24 de janeiro de 2025
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Supersalários na Comurg: Auxiliar de limpeza ganha R$ 44 mil, enquanto prefeitura enfrenta crise financeira

Auditoria é iniciada para investigar irregularidades salariais, enquanto Goiânia lida com dívida de R$ 3,4 bilhões e cortes nos cargos comissionados.
Valdivino Oliveira, titular da Fazenda, e o prefeito Sandro Mabel (Alex Malheiros)

A Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) está no centro de uma polêmica envolvendo supersalários de servidores, que ultrapassam em muito o teto municipal e o próprio salário do prefeito. A situação motivou a abertura de uma auditoria pela prefeitura para investigar distorções nos vencimentos.

Entre os casos mais alarmantes está o de um auxiliar de limpeza que recebe R$ 44 mil mensais, enquanto o prefeito Sandro Mabel (UB) tem um salário de R$ 34,5 mil. Outros servidores também acumulam remunerações exorbitantes: um motorista, com salário base de R$ 1.768,94, atinge R$ 27.026,21 com gratificações e benefícios; e uma jardineira, com salário base de R$ 1.547,79, tem rendimento bruto de R$ 19.274,02.

Desbalanceamento salarial

Segundo Mabel, há uma grande disparidade salarial dentro da Comurg, com motoristas ganhando desde o salário mínimo até mais de R$ 10 mil. “As coisas estão desbalanceadas. É preciso entender isso, e estamos empenhados em revisar essas distorções”, afirmou o prefeito.

A prefeitura determinou que a Secretaria Municipal de Administração (Semad) e a Controladoria-Geral do Município (CGM) conduzam uma auditoria detalhada. A expectativa é identificar casos de irregularidade e corrigir as discrepâncias.

Cortes e reorganização administrativa

Como medida inicial, o presidente da Comurg, coronel Cleber Aparecido dos Santos, exonerou 420 dos 800 cargos comissionados da companhia, visando reduzir R$ 3 milhões na folha de pagamento. Além disso, um levantamento completo está sendo realizado para avaliar as remunerações e corrigir práticas que possam ser consideradas abusivas ou irregulares.

Crise financeira agrava o cenário

A situação dos supersalários surge em um contexto de grave crise financeira na Prefeitura de Goiânia. A dívida acumulada do município ultrapassa R$ 3,4 bilhões, sendo que 76% desse montante é atribuído à Comurg e ao Instituto de Assistência à Saúde e Social dos Servidores Municipais (Imas), cujas dívidas somam R$ 2,584 bilhões.

Mabel destacou que mais da metade do orçamento municipal está comprometido com o pagamento de salários, dificultando a gestão financeira. Como medida emergencial, a prefeitura suspendeu temporariamente o pagamento de dívidas deixadas pela gestão anterior e exigiu a comprovação de débitos para avaliar quais serão renegociados.

Revisão necessária para equilíbrio financeiro

Especialistas apontam que a prática de incorporação de benefícios, como quinquênios e adicionais, contribui para o aumento exponencial das remunerações na Comurg. De acordo com a convenção coletiva vigente, a cada cinco anos de trabalho, os servidores têm direito a um acréscimo de 10% na remuneração total, incluindo insalubridade e gratificações.

Apesar de legítima, a prática pode gerar distorções se não for acompanhada de um controle rigoroso. A auditoria busca entender como esses aumentos foram aplicados e identificar possíveis abusos.

Perspectivas para o futuro

A investigação em curso deve trazer à tona a extensão dos problemas na Comurg e ajudar a restabelecer o equilíbrio financeiro da prefeitura. Além disso, espera-se que a revisão salarial e os cortes administrativos resultem em uma administração mais transparente e eficiente, beneficiando os cidadãos de Goiânia.


Fontes: Diário Oficial do Município, Prefeitura de Goiânia

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