Goiás no alvo da tarifa de Trump: oitavo maior exportador brasileiro para os EUA pode sofrer impactos severos
Embora represente apenas 2,8% das exportações brasileiras para os EUA, Goiás – forte em soja, carnes e ferroligas – terá de buscar novos mercados diante da escalada tarifária americana. Brasil entra em rota de colisão comercial a partir de 1º de agosto.

A decisão do presidente norte-americano Donald Trump de impor uma tarifa de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto de 2025 acendeu um alerta no setor produtivo nacional. Embora São Paulo concentre quase um terço das exportações brasileiras para os Estados Unidos, estados do Centro-Oeste, como Goiás, também estão diretamente expostos às consequências econômicas da medida.
Goiás ocupa a oitava posição no ranking nacional de exportações para os EUA, representando 2,8% do total embarcado ao país norte-americano no primeiro semestre de 2025. Entre os principais produtos exportados estão soja, carnes, ferroligas, milho e açúcar, que juntos correspondem a aproximadamente 85% da pauta de exportação goiana para os americanos. São produtos que integram setores estratégicos da economia estadual, em especial o agronegócio e a indústria metalúrgica.
Exportações goianas sob pressão
Em 2024, Goiás exportou cerca de US$ 400 milhões em produtos para os EUA, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). Ainda que o volume seja modesto quando comparado a estados como São Paulo (US$ 6,4 bilhões) e Rio de Janeiro (US$ 3,2 bilhões), os EUA são considerados um mercado historicamente estável e confiável para os exportadores goianos.
O impacto da nova tarifa tende a ser mais perceptível nos seguintes setores:
Agronegócio
- Soja: Goiás é o quarto maior produtor nacional. Embora a China seja o maior importador, os EUA figuram entre os destinos relevantes.
- Carnes bovina, suína e de frango: O mercado americano é estratégico para frigoríficos com plantas certificadas no estado.
- Milho e açúcar: Produtos importantes na balança comercial goiana, também afetados pelo aumento dos custos de exportação.
Indústria
- Ferroligas e produtos metalúrgicos: Exportados principalmente por empresas do sudeste goiano, como as de Catalão e Ipameri, essas mercadorias têm os EUA como mercado de destaque, especialmente para aplicação nas indústrias automotiva e siderúrgica.
Os estados mais expostos às tarifas de Trump
Segundo o MDIC, cinco estados concentram mais de 70% das exportações brasileiras para os Estados Unidos:
| Estado | Valor exportado (1º semestre de 2025) | Participação nacional |
|---|---|---|
| São Paulo | US$ 6,4 bilhões | 31,9% |
| Rio de Janeiro | US$ 3,2 bilhões | 15,9% |
| Minas Gerais | US$ 2,5 bilhões | 12,4% |
| Espírito Santo | US$ 1,6 bilhão | 8,1% |
| Rio Grande do Sul | US$ 950,3 milhões | 4,7% |
| Goiás | US$ 400 milhões | 2,8% |
Impactos previstos em Goiás
A elevação das tarifas representa uma redução imediata da competitividade dos produtos goianos nos Estados Unidos. Com preços mais altos para os consumidores americanos, a tendência é de queda nas vendas, retração da produção e necessidade de buscar novos mercados internacionais.
Além da pressão sobre as margens de lucro, empresas exportadoras devem enfrentar desafios logísticos e comerciais no redirecionamento de suas cargas. A busca por novos compradores na Ásia, Oriente Médio e América do Sul exige readequação de contratos, certificações e estratégias comerciais.
Conteúdo político e reação diplomática
A medida de Trump foi anunciada em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na qual o norte-americano criticou o tratamento dado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem chamou de “líder respeitado internacionalmente”. Ele classificou os processos judiciais contra Bolsonaro como “vergonha internacional” e atacou o Supremo Tribunal Federal (STF), acusando a Corte de “censura a plataformas americanas”.
Além do componente político, Trump argumentou que a relação comercial com o Brasil é “desequilibrada” e sugeriu que empresas brasileiras evitem a taxação produzindo em território americano.
A resposta brasileira veio em tom firme. O presidente Lula prometeu acionar a Organização Mundial do Comércio (OMC) e adotar tarifas retaliatórias equivalentes. A ApexBrasil e o Itamaraty trabalham em missões comerciais e diplomáticas para reverter ou mitigar os efeitos da decisão.
Perspectivas e alternativas
Para Goiás, a crise pode também significar uma janela de oportunidade para diversificação de mercados e maior integração logística com outras regiões do globo. A Ferrovia Norte-Sul, que conecta Goiás a portos estratégicos como Santos e Itaqui, pode reduzir os custos de exportação para destinos alternativos.
O estado também poderá intensificar suas relações com o Oriente Médio, Ásia e países africanos, regiões que vêm ampliando a compra de produtos agroindustriais brasileiros. Investimentos em tecnologia, rastreabilidade e sustentabilidade podem agregar valor aos produtos goianos e ampliar sua presença no comércio exterior.
Conclusão
A imposição de tarifas de 50% pelos Estados Unidos afeta diretamente os interesses comerciais de Goiás, que embora não esteja entre os maiores exportadores absolutos, possui dependência significativa de setores sensíveis à medida. A resposta do estado exigirá articulação entre o setor produtivo, o governo federal e os canais internacionais de negociação.
Com planejamento estratégico e agilidade na diplomacia comercial, Goiás pode transformar o cenário adverso em um novo ciclo de expansão, reduzindo a dependência de poucos mercados e consolidando sua presença global em setores de alto valor agregado.
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