Governo de Goiás mira centro administrativo no Jóquei, e Mabel oficializa desapropriação do terreno histórico
Prefeitura de Goiânia declara de utilidade pública os imóveis do antigo Jóquei Clube, em meio a plano do Estado de construir duas torres administrativas no local.

A Prefeitura de Goiânia oficializou nesta sexta-feira (18) a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação do antigo Jóquei Clube de Goiás, localizado na Avenida Anhanguera, no Setor Central. A medida ocorre dias após vir à tona a informação de que o governo estadual pretende erguer um novo centro administrativo na região, com duas torres a serem construídas no estacionamento do clube e a compra do prédio da superintendência regional da Caixa Econômica Federal, na mesma área.
A publicação do decreto no Diário Oficial do Município encerra um impasse que se arrasta desde abril, quando o prefeito Sandro Mabel (União Brasil) anunciou a intenção de desapropriar o espaço, mas condicionou a decisão a estudos de viabilidade conduzidos pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). Agora, com o decreto assinado, a administração municipal indica a possibilidade de imissão imediata na posse, ou seja, a entrada forçada no imóvel, alegando urgência e interesse público.
Segundo o texto do decreto, os imóveis desapropriados poderão ser destinados a atividades culturais, educacionais ou de lazer, com a promessa de preservação do patrimônio histórico. A sede do antigo clube foi projetada por Paulo Mendes da Rocha, ganhador do Prêmio Pritzker e um dos mais renomados arquitetos do Brasil, falecido em 2021. A edificação é considerada um marco da arquitetura brutalista no país, o que aumenta sua relevância como patrimônio urbano.
A desapropriação, de acordo com Mabel, não implicará custos diretos aos cofres públicos, já que o Jóquei acumula dívidas com o município, o que permitiria compensação financeira. No entanto, a diretoria da associação que representa os sócios do antigo clube sinalizou que poderá contestar o ato judicialmente, sob argumento de falta de negociação para eventual indenização.
Enquanto o governo estadual negocia, por meio da Fundação dos Economiários Federais (Funcef), a aquisição do prédio da Caixa por aproximadamente R$ 95 milhões, o plano urbanístico contempla investimento adicional de R$ 400 milhões para a construção das torres que concentrariam secretarias e órgãos estaduais. A proposta, segundo fontes do Palácio das Esmeraldas, visa reduzir custos de aluguel e descentralização administrativa, reunindo a estrutura do governo em uma só região da cidade.
Mabel afirmou ter sido procurado pelo governo estadual, que demonstrou interesse em assumir todo o terreno do Jóquei, incluindo a revitalização da sede histórica. Contudo, o prefeito disse que ainda avalia se a cessão será integral ou parcial. Uma das possibilidades levantadas é a divisão do espaço: o Estado construiria os prédios administrativos, e a Prefeitura manteria a sede tombada para uso cultural, educacional ou tecnológico.
O futuro do imóvel, contudo, segue indefinido. Mabel já cogitou instalar ali um “palácio dos games” ou um “hub de inovação e tecnologia”. Também houve, no início do ano, conversas preliminares com o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) para ocupar o local, mas as negociações não avançaram.
A reconfiguração da área do Jóquei se insere em um debate maior sobre a revitalização do centro de Goiânia, que sofre com esvaziamento urbano, degradação do patrimônio e perda de relevância econômica. Tanto o projeto estadual quanto a desapropriação municipal são vistos por urbanistas como iniciativas de alto impacto simbólico e funcional, mas que exigem transparência, diálogo com a sociedade civil e respeito ao legado arquitetônico do espaço.
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