Goiás desponta no mercado de capitais e se consolida como polo de investimentos além do agronegócio
Estado que movimenta R$ 97,4 bilhões no agronegócio atrai cada vez mais investidores em áreas como construção civil e energia, destacando-se no mercado de capitais.
Reconhecido historicamente como reduto do agronegócio brasileiro, movimentando R$ 97,4 bilhões anualmente, Goiás está expandindo suas fronteiras econômicas, destacando-se agora em setores até então dominados por estados do Sudeste. Nos últimos anos, empresas goianas têm conquistado espaço no mercado de capitais, atraindo investimentos robustos e demonstrando o potencial econômico da região.
Apesar da falta de dados oficiais que detalhem essa ascensão, a crescente influência de Goiás no cenário financeiro se reflete em negócios como os da Vertente, uma assessoria de fusões, aquisições e captação de recursos no mercado de capitais e instituições financeiras. Cleiton Mendes, sócio da Vertente, afirma que a empresa tem movimentado cerca de R$ 1 bilhão em transações por ano desde 2021, com Goiás representando 67,8% desse volume.
Crescimento econômico impulsionado pela diversificação
O Produto Interno Bruto (PIB) de Goiás cresceu 5,3% no terceiro trimestre de 2023, superando a média nacional de 2% no mesmo período. Cleiton explica que o crescimento está vinculado à expansão das empresas goianas no mercado financeiro, especialmente no setor do agronegócio, que tem captado recursos através do Certificado de Recebível do Agronegócio (CRA). “As grandes empresas goianas estão captando recursos, enquanto o setor imobiliário também tem impulsionado a emissão de Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI)”, detalha.
A Habitat, empresa do setor imobiliário que atua no Sudoeste goiano, foi um exemplo dessa tendência ao captar R$ 110 milhões por meio de um CRI. O valor permitiu à empresa expandir seus projetos imobiliários, com foco em empreendimentos residenciais e comerciais. Com oito obras em andamento e um portfólio que soma 940 unidades, a Habitat prevê investir R$ 500 milhões até 2027.
Mercado de capitais ganha espaço entre investidores goianos
Além das grandes empresas, os investidores individuais goianos têm mostrado maior interesse em diversificar suas carteiras. A Vertente, que também presta assessoria a grupos familiares de alta renda em parceria com o Banco BTG Pactual, gerencia aproximadamente R$ 1 bilhão em investimentos. “As pessoas estão percebendo a atratividade de operações como CRI, em vez de manter o dinheiro em poupança”, explica Marcelo Estrela, sócio da Vertente.
A gestora de recursos da Vertente, que já possui mais de R$ 120 milhões sob gestão, está focada em Fundos de Investimento em Participações em Infraestrutura, com planos de expansão para outros setores, como imobiliário e agronegócio. A estrutura é altamente regulada e oferece aos investidores de varejo acesso a produtos antes restritos a grandes instituições, explica Fernanda Souza, Diretora de Compliance.
Corretora de seguros e câmbio: áreas promissoras
A atuação da Vertente não se limita ao mercado de capitais. A empresa também opera uma corretora de seguros, focada em demandas corporativas, e uma área de câmbio que atende tanto importadores quanto exportadores. Marcus Inocêncio, responsável por essas áreas, revela que já foram emitidas apólices de seguros para contratos no valor de R$ 850 milhões e transações de câmbio que somam US$ 170 milhões.
Com esse crescimento multifacetado, Goiás está cada vez mais consolidado como um novo polo de atração de investimentos e desenvolvimento econômico. Se antes o agronegócio era o motor principal, hoje o estado diversifica suas frentes e desafia o eixo Rio-São Paulo ao atrair capital e inovação.
Uma nova era de desenvolvimento
A entrada de Goiás no mercado de capitais é reflexo de um novo momento econômico para o estado, que está se destacando em áreas estratégicas, como construção civil, energia e agronegócio. Empresas como a Vertente e a Habitat são exemplos do potencial de crescimento e atração de investimentos que Goiás pode oferecer, indo além de seu papel histórico no agronegócio.
Fontes: Vertente, Habitat, Banco BTG Pactual, Sistema Financeiro Nacional (SFN)