Goiás recebe 76 novos médicos do programa federal em reforço à atenção primária e combate à desigualdade em saúde
Profissionais brasileiros formados no país passam a integrar equipes da Estratégia Saúde da Família a partir desta semana; iniciativa visa ampliar acesso ao SUS e fortalecer regiões de vulnerabilidade, com foco na qualificação e na resposta rápida às demandas locais

A partir desta segunda-feira (7), 76 novos médicos iniciam suas atividades em Goiás pelo Programa Mais Médicos, iniciativa estruturante do governo federal voltada à ampliação da Atenção Primária à Saúde (APS) em municípios com histórico de déficit de profissionais e maior vulnerabilidade socioeconômica. A chegada desses profissionais ao estado integra a etapa mais recente do programa, que contempla 3.173 médicos selecionados para atuação em 1.618 municípios e 26 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) em todo o Brasil.
Com foco em acelerar o acesso a consultas médicas, exames e encaminhamentos especializados, os novos integrantes vão fortalecer as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), modelo considerado essencial na redução da sobrecarga de hospitais e unidades de pronto-atendimento (UPAs). O início das atividades em Goiás reflete um esforço nacional por maior equidade no Sistema Único de Saúde (SUS).
Expansão estratégica com base em evidências
A distribuição das vagas nesta fase do Mais Médicos levou em conta o estudo “Demografia Médica 2025”, conduzido pelo Ministério da Saúde, Universidade de São Paulo (USP) e Associação Médica Brasileira (AMB). O levantamento, baseado em critérios populacionais e indicadores regionais, apontou a concentração excessiva de médicos nas regiões Sul e Sudeste, enquanto áreas mais periféricas e interioranas permanecem com índices abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Em Goiás, os 76 novos médicos atuarão predominantemente em municípios de pequeno e médio porte, atendendo à diretriz do edital que priorizou cidades com baixa densidade médica e alta demanda reprimida. Segundo o Ministério da Saúde, 75,1% das vagas ofertadas no país foram destinadas a municípios de pequeno porte, enquanto 11,1% foram alocadas em municípios médios e 13,8% em cidades de grande porte com bolsões de vulnerabilidade.
Perfis dos profissionais e etapas de integração
A primeira leva de profissionais contempla médicos brasileiros com diplomas reconhecidos no país e registro ativo nos Conselhos Regionais de Medicina (CRM). Já os médicos brasileiros formados no exterior, que também foram selecionados no processo, participarão do Módulo de Acolhimento e Avaliação (MAAv), a partir de 4 de agosto. O MAAv é um período obrigatório de treinamento e adaptação às realidades do SUS e das doenças mais prevalentes no território nacional, com foco em urgência, emergência e epidemiologia regional.
De acordo com Felipe Proenço, secretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde do Ministério da Saúde, o programa cumpre um duplo papel: ampliar a cobertura da atenção primária e qualificar a prática médica no território nacional. “O Mais Médicos é mais do que alocação de profissionais. Ele investe na formação continuada, oferecendo acesso à especialização em Medicina de Família e Comunidade e a mestrados profissionais em Saúde da Família, promovendo uma carreira sólida e voltada às necessidades reais da população”, ressaltou.
Cobertura nacional e metas do programa
Criado em 2013 e reformulado em 2023 com a nova Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), o Programa Mais Médicos se consolidou como um dos principais instrumentos para interiorização e fixação de profissionais de saúde no Brasil. Atualmente, cerca de 24,7 mil médicos estão em atividade pelo programa, atendendo 4.200 municípios e cobrindo 94% do território nacional, de acordo com dados atualizados do Ministério da Saúde.
A nova meta do governo federal é alcançar 28 mil médicos em atuação simultânea, com ênfase em regiões historicamente desassistidas e comunidades indígenas. A previsão é que, até o fim de 2025, o Mais Médicos atinja a plenitude da cobertura esperada, garantindo assistência regular e qualificada a mais de 63 milhões de brasileiros, especialmente os que dependem exclusivamente do SUS para acesso à saúde.
Impacto no SUS e resposta às desigualdades
A presença dos médicos em unidades básicas de saúde (UBS) não apenas amplia o acesso a consultas, como também reduz a pressão sobre serviços de média e alta complexidade, ao promover um diagnóstico precoce, vigilância epidemiológica e acompanhamento contínuo de pacientes crônicos.
Em estados como Goiás, com zonas rurais extensas e regiões com índices preocupantes de desassistência, o programa representa um reforço estratégico para a universalização do direito à saúde. Além disso, a integração dos novos profissionais ao prontuário eletrônico do paciente e aos fluxos de regulação do SUS deve agilizar encaminhamentos e contribuir para a redução das filas de espera por especialidades.
Perspectivas e continuidade
Com financiamento tripartite (União, estados e municípios), o Mais Médicos tem previsão de expansão contínua ao longo dos próximos ciclos. O programa também está vinculado ao Compromisso Nacional pela Saúde, lançado em 2023 pelo Ministério da Saúde, e que articula ações estruturantes em áreas como telessaúde, informatização, valorização profissional e governança da rede de atenção.
A chegada dos 76 médicos a Goiás, portanto, vai além do reforço numérico: trata-se de uma política pública orientada por critérios técnicos e sociais, que busca enfrentar as disparidades históricas de acesso à saúde no Brasil com ações concretas, coordenadas e sustentáveis.
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