25 de abril de 2025
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Terceiro setor no Brasil enfrenta desafios críticos: falta de recursos e escassez de profissionais qualificados

Levantamento inédito revela que 86% das ONGs têm dificuldades financeiras; burocracia e baixa visibilidade também impactam setor.
Estudo mostra que 86% das entidades do terceiro setor sinalizam recursos financeiros como o principal desafio para manter suas atividades; 59% relata a escassez de recursos humanos.

O terceiro setor no Brasil enfrenta desafios estruturais que ameaçam a sustentabilidade de milhares de organizações sociais. De acordo com um estudo inédito realizado pela Phomenta, 86% das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) apontam a falta de recursos financeiros como o principal entrave para sua continuidade, enquanto 59% relatam escassez de mão de obra qualificada. O levantamento, conduzido entre agosto de 2023 e setembro de 2024, analisou 403 ONGs formalizadas em todas as regiões do país e trouxe um retrato detalhado das dificuldades enfrentadas por essas instituições.

O cenário das OSCs no Brasil

O estudo, intitulado “Desafios das OSCs”, revelou que, além da dificuldade de captação de recursos e da falta de profissionais especializados, as organizações enfrentam baixa visibilidade (36%), excesso de burocracia (29%) e falta de inovação.

A pesquisa destacou que os desafios variam conforme a localização das organizações. No Sudeste, onde se concentra 59,3% das OSCs, os obstáculos financeiros são menos frequentes (18%) do que em outras regiões. Já no Norte, o peso da burocracia foi significativamente maior.

“Precisamos entender que o trabalho das ONGs não se sustenta apenas no voluntariado. A profissionalização da gestão, captação de recursos e planejamento financeiro são essenciais para garantir que essas organizações possam continuar atuando e ampliando seu impacto”, afirma Rodrigo Cavalcante, diretor executivo da Phomenta.

Impacto do porte das OSCs nos desafios enfrentados

O levantamento também revelou que as dificuldades variam de acordo com o tamanho das organizações:

  • OSCs formadas apenas por voluntários enfrentam burocracia (38%) e dificuldade de conciliar tempo para o trabalho social (37%).
  • Entidades com até dois funcionários têm ainda mais dificuldades na conciliação de tempo (41%).
  • ONGs com três a nove colaboradores sofrem mais com a escassez de recursos humanos (69%).
  • Grandes OSCs, com mais de 50 funcionários, apontam a baixa visibilidade como um dos maiores desafios.

Além disso, a pesquisa demonstrou que as organizações compostas apenas por voluntários enfrentam uma situação ainda mais crítica: 93% delas têm dificuldades financeiras, e 37% relatam sobrecarga ao equilibrar trabalho social com outras responsabilidades.

Necessidade de mudanças estruturais

A pesquisa da Phomenta reforça a necessidade de políticas públicas mais eficazes, além de maior apoio do setor privado para fomentar a sustentabilidade das OSCs. Cavalcante destaca que a falta de profissionais especializados prejudica a eficiência da gestão, resultando em acúmulo de funções e sobrecarga de trabalho, fatores que limitam o crescimento e o impacto das organizações.

“O terceiro setor desempenha um papel fundamental no Brasil, atendendo demandas sociais que muitas vezes o poder público não consegue suprir. No entanto, sem recursos adequados e profissionais capacitados, o potencial dessas organizações fica comprometido”, conclui o diretor da Phomenta.

O levantamento reforça a urgência de mudanças estruturais, seja por meio de novas fontes de financiamento, melhoria da governança ou maior engajamento da sociedade e empresas. Enquanto isso, milhares de OSCs seguem operando no limite, tentando superar obstáculos para continuar transformando realidades.

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