PF mira quadrilha bilionária que importou mais de 500 mil celulares de forma ilícita: operação avança em Goiás
Nova fase da Operação Corisco Turbo revela sofisticado esquema de descaminho e lavagem de dinheiro, com ramificações interestaduais e ocultação patrimonial em larga escala

A Polícia Federal deflagrou, na manhã desta terça-feira (13), uma nova etapa da Operação Corisco Turbo, desmantelando um grupo criminoso especializado na importação fraudulenta de eletrônicos, especialmente smartphones de alto valor agregado, com movimentação financeira superior a R$ 1,6 bilhão nos últimos cinco anos. As ações ocorreram em Goiânia e Anápolis, cidades que, segundo a PF, abrigavam núcleos operacionais e logísticos do esquema.
Esquema robusto, altamente profissionalizado
A investigação revelou um modus operandi complexo, baseado em estruturas jurídicas de fachada, interposição fraudulenta de laranjas, e uso de offshores para evasão de divisas. A quadrilha teria introduzido no país, de maneira irregular, mais de 500 mil celulares, burlando o pagamento de tributos federais por meio de triangulações internacionais e empresas fantasmas registradas em nomes de terceiros.
Além dos mandados de busca e apreensão, medidas cautelares patrimoniais já haviam sido determinadas, com sequestro de bens avaliados em R$ 280 milhões, abrangendo dezenas de imóveis de luxo, galpões logísticos, contas bancárias e veículos de alto padrão.
Alvos em Goiás: de centros logísticos a operadores financeiros
Os quatro mandados cumpridos em Goiás — dois em Goiânia e dois em Anápolis — têm como foco novos investigados identificados após o avanço das diligências da primeira fase, realizada em julho de 2024. Entre os alvos, estão intermediadores logísticos, responsáveis pela internalização das mercadorias em zonas secundárias de comércio exterior, e operadores financeiros, encarregados da “lavagem” dos recursos obtidos com o descaminho.
As cidades goianas, segundo fontes ouvidas pela PF, serviam tanto como pontos de armazenamento e distribuição quanto como centros de registro de empresas de fachada, utilizadas para maquiar a origem e o destino dos produtos.
Infrações graves e cadeia internacional de delitos
Os investigados poderão responder por descaminho (art. 334 do Código Penal), organização criminosa (Lei nº 12.850/2013), evasão de divisas (Lei nº 7.492/1986) e lavagem de dinheiro (Lei nº 9.613/1998). Estima-se que o grupo operava uma cadeia logística paralela com ramificações em pelo menos sete estados brasileiros e articulações no Paraguai, Panamá e Emirados Árabes.
A operação conta com o apoio da Receita Federal e da Justiça Federal, que acompanha o processo e o levantamento patrimonial dos investigados.
Operação Corisco Turbo: histórico e avanços
Iniciada em 2024, a Operação Corisco Turbo é uma das maiores ações da Polícia Federal voltadas ao combate ao contrabando eletrônico e lavagem de ativos por meio de empresas de fachada. Em sua primeira fase, foram cumpridos 51 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Paraná, Goiás, Santa Catarina, Maranhão, Rio Grande do Norte e Distrito Federal.
A PF informa que as investigações continuam em curso, e novas fases não estão descartadas, dada a complexidade do esquema, o volume de material apreendido e a identificação de novas redes de cumplicidade empresarial.
O material apreendido — que inclui documentos, mídias digitais, celulares, contratos internacionais e registros fiscais — será periciado e utilizado para aprofundar a análise das conexões financeiras e jurídicas entre os investigados. A PF também pretende ouvir os alvos nas próximas semanas e expandir a cooperação com agências internacionais de combate ao crime financeiro.
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