Fábrica clandestina de carne de cavalo é fechada em Anápolis; 790 kg de produtos são apreendidos
Operação conjunta entre Agrodefesa e forças policiais desmantela esquema de processamento ilegal de carne equina para hambúrgueres; laudo confirma DNA 100% equino.
Uma operação conjunta da Agência Goiana de Defesa Agropecuária (Agrodefesa), da Polícia Civil e da Polícia Militar resultou na interdição de uma fábrica clandestina de processamento de carne na Vila União, em Anápolis. Durante a ação, realizada no dia 11 de março, as autoridades encontraram 790 kg de carne armazenada em condições sanitárias precárias, levantando suspeitas sobre sua procedência.
A fábrica clandestina operava sem registro e utilizava equipamentos inadequados para a produção de hambúrgueres. Diante das denúncias de moradores sobre forte odor e movimentação suspeita no local, as equipes de fiscalização flagraram ambientes insalubres, freezers quebrados, infestação de moscas e sinais de manipulação irregular da carne.
Análise laboratorial confirma carne de cavalo
Para determinar a origem da carne apreendida, fiscais da Agrodefesa coletaram cinco amostras de carcaças e músculos fatiados, enviando-as ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária em Goiás (LFDA), órgão vinculado ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). O laudo técnico revelou um DNA 100% equino, sem qualquer presença de carne bovina.
Os resultados foram encaminhados à Polícia Civil, que agora investiga a possível comercialização da carne clandestina e os estabelecimentos que possam ter recebido os produtos. Ainda não há confirmação sobre onde os hambúrgueres estavam sendo distribuídos.
Conexão com abatedouro clandestino descoberto dias antes
O fechamento da fábrica clandestina ocorreu poucos dias após outra operação, realizada em 9 de março, que descobriu um abatedouro ilegal de cavalos na zona rural de Anápolis, às margens da ferrovia Norte-Sul. No local, cerca de 40 cavalos foram encontrados em condições de maus-tratos, sem acesso a água ou alimento. Muitos apresentavam sinais de desnutrição e ferimentos.
Além da estrutura precária, havia evidências de abate irregular: sangue espalhado pelo chão, vísceras expostas, couro e ossadas descartadas de forma inadequada.
Os animais resgatados foram levados para um abrigo temporário da prefeitura e posteriormente encaminhados para uma ONG. No entanto, exames da Agrodefesa identificaram quatro cavalos com Anemia Infecciosa Equina (AIE), doença sem cura e de notificação obrigatória, resultando no sacrifício desses animais.
Risco sanitário e crime contra a saúde pública
Embora o consumo de carne de cavalo não seja proibido no Brasil, seu abate e comercialização devem seguir rigorosos padrões sanitários. O processamento clandestino em ambientes insalubres representa um grave risco à saúde pública, pois a carne pode estar contaminada com doenças infecciosas e ser processada sem controle de higiene.
O diretor de Defesa Agropecuária da Agrodefesa, Rafael Vieira, alerta para a importância de comprar carne apenas em estabelecimentos fiscalizados e com certificação sanitária.
— O consumidor deve sempre exigir procedência e inspeção sanitária nos produtos de origem animal. O consumo de carne manipulada ilegalmente pode causar intoxicações e transmitir doenças — destacou Vieira.
Investigação segue para identificar os responsáveis
A Polícia Civil continua as investigações para identificar os responsáveis pelo esquema e verificar a possível distribuição da carne clandestina a restaurantes e mercados de Anápolis e região. Se confirmada a venda do produto ao consumidor final, os envolvidos poderão responder por crimes contra a saúde pública, maus-tratos a animais e crimes ambientais.
As autoridades pedem que a população denuncie atividades suspeitas envolvendo o abate e venda de carne sem inspeção sanitária.
Denúncias podem ser feitas nos seguintes canais:
Agrodefesa: 0800 646 1122 Polícia Civil: 197 Polícia Militar: 190
Este caso reforça a necessidade de vigilância rigorosa na produção e comercialização de alimentos e o papel fundamental da fiscalização para garantir a segurança alimentar e proteger a saúde da população.
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