Prefeito Sandro Mabel anuncia reestruturação da Comurg com demissões, corte de comissionados e plano de saneamento em 2025
Em meio a um passivo bilionário e denúncias de má gestão e rachadinhas herdadas da administração anterior, nova fase de reforma na companhia prevê enxugamento de gastos, desligamento de servidores inativos e abertura gradual ao setor privado

O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), anunciou nesta quarta-feira (9) uma nova e decisiva etapa na reestruturação da Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), com foco na redução drástica da folha de pagamento, saneamento financeiro e abertura parcial da empresa ao setor privado. A medida vem acompanhada de uma série de cortes, incluindo o desligamento de 668 servidores, entre aposentados e efetivos, e a extinção de diretorias, visando ajustar a estrutura administrativa da estatal.
A nova fase, segundo Mabel, visa colocar a Comurg em rota de solvência até outubro de 2025, meta ambiciosa diante de um passivo que, segundo estimativas da atual gestão, pode alcançar a marca de R$ 2 bilhões, considerando ações judiciais em curso e dívidas não contabilizadas.
Enxugamento e legalidade: o fim da lotação de inativos
O maior impacto imediato da reestruturação será sentido na folha de pagamento da companhia, que será reduzida em 27,2% com a saída de 668 servidores. Desses, 412 são aposentados que, conforme justificou Mabel, estavam lotados na companhia em desacordo com a Emenda Constitucional nº 103/2019, que proibiu a permanência de servidores inativos em empresas públicas.
Apesar da proibição, esses servidores teriam sido mantidos na ativa durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Solidariedade). A atual administração anulou os contratos que violavam a norma constitucional. Segundo o presidente da Comurg, Cleber Aparecido, os aposentados desligados não terão direito a rescisões, mas receberão pagamento do FGTS represado desde 2022, além da manutenção do plano de saúde do IMAS por mais 12 meses.
Mabel ainda detalhou que 85% desses servidores não estavam em atividade por limitações relacionadas à idade ou a condições laborais. “Estamos ajustando a máquina pública à legalidade e à eficiência. No primeiro dia da gestão, cortei 80% dos cargos comissionados e quatro diretorias. Estamos reinventando a Comurg para o futuro da cidade”, afirmou o prefeito.
Nova política de licitação e corte de contratos superfaturados
Paralelamente à reforma no quadro de pessoal, a Prefeitura afirma ter promovido uma revisão rigorosa de contratos firmados pela companhia nos últimos anos. Segundo Mabel, há casos de serviços que estavam sendo pagos até quatro vezes acima do valor de mercado. As mudanças nos procedimentos licitatórios permitiram, segundo ele, uma economia significativa e deram fôlego para novos investimentos.
Esse processo de ajuste é parte de um planejamento mais amplo que prevê, inclusive, a abertura dos serviços da Comurg ao setor privado, como forma de gerar receitas e reduzir a dependência de recursos públicos. A proposta, ainda em elaboração, deverá ser submetida à Câmara Municipal.
Esquemas de corrupção e passivo bilionário
Um dos pontos mais sensíveis da coletiva foi a revelação de indícios de esquemas de rachadinhas dentro da estrutura da Comurg, prática pela qual parte do salário de servidores é desviado para agentes políticos ou administrativos. “Detectamos mecanismos de corrupção que estavam naturalizados na companhia. Esses desvios serão tratados com rigor”, afirmou Mabel, que indicou o encaminhamento das denúncias ao Ministério Público e à Controladoria-Geral do Município.
Em relação à dívida da Comurg, a nova gestão estima que o passivo real ultrapassa R$ 2 bilhões, sendo R$ 1,2 bilhão somente em ações trabalhistas ainda em trâmite. Parte desse montante não havia sido sequer registrada na contabilidade oficial da empresa, o que torna o desafio de saneamento ainda mais complexo.
Avaliação e próximos passos
A reestruturação da Comurg integra um esforço mais amplo de reorganização da máquina administrativa iniciado por Mabel desde que assumiu o mandato, com o objetivo declarado de sanear finanças, corrigir distorções históricas e abrir espaço para modelos de gestão mais eficientes. O impacto sobre os serviços prestados à população ainda será medido ao longo dos próximos meses.
A promessa da atual gestão é que o redimensionamento do quadro funcional será compensado por melhoria nos processos, modernização e parcerias estratégicas. O prefeito garantiu que não haverá descontinuidade na coleta de lixo, capina e demais atividades urbanas executadas pela companhia.
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