Novo fluxo do FDCO promete reduzir prazos e ampliar acesso de grandes projetos no Centro-Oeste
Reformulação no processo de contratação pode encurtar em até 165 dias a tramitação dos financiamentos; medida busca atender demanda reprimida de médias e grandes empresas

A partir de 1º de janeiro de 2026, entrará em vigor um novo modelo de tramitação para propostas de financiamento pelo Fundo de Desenvolvimento do Centro-Oeste (FDCO), administrado pela Superintendência do Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco). A mudança tem como meta reduzir em até 165 dias o tempo médio necessário para assinatura dos contratos, que atualmente chega a 710 dias em algumas operações.
Segundo a Sudeco, o novo fluxo permitirá que o prazo máximo seja reduzido para 545 dias, com ganho de eficiência já nas fases iniciais da análise. Hoje, os projetos levados ao FDCO levam em média 466 dias apenas para aprovação dos bancos operadores, o que gera desestímulo à adesão de empresas.
Demanda reprimida e necessidade de ajustes
De acordo com a superintendente da Sudeco, Luciana Barros, a reformulação foi motivada pelo aumento da procura de médias e grandes empresas por recursos de longo prazo na região. Atualmente, mais de 70% do orçamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) é destinado a pequenos empreendimentos, deixando projetos de maior porte sem alternativa adequada de crédito.
“O FDCO foi criado para investimentos estruturantes, mas a tramitação burocrática afastava parte dos interessados. Ao simplificar etapas e estimular o contato direto entre empresários e bancos desde o início, estamos abrindo espaço para projetos de grande impacto econômico e social”, afirmou Barros durante a 24ª reunião ordinária do Conselho Deliberativo da Sudeco (Condel), presidido pelo Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR).
O que muda no processo
O fluxograma do FDCO deixará de exigir etapas consideradas redundantes, como o termo de enquadramento e a autorização do projeto definitivo, que juntas consumiam até 210 dias. Em contrapartida, o processo passará a incluir duas fases preliminares, que permitirão identificar logo no início se há interesse de instituições financeiras em analisar a proposta.
O trâmite será o seguinte:
- O proponente deverá registrar a Consulta Prévia no portal Gov.br, indicando pelo menos um banco operador (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul – BRDE ou Genial Investimentos).
- A Sudeco terá 15 dias para avaliar a consistência da proposta.
- Os bancos indicados terão 30 dias prorrogáveis para informar se aceitam ou não dar seguimento ao projeto definitivo.
- Caso mais de uma instituição manifeste interesse, caberá ao empreendedor escolher em até cinco dias a instituição responsável pela análise.
Com esse desenho, a expectativa é de que em até 45 dias o projeto já esteja em tramitação no banco escolhido, reduzindo riscos de desistência ou reprovação em fases avançadas.
Para o coordenador do FDCO na Sudeco, Jader Verdade, a alteração deve encurtar especialmente a etapa mais longa, que é a análise econômico-financeira, atualmente limitada a 180 dias. “Ao estimular o diálogo prévio entre empresários e agentes financeiros, conseguimos diminuir a possibilidade de frustração de propostas e acelerar a tomada de decisão”, destacou.
Projetos contemplados e impacto esperado
Até o momento, o FDCO possui 24 contratos efetivados, voltados principalmente para energia renovável — com destaque para a expansão da geração fotovoltaica —, além de iniciativas de revitalização urbana e infraestrutura logística, como a modernização do Mercado Municipal de Cuiabá, obras na rodovia MS-306 e na ferrovia da Rumo Logística.
O fundo é destinado a projetos de grande porte, com valor mínimo de R$ 20 milhões por cliente ou grupo econômico. Em municípios de baixa e média renda, o piso é reduzido para R$ 15 milhões. O limite anual de financiamento é de R$ 50 milhões por empresa, podendo ser ampliado mediante decisão colegiada da Sudeco, quando o projeto apresentar impacto estratégico para o desenvolvimento regional.
Com o novo modelo, a Sudeco espera atrair mais propostas ligadas a setores estratégicos, como infraestrutura de transporte, logística, agroindústria e transição energética, ampliando a competitividade da região Centro-Oeste e desconcentrando a pressão sobre o FCO.
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