21 de novembro de 2024
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Inovação na Agricultura: Emater Goiás e Embrapa Pesquisam Bioinsumos para Melhorar Cultivo de Arroz em Porangatu

Estudo pioneiro na Estação Experimental de Porangatu investiga o uso de bioinsumos para aumentar a resistência do arroz ao estresse hídrico e promover uma produção mais sustentável.
Foto: Emater Goiás

A Emater Goiás, em colaboração com a Embrapa Arroz e Feijão, está desenvolvendo um projeto de pesquisa inovador na Estação Experimental de Porangatu, localizada na região Norte do estado. O foco do estudo é a utilização de bioinsumos em lavouras de arroz, visando validar quais cultivares se adaptam melhor ao uso de inoculantes e às características específicas do solo da região. Com isso, espera-se não apenas aumentar a produtividade, mas também assegurar uma agricultura mais sustentável e resiliente frente aos desafios climáticos.

Benefícios dos Bioinsumos

Os experimentos realizados até o momento indicam que o uso de bioinsumos pode proporcionar uma maior tolerância do arroz aos efeitos do déficit hídrico, um problema recorrente na região. O engenheiro agrônomo Enderson Ferreira, doutor em Fitotecnia e pesquisador da Embrapa, destaca que Porangatu é um local ideal para esse tipo de pesquisa devido às suas condições climáticas. Durante a safra de inverno, a ausência de chuvas e as temperaturas elevadas favorecem o desenvolvimento dos estudos, já que a cultura do arroz é especialmente sensível a temperaturas abaixo de 18 °C.

Uma História de Agricultura

Historicamente, a região Norte de Goiás foi um importante polo de produção de arroz, especialmente nos anos em que o cultivo era usado para “amansar a terra”, uma prática comum entre os agricultores que desmatavam o Cerrado antes de iniciar o plantio de pastagens ou outras culturas. Ferreira recorda: “Esse é um termo utilizado há 40 anos, quando os produtores utilizavam o arroz nos primeiros anos de cultivo após desmatar.”

Importância da Pesquisa

Sérgio Paulo, diretor de pesquisa agropecuária da Emater, enfatiza a relevância das pesquisas para a agricultura familiar: “O arroz é um alimento básico para milhões de brasileiros, e para que ele chegue à mesa, o processo começa no campo. Nossos experimentos são fundamentais para garantir o sucesso do agricultor familiar, especialmente em situações de estresse hídrico.”

Na Estação Experimental, a pesquisa atualmente avalia três cultivares de arroz:

  1. Douradão: A cultivar mais antiga, conhecida por sua tolerância ao estresse hídrico.
  2. BRS Esmeralda: Uma cultivar suscetível ao estresse hídrico.
  3. BRS A502: Uma cultivar moderna, lançada há três anos, que vem sendo cada vez mais demandada para cultivo sob pivô central.

Inoculante MIX: Um Aliado no Cultivo

A pesquisa também se destaca pelo uso do inoculante MIX, um bioproduto composto por três bactérias que promovem o crescimento e a produtividade do arroz. A primeira bactéria produz o ácido indolacético (AIA), que estimula o crescimento das raízes, permitindo uma maior absorção de água e nutrientes. A segunda bactéria facilita a solubilização do fósforo, um nutriente essencial que muitas vezes está disponível no solo, mas inacessível para as plantas. A terceira bactéria ajuda as plantas a tolerar a deficiência de água.

Além do MIX, outros dois inoculantes comerciais estão sendo comparados: o BiomaPhós, que também atua na solubilização do fósforo, e o Auras, que auxilia as plantas a lidarem com a falta de água.

Resultados Promissores

Este é o segundo experimento da parceria entre Emater e Embrapa. O primeiro, realizado em Santo Antônio de Goiás durante a safra das águas de 2023/24, mostrou resultados animadores. Sob condições de estresse hídrico, a cultivar BRS A502 inoculada com o MIX, que recebeu apenas 50% da dose de fertilizante fosfatado, apresentou desempenho superior em comparação aos inoculantes BiomaPhós e Auras.

“Esses resultados confirmam que o arroz é uma oportunidade viável e rentável para o agricultor familiar da região Norte. Acreditar que o solo aqui é pobre é um erro. Com o manejo adequado e a adoção de tecnologias, é possível obter ótimos resultados,” afirma Enderson Ferreira.

As pesquisas desenvolvidas em Porangatu não apenas prometem revitalizar a produção de arroz na região, mas também sinalizam um futuro mais sustentável para a agricultura em Goiás. A combinação de tecnologias inovadoras e práticas agrícolas sustentáveis pode ser a chave para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, assegurando que o arroz continue a ser um alimento essencial na mesa dos brasileiros.

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