5 de dezembro de 2025
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Crise na saúde renal: clínica de diálise fecha em Anápolis e 90 pacientes do SUS ficam sem atendimento

Encerramento das atividades do Instituto Nefrológico de Anápolis expõe colapso financeiro do setor e amplia alerta nacional sobre a defasagem no custeio da terapia renal pelo SUS
Nos últimos 6 anos, mais de 40 clínicas já fecharam as portas.

O fechamento do Instituto Nefrológico de Anápolis, em Goiás, reacendeu o alerta sobre a crise financeira que atinge os serviços de diálise no Brasil. A unidade, responsável pelo tratamento de aproximadamente 90 pacientes renais crônicos atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS), anunciou o encerramento definitivo de suas atividades por insolvência financeira, deixando dezenas de pessoas sem atendimento imediato e expondo uma falha estrutural na política pública de custeio da terapia renal substitutiva.

A decisão obriga a Prefeitura de Anápolis e a Secretaria Municipal de Saúde a redistribuírem os pacientes para outras clínicas habilitadas ao atendimento via SUS — um processo que, embora essencial, traz consequências humanas significativas. Para muitos pacientes, isso significa romper vínculos com profissionais de confiança, enfrentar longos deslocamentos e lidar com a instabilidade emocional de mudar o ambiente de tratamento, que exige constância e acolhimento.


Colapso financeiro e descompasso nos repasses

De acordo com a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), a situação em Anápolis é reflexo de um quadro nacional de estrangulamento financeiro. A entidade alerta que mais de 40 clínicas de diálise fecharam as portas nos últimos seis anos em todo o país, em decorrência da defasagem de 39% entre o custo real de uma sessão de diálise e o valor pago pelo SUS.

O repasse federal permanece sem reajuste há dois anos, enquanto os custos operacionais — que incluem energia elétrica, insumos hospitalares, medicamentos, manutenção de equipamentos e equipe técnica — seguem em alta. Segundo a ABCDT, a maioria das unidades opera no limite da sustentabilidade, e muitas enfrentam atrasos no pagamento de fornecedores e risco iminente de encerramento.

“O sistema está em colapso silencioso. Sem uma correção urgente na Tabela SUS e políticas que assegurem o equilíbrio financeiro das clínicas, mais unidades poderão encerrar atividades, comprometendo o acesso à diálise em diversas regiões do país”, alertou a entidade em nota pública.


Risco à sobrevivência de pacientes

O fechamento da clínica em Anápolis representa mais do que uma questão administrativa: é um risco direto à vida de dezenas de pacientes. A terapia de diálise é vital para pessoas com insuficiência renal crônica e deve ser realizada três vezes por semana, com duração média de quatro horas por sessão. A interrupção ou atraso no tratamento pode resultar em complicações graves e até em óbitos.

Profissionais da área reforçam que a reorganização da rede de atendimento deve ser conduzida com rapidez e sensibilidade, considerando o impacto físico e emocional sobre os pacientes, especialmente os mais idosos ou em situação de vulnerabilidade social.


Falta de políticas públicas estruturantes

Além do congelamento dos repasses, especialistas apontam que o modelo de financiamento da diálise no SUS carece de atualização desde 2017, quando o Ministério da Saúde implementou o último reajuste parcial. Desde então, a inflação médica e o aumento do custo de importação de insumos ampliaram a defasagem, colocando clínicas privadas e filantrópicas sob risco permanente.

A ABCDT e sociedades médicas têm cobrado do Governo Federal a criação de uma política nacional de sustentabilidade da terapia renal, com reajustes automáticos vinculados à variação de custos e incentivos à expansão da rede.


Impacto em Goiás e no Brasil

Goiás possui atualmente 23 clínicas de diálise credenciadas ao SUS, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, concentradas principalmente nas regiões de Goiânia, Anápolis e Rio Verde. Com o fechamento da unidade anapolina, o sistema estadual deve enfrentar sobrecarga nas demais clínicas, que já operam próximas à capacidade máxima.

No país, cerca de 150 mil pessoas dependem da diálise regularmente. Estima-se que mais de 80% desses pacientes sejam atendidos pelo SUS, o que reforça a importância de um modelo de financiamento sólido e previsível para evitar novas interrupções.

Tags: #Saúde #SUS #Diálise #Anápolis #CriseHospitalar #ABCDT #PolíticaPública

Marcus

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