Pipas fora de época acendem alerta em Goiás: rede elétrica sofre impacto e aumenta risco de acidentes
Com 42 ocorrências apenas entre janeiro e maio, número de pipas presas em cabos de energia cresce fora do período tradicional de férias e preocupa autoridades; Goiânia e Aparecida concentram os casos.

Um hábito lúdico e tradicional entre crianças e adolescentes tem provocado um aumento incomum de ocorrências em Goiás: pipas fora de época. De janeiro a maio de 2025, a Equatorial Goiás já registrou 42 episódios de pipas enroscadas na rede elétrica, ultrapassando os 40 registros do mesmo período no ano passado. O volume é considerado atípico para o primeiro semestre, acendendo um sinal de alerta em regiões como Goiânia e Aparecida de Goiânia — que lideram os casos com 12 e 11 ocorrências, respectivamente.
De acordo com a distribuidora de energia, o cenário foge ao padrão sazonal, que historicamente apresenta picos entre os meses de julho e agosto, durante as férias escolares e o período seco. “Estamos diante de um comportamento antecipado e perigoso. A rede elétrica não é brinquedo, e o impacto de uma pipa nos cabos pode ser devastador para a segurança e o fornecimento de energia”, explica Flávio Duarte, gerente de Serviços Técnicos e Comerciais da Equatorial Goiás.
Riscos invisíveis, perigos reais
Além dos transtornos provocados por quedas de energia, o risco vai muito além. “Quando essas pipas se prendem nos fios, podem causar curto-circuito e rompimento de cabos — situações que ameaçam vidas e comprometem a estrutura elétrica da região”, pontua Duarte.
A preocupação aumenta com o uso de cerol — mistura cortante feita de vidro moído e cola — e materiais metálicos nas linhas. “É importante reforçar: cerol pode matar. Já registramos acidentes fatais com motociclistas e crianças por causa dessa prática. Além disso, a presença de cerol nos fios pode arrebentar cabos energizados e causar choques elétricos gravíssimos ou até fatais”, alerta o gerente.
Outro elemento de risco é a rabiola — cauda feita de tiras de pano ou plástico — que pode criar pontes condutoras entre os fios, provocando desligamentos e sobrecargas.
Medidas de prevenção e responsabilidade coletiva
Em resposta ao aumento das ocorrências, a Equatorial Goiás tem investido em tecnologias de mitigação de risco, como os espaçadores de rede, dispositivos que mantêm distância segura entre os cabos e dificultam curtos provocados por objetos externos. Paralelamente, a concessionária intensificou as campanhas educativas em escolas públicas, bairros periféricos e canais digitais, abordando desde o uso consciente da rede até os perigos do cerol.
O alerta, porém, é direto para os responsáveis por crianças e adolescentes. “Soltar pipa é cultural, bonito e saudável — mas precisa ser feito com segurança. Longe de vias públicas, longe da rede elétrica e sem o uso de cerol. A supervisão dos pais é essencial”, ressalta Duarte.
Em caso de pipas presas em cabos de energia, a orientação é não tentar retirar por conta própria. A Equatorial reforça que o correto é acionar os canais oficiais da companhia, como o aplicativo Equatorial Energia (disponível para Android e iOS), o site www.equatorialenergia.com.br, ou pelo telefone 0800 062 0196.
O crescimento fora de época dos casos revela não apenas um fenômeno climático-social inesperado, mas expõe uma lacuna urgente de conscientização e responsabilidade coletiva. Soltar pipa pode ser um ato de liberdade e alegria — desde que não transforme a brincadeira em um gatilho de tragédias evitáveis.
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