TV 3.0 é apresentada em Las Vegas com protótipos reais e promessa de inclusão digital no Brasil
Durante o NAB Show, maior evento global de radiodifusão, governo brasileiro e Fórum SBTVD revelam antena e conversor da nova geração da televisão aberta. Equipamentos devem ter preços acessíveis e podem ser distribuídos gratuitamente para famílias de baixa renda.

A revolução da televisão aberta brasileira começou a tomar forma concreta neste domingo (6), em Las Vegas (EUA). No palco do NAB Show 2025, o maior evento de radiodifusão do mundo, foram apresentados os primeiros protótipos da antena e do conversor da TV 3.0, o novo padrão tecnológico que vai transformar a experiência de assistir TV no país.
O anúncio, feito durante o painel “Status e Perspectivas do DTV+: Fórum SBTVD & Ministério das Comunicações”, contou com a presença do secretário de Comunicação Social Eletrônica do Ministério das Comunicações, Wilson Diniz Wellisch, e do coordenador do Fórum do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (SBTVD), Raymundo Barros, que conduziu a demonstração dos dispositivos.
“Tivemos essa grata surpresa que o Raymundo nos trouxe hoje, aqui, que é a antena e o conversor. Algo já palpável, para todo mundo ver”, comemorou Wellisch, em meio a uma plateia formada por engenheiros, radiodifusores e especialistas em mídia de mais de 160 países.
Acessibilidade e preço: a democratização da nova TV
Uma das principais preocupações em torno da implementação da TV 3.0 no Brasil é o custo dos novos equipamentos. O governo federal tem insistido na inclusão digital como prioridade, e o próprio secretário garantiu que o objetivo é tornar a transição acessível à população.
“Muito se fala em preços elevados, que vai encarecer demais a experiência de ver TV, mas é bom que possamos desmistificar isso”, destacou Wellisch. Segundo ele, o Ministério das Comunicações estuda distribuir gratuitamente antenas e conversores para famílias de baixa renda, como ocorreu na migração da TV analógica para a digital.
Raymundo Barros, presidente do Fórum SBTVD, reforçou que os preços devem cair rapidamente com a produção em larga escala. “Não pode ser caro no longo prazo — e não vai ser. Os primeiros produtos podem, sim, ter um custo um pouco mais alto no início, mas depois os preços caem rápido com a grande escala. A tendência é que os preços despenquem em um ano”, explicou.
TV 3.0: qualidade de cinema e navegação por aplicativos
A nova geração da televisão aberta brasileira vai muito além da qualidade de imagem. A TV 3.0 integra os canais à internet, transformando o modo como o telespectador interage com o conteúdo. Ao invés de números de canal, o público verá ícones de aplicativos, semelhantes aos sistemas de streaming atuais.
Entre as principais inovações estão:
- Imagem em 4K e 8K com maior profundidade de cor e contraste, graças ao HDR (High Dynamic Range);
- Áudio imersivo, com sensação de tridimensionalidade;
- Interatividade total, permitindo que o usuário escolha assistir ao vivo ou acessar conteúdos sob demanda;
- Personalização da experiência, com recursos que lembram perfis de usuários em plataformas como Netflix e Globoplay.
A navegação será feita por controle remoto ou comandos de voz, e os novos televisores já virão com o sistema embutido. Para os aparelhos antigos, o conversor será necessário.
Brasil no centro do debate global sobre radiodifusão
Além da apresentação dos protótipos, Wilson Wellisch participou da palestra da presidente da ATSC (Advanced Television Systems Committee), Madeleine Noland, que abordou estratégias de colaboração internacional. A ATSC é responsável pelo padrão de TV digital adotado nos Estados Unidos — e uma das inspirações para a versão brasileira da TV 3.0.
O secretário também se reuniu com Curtis LeGeyt, presidente e CEO da NAB, e participou do “Encontro de Radiodifusores da América Latina – SET Connection”, antes de comparecer a um jantar promovido pela Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT).
A participação do governo brasileiro foi articulada pela SET (Sociedade de Engenharia de Televisão), entidade técnico-científica que promove o avanço da radiodifusão no país. Para a SET, a TV 3.0 representa uma oportunidade histórica de inclusão digital, acesso democrático à informação e estímulo à inovação na indústria nacional.
O caminho até a TV 3.0
A implementação da nova geração televisiva será gradual. A previsão é de que a transição comece pelas grandes capitais, com os primeiros sinais sendo transmitidos experimentalmente ainda em 2025. O cronograma oficial, elaborado pelo Ministério das Comunicações e pelo Fórum SBTVD, deverá ser anunciado nos próximos meses.
Criado em 2006, o Fórum SBTVD reúne representantes do governo, da indústria, emissoras de rádio e TV, universidades e centros de pesquisa. Seu papel é garantir que o padrão tecnológico adotado seja eficiente, inclusivo e adaptado à realidade brasileira.
O NAB Show segue até a próxima quarta-feira (9) e promete novas discussões sobre o futuro da mídia, da conectividade e da democratização do conteúdo audiovisual no mundo. Para o Brasil, a TV 3.0 deixa de ser um projeto distante para se tornar uma realidade palpável — e democrática.
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