Operação “Parasita”: Polícia Civil deflagra ação contra esquema de subtração e venda de computadores da Secretaria de Economia de Goiás
15 mandados de busca e apreensão e oito prisões visam desarticular grupo liderado por ex-terceirizado; mais de 100 computadores foram desviados e revendidos a preços abaixo do mercado em Goiás e outros estados.
A Polícia Civil de Goiás (PCGO), por meio da Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), em conjunto com a Secretaria de Economia de Goiás, deflagrou nesta terça-feira a chamada Operação “Parasita”, destinada a desarticular um esquema de subtração e receptação de equipamentos — especialmente computadores e monitores — pertencentes à pasta. A ação — que mobilizou forças em Goiás e contou com apoio das Polícias Civis do Distrito Federal, Tocantins e Minas Gerais — resultou no cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão e oito mandados de prisão (preventivos e temporários). Entre os presos há um receptador flagrado em Goiânia.
Segundo o relatório preliminar da investigação, o núcleo do esquema era composto por um ex-servidor terceirizado da Secretaria, que articulava o desvio dos bens públicos. Ele contava com apoio de outros terceirizados e prestadores de serviço, além de uma rede de receptadores. Ao todo, estima-se que mais de 100 computadores e monitores tenham sido desviados e vendidos por valores muito abaixo do preço de mercado, a fim de garantir margem de lucro a quem adquiria os itens. Entre os compradores figuram proprietários de lojas de informática e empresários de pequeno porte, que revendiam o material em diversas localidades.
A irregularidade foi detectada internamente pela Secretaria de Economia em abril de 2025, durante uma auditoria de rotina em seu parque tecnológico. Ao identificar a subtração sistemática de equipamentos, a pasta promoveu o desligamento imediato dos servidores envolvidos e encaminhou o caso à Polícia Civil, que instaurou inquérito para apuração dos crimes de peculato, furto qualificado e receptação qualificada. A investigação demonstrou que os bens públicos desviados eram destinados à revenda ilícita, o que configurava grave prejuízo ao patrimônio do Estado e perpassava uma estrutura criminosa organizada.
Durante os mandados de busca, os policiais apreenderam diversos equipamentos — parte deles ainda íntegros—, além de documentos, registros de venda e movimentações financeiras que evidenciam a cadeia de comercialização dos bens desviados. As ordens judiciais abrangeram endereços em Goiânia, Aparecida de Goiânia e outros municípios de Goiás, além de capitais de três estados vizinhos, evidenciando a amplitude interestadual da atuação dos investigados.
O preso flagrado em Goiânia encontra-se detido e responderá pelos crimes imputados; as prisões preventivas e temporárias visam garantir a preservação da instrução criminal, evitar destruição de provas e impedir a reiteração delitiva. A Polícia Civil avalia encaminhar os acusados ao tribunal competente tão logo conclua diligências e acuse formalmente todos os envolvidos.
A operação revela a existência de esquemas sofisticados de desvio de bens públicos, geralmente caracterizados por subtração metódica, utilização de rede de receptação e revenda disfarçada — o que dificulta rastreamento e responsabilização. Especialistas em direito público ouvidos por esta reportagem destacam que o caso evidencia a fragilidade de controles internos e a necessidade de auditorias regulares e rigorosas em órgãos que gerenciam patrimônio estatal, sobretudo em períodos de terceirização de serviços.
A Secretaria de Economia informou que reforçará seus mecanismos de controle patrimonial e promoverá nova auditoria para mapear possíveis outras irregularidades. Em nota, a pasta disse lamentar os fatos, comprometer-se com a transparência e colaborar integralmente com as investigações, além de aumentar o rigor na seleção e supervisão de prestadores de serviço terceirizados.
Tags: #Goiás #PolíciaCivil #Corrupção #SecretariaDeEconomia #OperaçãoParasita #CrimeContraAdministração

