Golpe das Missões: Polícia desarticula esquema milionário que enganou centenas de vítimas no Brasil
Grupo criminoso prometia dinheiro fácil em troca de interações online, mas induzia vítimas a investir quantias cada vez maiores sem retorno real
A Polícia Civil de Goiás (PCGO) deflagrou, nesta quarta-feira (19), uma operação de grande porte para desarticular uma organização criminosa responsável pelo chamado “Golpe das Missões”, que atraiu vítimas com promessas de dinheiro fácil em troca de curtidas, avaliações e interações online. O esquema, que enganou mais de 700 pessoas em todo o Brasil, movimentou R$ 93 milhões e levou algumas vítimas a perderem valores expressivos – como um morador de Goiânia, que teve um prejuízo de R$ 109 mil.
Esquema de pirâmide digital e promessas falsas
A investigação revelou que os criminosos aliciavam vítimas por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens, prometendo ganhos financeiros em troca de pequenas tarefas online, como curtir postagens e avaliar empresas. No entanto, à medida que os participantes avançavam no programa, eram pressionados a realizar investimentos progressivos com a falsa garantia de multiplicação dos lucros.
O golpe funcionava como um esquema de pirâmide: novos participantes sustentavam os ganhos dos anteriores até que o dinheiro era drenado pelos líderes da organização. Quando as vítimas tentavam resgatar os valores investidos, se deparavam com bloqueios ou exigências de depósitos adicionais.
Prisão de suspeitos e apreensão milionária
A operação policial contou com o apoio das Polícias Civis do Acre, Rio de Janeiro e São Paulo e resultou no cumprimento de 20 mandados judiciais, incluindo sete prisões preventivas e diversas buscas e apreensões em seis cidades e quatro estados:
- Rio Branco (AC)
- Tarauacá (AC)
- São João de Meriti (RJ)
- Belford Roxo (RJ)
- São Paulo (SP)
- Goiânia (GO)
Durante as diligências, os agentes apreenderam documentos, dispositivos eletrônicos e contratos fraudulentos utilizados no esquema. Além disso, foi determinado o bloqueio de valores e bens ligados aos investigados.
Lavagem de dinheiro e empresa de fachada
As investigações apontaram que R$ 77,9 milhões foram desviados para uma empresa de fachada em Goiânia, utilizada para ocultar e movimentar os valores ilícitos. A proprietária do estabelecimento já havia sido presa anteriormente pela Polícia Federal por envolvimento em esquemas de lavagem de dinheiro internacional, incluindo transações suspeitas com russos.
Na casa da suspeita, os policiais encontraram mais de 70 contratos de compra e venda de criptomoedas com intermediários russos, evidenciando que o esquema possuía ramificações internacionais.
A técnica predominante usada pelo grupo, conhecida como “mescla”, consiste em misturar dinheiro de origem legal e ilegal para dificultar o rastreamento das transações pelas autoridades.
Investigação segue em andamento
A Polícia Civil continua as investigações para identificar outros envolvidos na fraude, bem como rastrear o destino dos valores desviados. Os suspeitos poderão responder por crimes de fraude eletrônica, lavagem de dinheiro e organização criminosa, cujas penas podem ultrapassar 20 anos de prisão.
A orientação das autoridades é para que qualquer pessoa que tenha caído nesse golpe registre um Boletim de Ocorrência e busque auxílio jurídico.
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