Investigado por tentativa de feminicídio, empresário de Santa Helena teria envenenado bombons para matar ex-mulher e enteada
Filha do casal revelou à mãe e ao Conselho Tutelar que viu o pai preparar doces com substância desconhecida. Delegado afirma que intenção era induzir sono na mãe e provocar sangramento na adolescente. Polícia Civil investiga o caso com base em evidências digitais e depoimentos.
Um crime meticulosamente planejado, que poderia ter acabado em tragédia, é investigado pela Polícia Civil de Goiás. Um empresário de 41 anos é suspeito de tentar assassinar sua ex-companheira e a enteada de 11 anos com dois bombons supostamente envenenados, preparados em seu próprio estabelecimento comercial no início de abril. A denúncia chegou à polícia após o relato chocante da filha do ex-casal, de apenas 7 anos, que testemunhou toda a ação e impediu o envenenamento ao jogar os doces em um bueiro.
Quebra de medida protetiva e flagrante
A mulher, com quem o suspeito manteve um relacionamento de nove anos, pediu uma medida protetiva após a separação em janeiro de 2025. Apesar disso, no dia 8 de abril, o empresário teria descumprido a decisão judicial, sendo preso em flagrante. Contudo, foi liberado em audiência de custódia no dia seguinte, o que gerou revolta entre familiares e movimentos de proteção à mulher.
Dias depois, a filha do casal compartilhou com a mãe detalhes estarrecedores: viu o pai pesquisando em seu celular “como envenenar bombons” e, em seguida, preparando dois doces com uma substância dissolvida em um recipiente e aplicada com uma seringa.
“Ele disse que um bombom era pra você dormir, e o outro pra minha irmã vomitar sangue”, teria dito a menina, segundo relato registrado no Conselho Tutelar.
Depoimentos, buscas e provas digitais
O caso foi imediatamente encaminhado à Polícia Civil de Santa Helena, que iniciou diligências. O delegado Luís Antônio de Jesus, responsável pelas investigações, confirmou que a menina prestou depoimento ao lado de conselheiros tutelares e revelou detalhes coerentes com a dinâmica descrita.
No sábado, 10 de maio, a equipe policial realizou buscas no local onde os bombons foram jogados, mas nada foi encontrado. Em seguida, foi feita uma varredura na casa e na empresa do suspeito, onde foi apreendido o telefone celular que, de fato, continha histórico de pesquisas sobre envenenamento com doces e chocolates.
Apesar da ausência da seringa e de qualquer substância química, o delegado enfatiza que os indícios são fortes:
“Temos o depoimento da filha, que é detalhado e consistente, e as evidências digitais que corroboram as buscas online sobre como preparar bombons com veneno. Isso fortalece a linha de investigação por tentativa de feminicídio e homicídio contra criança.”
Investigado nega
O empresário, cujo nome não foi divulgado oficialmente, nega todas as acusações. Segundo ele, a denúncia é “infundada” e teria como motivação “ressentimentos decorrentes do fim do relacionamento”. A defesa do suspeito ainda não foi localizada ou se manifestou publicamente até o momento.
A Polícia Civil continua a investigação, analisando o conteúdo do celular apreendido e buscando outras provas materiais, como registros de câmeras de segurança, aquisição de substâncias químicas e depoimentos de pessoas próximas.
Risco de prisão e penas previstas
Caso a tentativa de feminicídio e homicídio de vulnerável sejam confirmadas, o empresário poderá ser condenado a penas que somadas variam de 13 a 53 anos de prisão, segundo o delegado Luís Antônio.
“Trata-se de um crime duplo com agravantes: relação de afeto anterior, premeditação, uso de meio insidioso (veneno) e tentativa contra pessoa em condição de vulnerabilidade – no caso, uma criança”, explicou.
Repercussão e silêncio das autoridades locais
O caso tem repercutido em Santa Helena e em toda a região sudoeste goiana. Grupos de defesa dos direitos das mulheres, como o coletivo “Mulheres em Alerta Goiás”, têm exigido respostas mais enérgicas da Justiça e proteção reforçada à mãe e às filhas. Segundo fontes locais, a mulher ainda vive sob escolta informal de familiares, com medo de represálias.
“É inadmissível que um homem com histórico de violência, que violou medida protetiva e planejou um crime tão cruel, continue em liberdade”, disse Ana Lúcia Ribeiro, advogada especialista em direitos das mulheres.
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