Leandro Vilela detalha reconstrução fiscal e cobra eficiência de secretarias em prestação de contas na Câmara de Aparecida
Com maioria consolidada, prefeito apresenta equilíbrio das finanças, avanços em saúde e infraestrutura, mas admite gargalos administrativos em áreas estratégicas

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Leandro Vilela (MDB), prestará contas de sua gestão nesta terça-feira (10), às 9h, na Câmara Municipal, apresentando o relatório oficial do primeiro quadrimestre de 2025. Com ampla base aliada — sustentada por mais de dois terços dos vereadores — a expectativa é de um ambiente institucionalmente pacífico. Mas nos bastidores, há sinalizações de que questionamentos pontuais sobre secretarias pouco produtivas devem emergir.
Vilela assume a tribuna com a missão de provar, com números e entregas, que a cidade está sendo resgatada de uma crise fiscal severa. Ele herdou uma prefeitura com déficit orçamentário, salários atrasados e contratos suspensos. Agora, projeta uma gestão mais estável, com foco em transparência fiscal, retomada de serviços e modernização da máquina pública.
Um início turbulento: “herança crítica” e contenção de danos
Fontes ligadas ao Paço Municipal confirmam que, ao assumir a gestão em janeiro, Vilela enfrentou um rombo estimado em mais de R$ 70 milhões nas contas públicas e dois meses de atraso salarial herdados da gestão anterior. O prefeito deve destacar que, em menos de quatro meses, a nova equipe estancou o ciclo de endividamento, regularizou a folha e negociou dívidas com fornecedores.
A reestruturação envolveu corte de gratificações, revisão de contratos e auditoria interna em setores-chave. A dívida com servidores, por exemplo, foi totalmente quitada até março, conforme antecipado por relatório do Portal da Transparência.
Balanço técnico: saúde, obras e desafios administrativos
Leandro Vilela vai enfatizar que, mesmo sob restrição orçamentária, a cidade voltou a respirar. Entre os dados que devem ser apresentados estão:
- 40 mil atendimentos realizados nas Unidades Básicas de Saúde apenas no primeiro quadrimestre;
- Retomada de obras paralisadas nos setores Buriti Sereno, Colina Azul e Jardim Tiradentes;
- Criação de 1.200 vagas em creches públicas por meio de convênios e expansão de escolas em tempo integral;
- Reformulação do sistema de iluminação pública, com 5 mil lâmpadas LED instaladas.
Contudo, nem tudo será celebração. Vereadores devem cobrar explicações sobre a morosidade na Secretaria de Obras, cujos editais para asfaltamento em bairros estratégicos foram prorrogados por problemas de compliance jurídico. Há ainda críticas à falta de inovação e agilidade em áreas como Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico.
Sessão blindada, mas com espaço para cobranças
Com base sólida — fruto de costuras políticas realizadas ainda durante a campanha de 2024 — Vilela tem apoio declarado da maioria dos 25 vereadores da Casa. Mesmo assim, a oposição deve explorar falhas operacionais de secretarias, especialmente nas áreas de licitação, saúde mental e zeladoria urbana.
Parlamentares como Dr. Marcos Paulo (PSB) e Lúcia Tavares (PT) prometem cobrar, por exemplo, mais transparência nas contratações e um cronograma público de obras e reformas.
“Não somos contra o prefeito, mas há promessas feitas que ainda não se concretizaram. Vamos cobrar com responsabilidade”, declarou Tavares à imprensa local.
Prestação obrigatória por lei e impactos políticos
A audiência segue o que determina a Lei de Responsabilidade Fiscal (LC 101/2000), que obriga todos os gestores a apresentar, a cada quatro meses, o Relatório de Execução Orçamentária e Financeira. No entanto, em ano pré-eleitoral, o espaço também serve como termômetro político e plataforma de consolidação da imagem de Vilela como gestor técnico.
Interlocutores avaliam que o prefeito mira não apenas a reeleição em 2028, mas também uma futura projeção regional. Sua conduta nesta prestação de contas pode consolidá-lo como liderança administrativa firme — ou expor fragilidades ocultas nas engrenagens da gestão.
Expectativas para o segundo quadrimestre
A Prefeitura prevê para os próximos meses:
- Lançamento de 12 novos editais de obras públicas;
- Ampliação do programa Remédio em Casa, hoje com alcance restrito;
- Criação do Escritório de Parcerias Público-Privadas (EPPP) para atrair investimento externo;
- Reestruturação do modelo de gestão das feiras livres e mercados públicos.
Vilela deve encerrar sua fala reiterando o compromisso com servidores, população mais vulnerável e desenvolvimento sustentável, e prometendo novas entregas até o fim do ano fiscal.

