9 de julho de 2025
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Procon Goiás autua 15 postos por lucros abusivos em combustíveis; etanol teve margem bruta superior a 40%

Fiscalização iniciada durante o feriado de abril revela aumentos injustificados de até R$ 1 no preço do etanol; um posto foi flagrado sem apresentar notas fiscais. Órgão reforça que abuso nos preços afronta o Código de Defesa do Consumidor.

Autuação é resultado da fiscalização iniciada no feriado do dia 18 de abril, período em que foi observada a elevação de até R$ 1 no preço do etanol (Foto: Procon)

Uma fiscalização rigorosa conduzida pelo Procon Goiás resultou na autuação de 15 postos de combustíveis no estado por práticas abusivas de preços, especialmente no valor cobrado pelo etanol hidratado. A investigação, iniciada durante o feriado prolongado de 18 de abril, identificou aumentos de até R$ 1 por litro sem justificativa técnica ou de mercado, ferindo o que estabelece o Código de Defesa do Consumidor (CDC).

Segundo os técnicos do órgão, os fiscais monitoraram a movimentação do mercado após denúncias de consumidores que perceberam aumentos súbitos e generalizados nos preços do etanol nas bombas, especialmente na Grande Goiânia e em cidades do interior.


Lucros acima de 40% em alguns postos

A análise documental revelou margens brutas de lucro incompatíveis com a razoabilidade do mercado de combustíveis. Em um dos casos mais graves, um posto adquiriu etanol a R$ 3,04 e vendeu ao consumidor por uma média de R$ 4,28 no período entre 16 de março e 16 de abril — margem de 40,78%.

Outro estabelecimento comercializava o mesmo combustível com margem de 36,60%, ao vender por R$ 4,18 o litro adquirido a R$ 3,06, de acordo com os registros de notas fiscais analisados.

Para o Procon Goiás, esse tipo de prática configura abuso de poder econômico, ao aproveitar datas de alta demanda — como feriados prolongados — para elevar preços sem justificativa clara, violando o artigo 39 do CDC, que veda práticas como “elevar sem justa causa o preço de produtos ou serviços” e “exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva”.


Posto sem documentos também foi multado

Além dos 15 autuados por margem de lucro abusiva, um posto foi autuado por descumprir a notificação administrativa, ao não entregar a documentação exigida no prazo. No total, 42 estabelecimentos foram notificados a apresentar, no intervalo de 30 dias, todas as notas fiscais de entrada e cupons fiscais de venda de combustíveis, conforme exigência dos procedimentos fiscais do Procon.

Os estabelecimentos autuados terão 20 dias para apresentar defesa, e podem ser penalizados com multas que variam de R$ 800 a R$ 10 milhões, dependendo da gravidade da infração, reincidência e porte econômico da empresa.


Fiscalização será permanente, diz superintendente

O superintendente do Procon Goiás, Marco Palmerston, reforça que o acompanhamento de preços nos postos é parte de uma estratégia permanente de proteção ao consumidor.

“Acompanhar o mercado de combustíveis é uma ação rotineira e estratégica para coibir abusos. Nosso foco é garantir equilíbrio na relação de consumo e impedir que o consumidor seja penalizado por práticas oportunistas”, explicou Palmerston.


Como denunciar

O Procon orienta que qualquer prática considerada abusiva deve ser denunciada pelos consumidores. As denúncias podem ser feitas por:

  • Telefone 151 (em Goiânia)
  • Telefone (62) 3201-7124 (demais regiões)
  • Plataforma Procon Web: proconweb.ssp.go.gov.br

Para agilizar a apuração, o órgão recomenda que o consumidor registre imagens ou guarde comprovantes de compra, como cupons fiscais com data, hora, local e valor do combustível.


Mercado sob pressão

Especialistas apontam que, embora o preço dos combustíveis esteja sujeito a variações nos mercados nacional e internacional — com influência de fatores como o câmbio, a cotação do petróleo e a política de preços da Petrobras — não há justificativa plausível para aumentos súbitos como os identificados.

Segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o preço médio do etanol em Goiás nas primeiras semanas de abril oscilou entre R$ 3,45 e R$ 3,60, sem variação relevante nas distribuidoras. Portanto, os aumentos para R$ 4,20 ou mais em postos de varejo não refletem aumentos nos custos operacionais, mas sim a exploração da alta demanda de feriados.

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