Quadrilha do “golpe da novinha” é desarticulada em operação nacional: 8 presos por extorsão digital e perfis falsos
Suspeitos usavam redes sociais para trocar nudes com vítimas, alegavam se tratar de menores de idade e simulavam ameaças com falsos delegados para extorquir dinheiro. Polícia bloqueou R$ 116 mil em bens e cumpriu mandados em Goiás e no Rio Grande do Sul.
Uma ação coordenada entre as Polícias Civis de Goiás e do Rio Grande do Sul culminou na prisão de oito pessoas acusadas de integrar uma quadrilha especializada em extorsão digital através de redes sociais. O grupo, segundo a investigação, utilizava perfis falsos para atrair vítimas com promessas de conversas íntimas e trocas de imagens sensuais, em um esquema conhecido como “golpe da novinha”.
A operação deflagrada na manhã desta terça-feira (13) cumpriu 12 mandados de prisão temporária, 12 mandados de busca e apreensão e 12 medidas cautelares em Goiânia, Porto Alegre, Viamão, Guaíba e São Jerônimo, no Sul do país. Foram também bloqueados judicialmente R$ 116 mil em bens e valores, supostamente oriundos das práticas criminosas.
O golpe passo a passo: manipulação e coerção
A quadrilha agia de forma meticulosa. De acordo com a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC), tudo começava com um convite de amizade enviado por um perfil falso nas redes sociais, geralmente com a imagem de uma jovem atraente. Após a aceitação, a falsa usuária iniciava a conversa e enviava imagens íntimas, previamente produzidas para a fraude.
O golpe ganhava corpo quando a vítima, sentindo-se à vontade, também enviava fotos sensuais. Pouco depois, surgia a chantagem: os criminosos informavam que a mulher retratada era menor de idade e que, portanto, a vítima havia cometido um crime previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Para tornar a encenação mais crível, os golpistas envolviam personagens fictícios, como o “pai da menor” e um suposto delegado de polícia, que ameaçavam abrir um inquérito e prender a vítima caso ela não pagasse valores em dinheiro ou transferências bancárias para “encerrar o caso”.
“É um esquema que mescla engenharia social, manipulação emocional e intimidação. Eles induzem a vítima a crer que está em situação de flagrante delito e criam um ambiente de desespero para forçar o pagamento”, explicou em nota a Polícia Civil de Goiás.
Bens e provas apreendidos
Durante as buscas, foram recolhidos celulares, computadores, contas bancárias vinculadas às transações, além de documentos e comprovantes que reforçam a ligação entre os investigados. Todo o material será periciado para aprofundar a apuração da origem e destino dos valores obtidos ilicitamente.
Apesar da seriedade do crime, os nomes dos suspeitos não foram divulgados até o momento, com base na legislação de proteção da identidade durante a fase inicial das investigações. A polícia informou que os presos serão ouvidos e que novas diligências podem resultar em mais prisões nos próximos dias, inclusive de cúmplices ainda não identificados.
Alerta às vítimas e à população
A Polícia Civil orienta vítimas que tenham recebido mensagens semelhantes a não realizarem pagamentos e procurarem imediatamente a autoridade policial. Casos desse tipo, segundo a DERCC, têm se multiplicado nos últimos anos com o avanço das redes sociais e da facilidade de criar perfis falsos.
“É importante lembrar que nenhum agente público entra em contato por redes sociais cobrando valores para interromper processos. Isso é crime. E quem paga, muitas vezes, continua sendo extorquido”, alertou o delegado responsável pelo caso.
As investigações seguem em sigilo, mas a operação já é considerada uma das maiores ofensivas contra crimes cibernéticos envolvendo extorsão sexual na região Centro-Sul do Brasil.
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