Motorista de aplicativo é brutalmente assassinado em Jataí: crime expõe vulnerabilidade de trabalhadores por app
Tomas Edson Furtado Alves, 35 anos, foi encontrado com mãos amarradas e sinais de estrangulamento; três suspeitos foram detidos, entre eles dois adolescentes. Caso levanta debate sobre segurança de profissionais autônomos nas periferias.

O assassinato do motorista de aplicativo Tomas Edson Furtado Alves, de 35 anos, chocou moradores de Jataí, no sudoeste goiano, e acendeu um novo alerta sobre a fragilidade da segurança de profissionais que atuam por plataformas digitais. Tomas foi encontrado morto na manhã desta terça-feira (10), com sinais de estrangulamento por corda e as mãos amarradas, em uma rua deserta do Setor Flamboyant, bairro com ocupação irregular e pouca iluminação pública.
A Polícia Civil de Goiás confirmou que a vítima teria sido rendida durante uma corrida iniciada por volta de 1h da madrugada. A corrida duraria quatro minutos, mas levou cerca de 40. Uma rota alterada, segundo o aplicativo, indica que Tomas pode ter sido obrigado a conduzir os suspeitos por um trajeto mais longo — que terminou em seu assassinato.
A perícia inicial aponta que ele foi executado em outro local e apenas deixado na via onde foi encontrado. O carro de Tomas foi posteriormente localizado na zona rural de Guadalupe, sem seus pertences pessoais, como carteira, celular e documentos.
Três suspeitos detidos; crime pode ter sido latrocínio
O delegado Marlon Souza Luz, que lidera as investigações, informou que três pessoas foram detidas, entre elas dois menores de idade. Eles teriam indicado a localização do veículo da vítima, encontrado horas depois do corpo.
A hipótese principal é de latrocínio — roubo seguido de morte —, mas a polícia ainda analisa se houve premeditação ou outras motivações. “A vítima não tinha antecedentes, era pacata, conhecida por seu trabalho e dedicação à família”, afirmou o delegado.
Trabalho digno, morte covarde
Tomas havia começado a trabalhar como motorista de aplicativo há apenas dez dias. Ele também atuava como motorista de ambulância e realizava bicos em horários alternativos. Alugava o veículo que usava para as corridas.
Segundo relatos de amigos e vizinhos, Tomas era o provedor principal da casa e cuidava da mãe, que sofre de problemas cardíacos e diabetes. “Era um homem humilde, de fala mansa. Nunca nos deixou na mão. Trabalhou como zelador, fazia serviços gerais. Um filho exemplar”, lembra Hemily Lima, amiga da família.
Já Meire Alves, vizinha de longa data, lamentou: “Ele cresceu com meus filhos. Não consigo aceitar essa tragédia. Era um menino do bem, só fazia o bem”.
Aplicativo se manifesta e polícia amplia investigações
A empresa Jatahy Mobi, que opera na cidade, emitiu nota de pesar e informou estar colaborando com as autoridades. Em declaração, destacou que os dados do trajeto estão sendo compartilhados com os investigadores e que a plataforma mantém canal aberto com a família da vítima.
A Polícia Civil informou que já solicitou a quebra de sigilo de dados dos suspeitos e trabalha com apoio da inteligência da PM e do Ministério Público. A investigação agora avança para saber se o crime teve ajuda externa e se os autores tinham envolvimento com facções locais ou histórico de violência.
Reflexos sociais: insegurança e abandono
O caso escancara a crescente vulnerabilidade de trabalhadores de aplicativo em cidades do interior. Em bairros como o Flamboyant, a ausência de estrutura urbana, iluminação pública e policiamento ostensivo aumenta o risco de abordagens violentas.
Líderes comunitários e vereadores de Jataí já se manifestaram pedindo a instalação de câmeras de segurança, melhoria da iluminação pública e reforço no efetivo policial na região.
Enquanto isso, a família de Tomas enfrenta o luto e espera por justiça. O corpo será velado nesta quarta-feira, em cerimônia fechada, e enterrado no Cemitério Municipal de Jataí.
Justiça tardia não é justiça
O assassinato de Tomas Edson não é um caso isolado, mas parte de um quadro alarmante de violência contra trabalhadores autônomos. Profissionais sem vínculos empregatícios formais, que arriscam a vida diariamente em busca de sustento, merecem mais do que condolências: precisam de segurança, políticas públicas e dignidade.
A cidade de Jataí está de luto. A sociedade, em dívida.
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