7 de dezembro de 2025
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Morre Jorge Braga, mestre das charges e referência do humor gráfico nacional

Cartunista mineiro radicado em Goiânia faleceu nesta terça-feira (1º); autor de estilo refinado, marcou gerações com sua crítica visual perspicaz e deixa legado ímpar na imprensa brasileira
Jorge Braga, cartunista, chargista e ilustrador. (Wesley Costa)

O Brasil perdeu nesta terça-feira (1º) um de seus mais notáveis cronistas visuais: Jorge Braga, cartunista, chargista e ilustrador que transformou o humor gráfico em linguagem crítica sofisticada e profundamente brasileira. A notícia da morte foi confirmada por sua família na manhã de hoje. Ainda não há informações oficiais sobre o velório e o sepultamento.

Nascido em 1957, em Patos de Minas (MG), Jorge Braga era um autodidata convicto. Desde os primeiros anos de vida, já demonstrava fascínio pelas linhas e traços que preenchiam as páginas dos gibis que seu pai, caminhoneiro, trazia para casa. Aos poucos, passou a criar personagens próprios e a desenvolver um estilo que mais tarde se tornaria uma das marcas mais reconhecíveis da imprensa brasileira.

A mudança para Goiânia, em 1973, marcou o início de uma carreira singular. Na capital goiana, Braga mergulhou em atividades culturais diversas — incluindo o teatro e a música —, mas foi no humor gráfico que encontrou sua linguagem definitiva. Passou por veículos como o jornal Cinco de Março e participou de projetos vanguardistas como o Show do Esqueleto, verdadeiro laboratório de contracultura e arte política durante os anos de chumbo.


A elegância da crítica e o traço da resistência

Em 1977, Jorge Braga passou a integrar a equipe do jornal O POPULAR, principal diário do Estado de Goiás, onde publicou charges diárias por mais de quatro décadas. Seu trabalho era caracterizado por um humor ácido, mas sutil; uma crítica contundente sem jamais descambar para a grosseria ou o cinismo. Seu traço enxuto era tão expressivo quanto suas ideias — quase sempre carregadas de observações precisas sobre os absurdos da política, os vícios do poder, as contradições sociais e o cotidiano do brasileiro médio.

“Ele tinha uma rara capacidade de transformar complexidades em imagens simples, sem perder a profundidade”, disse ao Jornal da Tarde o também cartunista e jornalista Claudius Ceccon, contemporâneo de Braga e admirador declarado de sua obra.

Além do espaço em O POPULAR, Jorge Braga colaborou com revistas e jornais de circulação nacional, participou de exposições, foi premiado em salões de humor no Brasil e no exterior e tornou-se referência para toda uma geração de cartunistas que viam nele um modelo de integridade artística e rigor técnico.


Humor que documenta a história

Para além da crítica circunstancial, Braga deixou um acervo vasto que, reunido, constitui um verdadeiro retrato do Brasil das últimas décadas. Suas charges acompanharam escândalos políticos, campanhas eleitorais, crises econômicas, tragédias sociais e transformações culturais com um olhar sempre agudo, mas generoso com o ser humano.

Seu legado vai muito além do riso — está na capacidade de indignar, provocar reflexão e, sobretudo, humanizar as notícias. “Braga nos ensinou que a charge não é apenas uma piada desenhada. É um ponto de vista visual sobre a história acontecendo”, afirma o professor de comunicação e pesquisador de humor gráfico, Dr. Marcelo Brito, da Universidade Federal de Goiás (UFG).


Um nome que se confunde com a identidade cultural goiana

Embora mineiro de origem, Jorge Braga tornou-se uma das personalidades mais marcantes da cultura goiana. Ele soube traduzir com rara sensibilidade os dilemas e peculiaridades do Centro-Oeste brasileiro, e sua arte sempre dialogou com a identidade regional — sem nunca perder a dimensão nacional e universal.

A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás, em nota oficial, lamentou a morte do cartunista, destacando sua relevância para a comunicação pública e para a construção de uma cultura visual cidadã. “Braga soube ilustrar com leveza e profundidade questões sensíveis à saúde pública, aos direitos sociais e à vida nas cidades. Sua ausência deixa uma lacuna também na luta pela dignidade humana”, afirmou a subsecretária de Vigilância em Saúde, Flúvia Amorim.


Uma ausência que fala

Jorge Braga morre como viveu: fiel ao seu traço, crítico sem rancor, lúcido sem arrogância. Seu silêncio, agora, ecoa com a força de uma obra que atravessa décadas e permanece viva nos arquivos dos jornais, nas lembranças dos leitores e nos olhos atentos dos novos artistas gráficos.

Enquanto as informações sobre o velório não são divulgadas, o Brasil se despede de um de seus grandes observadores. Jorge Braga não apenas desenhou o país — ele o leu, o desnudou, e o eternizou em nanquim.

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Marcus

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