Operação “Obra Simulada” revela esquema milionário de corrupção em Goiás
Investigações apontam desvios superiores a R$ 10 milhões em contrato de reforma e manutenção de prédios públicos; suspeita de lavagem de dinheiro é investigada.
A Polícia Civil de Goiás, por meio da Delegacia Estadual de Combate à Corrupção (DECCOR), deflagrou nesta terça-feira (28) a operação “Obra Simulada”, que investiga um complexo esquema de corrupção envolvendo um contrato milionário celebrado entre a Agência Goiana de Infraestrutura e Transporte (GOINFRA) e uma empresa privada do Distrito Federal. O acordo, firmado entre 2023 e 2024, previa a reforma e manutenção de 26 prédios públicos em Goiás, com um valor total de quase R$ 28 milhões.
As apurações revelaram que a empresa contratada recebeu pagamentos antecipados indevidos, mesmo sem a execução das obras contratadas. Segundo a Polícia Civil, o prejuízo inicial ao erário público já ultrapassa R$ 10 milhões, excluindo os custos adicionais que o Estado terá para reconstruir estruturas demolidas e não reerguidas.
Esquema de corrupção e lavagem de dinheiro
Relatórios técnicos da Secretaria Estadual de Infraestrutura (SEINFRA), da Controladoria Geral do Estado (CGE) e da Gerência Estratégica da Polícia Civil na SEINFRA foram fundamentais para expor as irregularidades. A investigação aponta que o esquema teria sido premeditado, com procedimentos de contratação manipulados para favorecer a empresa contratada e agentes públicos envolvidos.
Uma das principais descobertas da operação foi a suspeita de lavagem de dinheiro. Os valores obtidos de forma irregular foram transferidos para empresas de fachada no Distrito Federal, ligadas a familiares e associados de um suposto “sócio oculto” da contratada. Também foram identificados diversos saques em espécie, realizados imediatamente após os pagamentos antecipados.
“As provas evidenciam um fluxo financeiro suspeito, que reforça a prática de crimes como corrupção e lavagem de dinheiro”, afirmou um dos delegados responsáveis pela investigação.
Obras abandonadas e superfaturamento
Além dos pagamentos indevidos, a operação constatou superfaturamento nas intervenções e a ausência de obras prometidas em diversos prédios públicos. Inspeções revelaram estruturas demolidas sem que houvesse qualquer reconstrução.
Entre os indícios encontrados, destacam-se:
- Pagamentos antecipados: A empresa recebeu valores mesmo sem ter cumprido etapas do contrato.
- Obras inacabadas: Apenas parte dos serviços foi executada, e em muitos casos, sequer iniciada.
- Fraude na contratação: Procedimentos administrativos foram manipulados para beneficiar diretamente a empresa investigada.
Impacto financeiro e próximos passos
Os desvios iniciais calculados pela investigação superam R$ 10 milhões, mas o valor pode ser ainda maior à medida que novos dados são analisados. Além do impacto direto ao erário, a paralisação das obras afeta diretamente serviços essenciais prestados nos prédios públicos envolvidos.
A Polícia Civil segue analisando o fluxo financeiro e ampliando as investigações para identificar todos os envolvidos, incluindo agentes públicos e privados. Mandados de busca e apreensão já foram cumpridos em Goiás e no Distrito Federal, e documentos relevantes foram coletados para aprofundar as apurações.
Reação das autoridades e combate à corrupção
A operação “Obra Simulada” reforça o compromisso da DECCOR e de outras instituições goianas no combate à corrupção. Segundo o presidente da GOINFRA, medidas estão sendo tomadas para garantir maior rigor na fiscalização de contratos futuros e evitar novos casos de fraude.
“Não podemos permitir que o dinheiro público seja desviado de forma tão descarada. É nosso dever trabalhar para recuperar esses valores e responsabilizar os culpados,” destacou o presidente da GOINFRA.
A Controladoria Geral do Estado também anunciou que reforçará a fiscalização em obras públicas, com a implantação de sistemas de monitoramento em tempo real para acompanhar a execução de contratos.
Corrupção e seus reflexos sociais
O esquema revelado pela operação “Obra Simulada” evidencia o impacto devastador da corrupção na administração pública. Recursos que deveriam ser destinados à melhoria de serviços essenciais foram desviados, deixando prédios públicos em estado precário e prejudicando diretamente a população.
A sociedade civil acompanha com atenção o desenrolar das investigações, enquanto órgãos de controle e fiscalização prometem intensificar o combate às práticas ilícitas.
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