Símbolo do art déco goiano, antigo Fórum de Goiás começa a ser restaurado na Praça Cívica
Com investimento de R$ 4,9 milhões do Tesouro Estadual, obra marca fase final de requalificação dos edifícios históricos da Praça Cívica e prevê integração do prédio ao Museu da Imagem e do Som e à Secretaria da Cultura

Um dos mais emblemáticos marcos da arquitetura art déco em Goiás, o antigo prédio do Fórum e da Procuradoria-Geral do Estado (PGE), localizado na Praça Cívica, começou a ser restaurado nesta semana. A intervenção, conduzida pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult Goiás), representa um passo decisivo na requalificação do conjunto arquitetônico histórico do centro político e simbólico de Goiânia.
Com investimento de R$ 4,9 milhões provenientes do Tesouro Estadual, a obra contempla tanto a restauração da fachada quanto a modernização completa da infraestrutura do edifício, respeitando os critérios técnicos exigidos para bens tombados em nível federal e estadual. O prédio, construído em 1936 e inaugurado em 1942, é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e pelo Conselho Estadual de Patrimônio.
Intervenções estruturais e preservação do estilo art déco
Além do resgate de suas características originais — como a simetria, as esquadrias horizontais e os elementos em relevo típicos do art déco — o projeto inclui o reforço das fundações, substituição integral da cobertura, readequação das redes elétrica, hidráulica e hidrossanitária, e instalação de novos sistemas de combate a incêndio. Estão previstas também melhorias voltadas à acessibilidade, com construção de rampas e banheiros adaptados para pessoas com deficiência (PcD), adequando o espaço às normativas contemporâneas de inclusão.
Segundo a secretária da Cultura, Yara Nunes, a restauração do antigo Fórum simboliza o fechamento de um ciclo de revitalizações estratégicas promovidas na Praça Cívica. “Estamos devolvendo à sociedade um patrimônio com profundo valor simbólico e histórico. Depois da requalificação das fachadas do Palácio das Esmeraldas, da Secretaria de Desenvolvimento Social e do Centro Cultural Marietta Telles, e com o Museu Zoroastro Artiaga em ritmo acelerado, este é o último elo de um projeto integrado de resgate da memória urbana de Goiânia”, afirmou.
Novo uso para um patrimônio histórico
O edifício será parcialmente incorporado ao Museu da Imagem e do Som de Goiás (MIS), que ocupará o térreo com salas de exposições permanentes e temporárias. Já o segundo pavimento será destinado à área administrativa da própria Secult Goiás. A proposta segue uma tendência internacional de reutilização adaptativa de edificações históricas, conciliando preservação com funcionalidade pública.
O prédio encontra-se desocupado desde janeiro de 2019, após laudos técnicos do Corpo de Bombeiros constatarem riscos estruturais, sobretudo quanto à segurança contra incêndios. Desde então, esteve fechado à visitação e sem uso institucional, o que reforçou o estado de deterioração das suas estruturas.
Referência da arquitetura moderna brasileira
O antigo Fórum é um dos primeiros edifícios públicos erguidos no contexto de fundação da nova capital de Goiás, planejada sob inspiração modernista durante o governo de Pedro Ludovico Teixeira. Sua concepção integra o projeto urbanístico de Attilio Corrêa Lima, e representa o esforço de interiorização do poder público e da modernização institucional no Centro-Oeste nos anos 1930 e 1940.
A estética art déco de Goiânia, que se consolidou como um dos maiores acervos do estilo no Brasil, foi reconhecida em 2003 com o tombamento da Praça Cívica e de 22 edificações vizinhas pelo Iphan. O antigo Fórum é considerado um dos exemplares mais fiéis e bem compostos desse conjunto.
Perspectivas e legado cultural
Com previsão de conclusão para 2026, a restauração deve ampliar o circuito cultural do centro de Goiânia, conectando museus, centros culturais e órgãos públicos históricos. Para especialistas em patrimônio, trata-se de um projeto com valor pedagógico, turístico e cívico. “É uma oportunidade rara de reconectar a cidade com sua origem arquitetônica e institucional”, afirma o arquiteto e urbanista Carlos Eduardo Pina, pesquisador da história da capital.
A restauração do antigo Fórum de Goiás representa, assim, mais que uma obra de engenharia: é uma reafirmação da identidade goiana e da memória coletiva do povo que construiu a capital a partir de um ideal de modernidade e pertencimento.
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