde foi normalizado o fornecimento de energia elétrica do cliente
Sobre o prejuízo relatado pelo produtor, a distribuidora informa que, conforme a regulação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), o ressarcimento é previsto apenas para danos elétricos, diretamente causados por oscilações na rede. No entanto, a companhia reforça que cada caso pode ser analisado individualmente, inclusive aqueles que envolvem perdas indiretas.
O produtor pode formalizar a solicitação de ressarcimento por meio dos canais oficiais da empresa:Agência virtual, no site www.equatorialenergia.com.br;Call Center 0800 062 01 96 ou;Agências de atendimento.
A companhia reforça que é necessário apresentar um relato detalhado do ocorrido, documentos comprobatórios e se possível, um laudo técnico. A partir disso, o caso será avaliado com base nas informações prestadas e no histórico da rede na região. A distribuidora tem até 30 dias para apresentar uma resposta, conforme previsto na regulamentação.
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