Goiás enfrenta queda nas exportações em 2024 com desafios climáticos e impacto no agronegócio
Redução nas vendas de grãos afetou o desempenho comercial do estado, mas setores como carne bovina e mineração mostram resiliência e perspectivas de crescimento em 2025.

As exportações de Goiás sofreram uma queda significativa em 2024, totalizando US$ 12,2 bilhões em vendas externas, um recuo de 12,25% em comparação com 2023, conforme dados da Superintendência de Comércio Exterior e Atração de Investimentos Internacionais da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços (SIC). Os fatores climáticos adversos e mudanças no mercado internacional foram os principais responsáveis pela retração, com destaque para a queda de 23,5% nas exportações de soja e quase 39% no milho.
Impacto climático e desaceleração no agronegócio
O agronegócio, responsável por 82% das exportações do estado, enfrentou desafios climáticos que resultaram em uma quebra de 7,2% na safra de grãos. A menor produção de soja e milho reduziu a oferta, afetando diretamente os volumes exportados. Além disso, a China, principal parceira comercial de Goiás, adotou políticas para fortalecer sua autossuficiência em grãos e diversificar fornecedores, o que levou a uma redução de 24% nas compras de produtos goianos.
O gerente técnico da Federação da Agricultura do Estado de Goiás (Faeg), Edson Novaes, ressaltou que a queda nas exportações para a União Europeia também impactou os resultados, com uma redução de cerca de 10% nas vendas de soja.
Setores resilientes: carne bovina e mineração
Apesar do cenário desafiador, as exportações de carne bovina cresceram 16,8%, impulsionadas pela alta do dólar, que tornou o produto brasileiro mais competitivo no mercado internacional. Goiás mantém a posição como o segundo maior exportador de carne do país, destacando-se pela qualidade e inovação nos processos industriais.
O setor mineral também apresentou resiliência, com aumentos nas exportações de cobre, ouro e ferroligas. Novos investimentos em mineração de terras raras prometem ampliar ainda mais a participação do estado nesse segmento estratégico.
Crescimento nas importações e fortalecimento industrial
Enquanto as exportações caíram, as importações de Goiás cresceram 14,8% em 2024, refletindo maior demanda por insumos industriais e tecnológicos, como maquinários, produtos farmacêuticos e veículos. O presidente do Conselho Temático de Comércio Exterior da Fieg, William O’Dwyer, destacou que o aumento nas importações sinaliza um fortalecimento do parque industrial goiano, com mais produção e vendas no mercado interno.
Perspectivas para 2025
As projeções para 2025 trazem otimismo, com previsão de recuperação da safra de grãos e um cenário internacional possivelmente favorável. O consultor Carlos Stuart aponta que a possível retomada de políticas protecionistas nos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, pode beneficiar o Brasil, caso a China amplie suas importações de produtos agrícolas brasileiros.
Além disso, a diversificação da pauta exportadora é vista como essencial. Setores como o sucroalcooleiro, com foco na produção de açúcar e etanol, e a produção de biocombustíveis para aeronaves despontam como novas oportunidades para Goiás.
O secretário de Indústria e Comércio, Joel de Sant’Anna Braga Filho, reforça a importância de fortalecer a infraestrutura logística e ampliar a capacitação de empresas para o comércio exterior. “Estamos investindo em parcerias internacionais e buscando diversificar nossas exportações para reduzir a dependência de mercados específicos como a China”, afirmou.
Apesar dos desafios enfrentados em 2024, Goiás demonstra resiliência e capacidade de adaptação. A diversificação da economia, o fortalecimento industrial e as oportunidades no comércio internacional são fundamentais para reposicionar o estado como um dos líderes nas exportações brasileiras nos próximos anos.
Essa análise destaca a complexidade do cenário econômico e as estratégias para superar os desafios, reforçando o papel de Goiás como um ator relevante no comércio exterior brasileiro.
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