Alerta de Surtos: Brasil Pode Enfrentar Novos Casos de Sarampo com a Queda da Cobertura Vacinal, Aponta OPAS
Com taxa de imunização abaixo do necessário, especialistas e organizações internacionais enfatizam a importância da vacinação para evitar graves complicações da doença.
O Brasil corre um sério risco de enfrentar novos surtos de sarampo, devido à redução preocupante na cobertura vacinal contra a doença. A Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) emitiu um alerta sobre a possibilidade de novos casos no país, considerando o índice de imunização atual, que, segundo o Painel de Cobertura Vacinal do Ministério da Saúde, caiu de 112%, em 2014, para 84% em 2024. Esse nível está abaixo do necessário para garantir a proteção coletiva, especialmente em um cenário em que a doença voltou a crescer em várias partes do mundo.
Sarampo: Uma Doença Altamente Contagiosa e de Consequências Graves
O sarampo é uma doença viral altamente contagiosa, transmitida pelo contato com gotículas respiratórias expelidas ao tossir ou espirrar. Os sintomas iniciais incluem febre alta e manchas avermelhadas pelo corpo, mas as complicações podem ser ainda mais sérias. O oftalmologista Pedro Antonio Nogueira Filho, chefe do Pronto-Socorro do H.Olhos, ressalta que, além de febre e erupções cutâneas, o sarampo pode levar a problemas oculares como irritação, conjuntivite, embaçamento visual e, em casos graves, até cegueira temporária. “É essencial que qualquer pessoa com sintomas suspeitos busque atendimento médico imediato e consulte um oftalmologista para prevenir danos oculares permanentes,” alerta o especialista.
A vacina tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola, é a principal forma de prevenção e está disponível gratuitamente nos postos de saúde como parte do Calendário Nacional de Vacinação. A recomendação é de duas doses para assegurar a imunidade. No entanto, a adesão tem caído consideravelmente, uma tendência que preocupa médicos e autoridades de saúde.
O Retorno do Sarampo no Brasil e o Crescimento de Casos Globais
O sarampo já foi considerado erradicado no Brasil, com reconhecimento internacional em 2016. No entanto, desde 2018, o vírus voltou a circular, infectando aproximadamente 48 mil pessoas em um período de cinco anos. Dados oficiais revelam uma disparidade nos casos confirmados de ano para ano, refletindo uma imunização irregular: de 9.329 casos em 2018, o número subiu para 21.704 em 2019, seguido de uma queda nos anos subsequentes, até 41 casos em 2022.
Neste ano, o Brasil registrou quatro casos importados em estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo, indicando o risco constante de reintrodução do vírus, especialmente com a mobilidade internacional e a imunização baixa. No cenário global, a Organização Mundial da Saúde (OMS) observa um aumento expressivo, com cerca de 300 mil casos de sarampo registrados em 2023, um crescimento de 79% em relação ao ano anterior. Além disso, o número de países com surtos registrados saltou de 32 para 51, intensificando a preocupação mundial.
A Importância da Vacinação e os Desafios na Cobertura Imunológica
A vacinação é essencial para manter o sarampo sob controle, mas especialistas apontam para o desafio de conscientizar a população sobre sua importância. A desinformação sobre vacinas e o relaxamento dos cuidados preventivos, principalmente após a pandemia de COVID-19, contribuíram para a redução da cobertura vacinal. Segundo o oftalmologista Pedro Antonio Nogueira Filho, “a prevenção é o melhor caminho; a vacina não apenas protege a pessoa vacinada, mas também evita a propagação da doença e suas possíveis complicações.”
O Ministério da Saúde tem reforçado campanhas de vacinação e ampliado a conscientização sobre os riscos do sarampo, especialmente entre crianças, que são o grupo mais vulnerável. Organizações de saúde alertam que um nível de cobertura vacinal abaixo de 95% abre brechas para surtos, e o Brasil está longe de atingir essa meta.
O Caminho para Evitar Novos Surtos
Para evitar novos surtos de sarampo, o Brasil precisa reverter a tendência de queda nas taxas de imunização e garantir que mais pessoas, especialmente crianças e jovens adultos, estejam protegidos. A vacinação ampla e eficaz é a única maneira de evitar que o país reviva os desafios enfrentados durante os surtos de 2018 a 2022. A OPAS e a OMS continuarão monitorando o cenário, e novas recomendações poderão ser emitidas conforme os indicadores de cobertura vacinal evoluam.
A saúde coletiva depende do esforço conjunto de autoridades, profissionais de saúde e da população para assegurar que doenças como o sarampo não voltem a ameaçar a saúde pública.
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