18 de outubro de 2024
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Situação crítica das barragens no Brasil: mais de 1.500 estruturas em alto risco de rompimento

Mesmo após os desastres em Mariana e Brumadinho, o Relatório de Segurança de Barragens 2023 revela cenário alarmante, com 6% das estruturas classificadas como de alto risco e exigindo ações urgentes.
Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico estudou 25.943 estruturas no país no ano de 2023

O Relatório de Segurança de Barragens (RSB) 2023, divulgado em junho deste ano pela Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), trouxe à tona um panorama preocupante sobre a situação das barragens no Brasil. Mesmo após os trágicos rompimentos em Mariana (2015) e Brumadinho (2019), que deixaram centenas de mortos e devastaram o meio ambiente, 1.591 barragens em todo o país ainda são classificadas como de alto risco e com potencial para provocar danos significativos em caso de rompimento. Isso representa 6% das mais de 25 mil estruturas avaliadas no relatório.

Monitoramento e ação insuficientes após tragédias

De acordo com o RSB 2023, das 25.164 barragens cadastradas, apenas 5.916 estão incluídas na Política Nacional de Segurança de Barragens (PNSB), um dado que preocupa especialistas e gestores do setor. Rogério Neves, CEO da CPE Tecnologia, empresa que desenvolve soluções em geotecnologia, considera o cenário alarmante. “Estamos lidando com um número expressivo de estruturas sob risco elevado. Se mais de 1,5 mil barragens apresentam esse nível de perigo, é um claro indicativo de que as tragédias em Mariana e Brumadinho não serviram como alerta suficiente para a desativação de áreas críticas e a intensificação do monitoramento em outros locais”, afirma Neves.

Neves também destaca que o uso de tecnologias avançadas poderia ter um impacto positivo na prevenção de desastres, e apela para que os investimentos no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do Governo Federal, incluam recursos voltados ao monitoramento constante e à modernização das barragens. “Não basta investir apenas em construção, é fundamental destinar parte dos recursos para garantir o acompanhamento contínuo dessas estruturas, utilizando ferramentas tecnológicas que auxiliem na concepção de cenários precisos e na tomada de decisões mais assertivas”, sugere o especialista.

Problemas recorrentes e fatores agravantes

O relatório também aponta que em 2022 ocorreram 50 acidentes ou incidentes envolvendo barragens, grande parte deles atribuídos às chuvas intensas e ao acúmulo de água, fatores recorrentes em muitas regiões do Brasil. Além disso, 229 barragens foram classificadas como prioritárias para uma revisão imediata de segurança, das quais 170 já apresentaram problemas em levantamentos anteriores.

Essa reincidência de falhas na segurança reforça a necessidade de uma resposta coordenada entre o poder público e a iniciativa privada, conforme sugere Rogério Neves. “O Brasil tem à disposição tecnologia e profissionais capacitados para atuar na mitigação desses riscos. O que falta é o compromisso de agir, tanto por parte dos gestores públicos quanto das empresas. Precisamos de ação urgente”, conclui.

O caminho pela tecnologia e o Novo PAC

Para além dos desafios, o relatório sugere que há alternativas viáveis para evitar novas catástrofes. O uso de geotecnologia, sistemas de monitoramento remoto e a aplicação de inteligência artificial são algumas das soluções que vêm sendo adotadas em outros países para garantir a segurança de barragens. Esses avanços são capazes de monitorar alterações estruturais, movimentações de terra e acúmulo de água em tempo real, oferecendo aos operadores uma visão detalhada das condições das barragens e permitindo uma reação rápida em caso de anomalias.

Segundo Neves, incluir esses tipos de investimento no Novo PAC seria um avanço estratégico. “Ao modernizar e monitorar as barragens já existentes, além de construir novas de forma mais segura, o governo pode evitar que se repitam os erros do passado. Com a combinação correta de tecnologia, gestão e investimentos, o Brasil tem condições de reduzir consideravelmente o risco de novos desastres”, sugere.

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